A Fórmula 1 finaliza a temporada 2024 neste fim de semana com o Grande Prêmio de Abu Dabi, no circuito de Yas Marina. A corrida de domingo também marcará outras despedidas. A principal delas tem como protagonista o britânico Lewis Hamilton. O heptacampeão encerra seu ciclo na Mercedes, casa onde conquistou a maioria dos seus títulos e estabeleceu recordes, e migrará para a Ferrari.
Aos 39 anos, Hamilton passou sua carreira toda na Fórmula 1 vinculado de alguma forma à Mercedes. Ele iniciou sua trajetória na McLaren, que usava motores da fabricante alemã. No time inglês, faturou o título mundial de 2008. Em 2013, assumiu o lugar de Michael Schumacher na novata equipe Mercedes, que havia assumido o espólio da surpreendente Brawn GP, campeã de 2009.
De 2014 a 2020, Hamilton reinou na Fórmula 1. Foi desafiado por Nico Rosberg em 2016, único ano em que perdeu um título para um rival de Mercedes. No mais, foram incríveis seis títulos de piloto, oito de construtores, 84 vitórias, 78 poles e 153 pódios em todo o seu período na escuderia alemã.
Frustração por todos os lados
No entanto, os últimos três anos foram frustrantes diante da dimensão que Lewis Hamilton assumiu perante à história da Fórmula 1 e dos fãs de automobilismo. Em 2022 e 2023, o britânico não ganhou uma corrida sequer e terminou o campeonato de pilotos em sexto e terceiro, respectivamente. Nesta temporada, um alívio com os triunfos nos GPs da Inglaterra, em Silverstone, e Bélgica, em Spa-Francorchamps.
Ao longo de 2023 surgiram rumores sobre a ida de Hamilton para a Ferrari. O tema, porém, era tratado como mera especulação. Mas o que eram informações truncadas passadas de boca em boca no paddock se tornou realidade em pouco tempo. E não foi da maneira como a Mercedes esperava.
Toto Wolff, chefão do time, revelou que foi surpreendido com a saída do britânico rumo a Maranello ao receber a notícia por Carlos Sainz, pai do ferrarista Carlos Sainz Junior. Depois tentou confirmar com o chefão da escuderia italiana, Fred Vasseur, mas não obteve resposta. A palavra final veio de Lewis em uma conversa pouco antes do Natal.
“Foi estranha (a saída da Mercedes) desde o começo. Levei alguns do time no paintball no dia seguinte ao anúncio (da saída para a Ferrari) e eles tinham acabado de descobrir. Levei muitos tiros de pessoas, muitos hematomas! As pessoas me atacaram naquele dia”, brincou Hamilton. “Eu previ que seria difícil, mas subestimei enormemente o quão difícil seria. E isso desgastou o relacionamento muito cedo, levou um tempo para as pessoas superarem”.
Wolff tentou contratar o tetracampeão Max Verstappen que estaria descontente em um ambiente tóxico da Red Bull, ouviu vários outros interessados no lugar de Hamilton, mas escolheu um prata da casa. O garoto Andrea Kimi Antonelli, italiano de 18 anos, será o companheiro de George Russell em 2025.
Últimos dias na Mercedes e expectativa italiana
A despedida de Hamilton da Mercedes promete ser emotiva. As críticas que o britânico fez à montagem dos últimos carros foram duras, mas a relação construída na equipe deixa mais saudades do que algum rancor. “É um sentimento difícil de descrever. Estou muito orgulhoso do que conquistamos e tenho muito orgulho desta equipe. Naturalmente, vou lembrar principalmente das partes boas”, afirmou.
Apesar de admitir que muitas vezes não conseguiu entregar os melhores resultados, Hamilton é exaltado por muitos membros da Fórmula 1. “Não se subestima o que um heptacampeão pode fazer” é uma frase repetida por quem acompanha de perto o circo.
A Ferrari chega ao último GP do ano com chance de ser campeã de construtores. Charles Leclerc, futuro companheiro de Hamilton, ganhou três corridas, enquanto Sainz – que vai para a Williams – subiu no lugar mais alto do pódio em duas ocasiões. No último ano do atual regulamente de motores, a Ferrari tende a fazer frente à Red Bull e à McLaren.
Hamilton hoje tem uma trajetória que vai de encontro à da Ferrari. Enquanto os italianos melhoram, o britânico tem tido dificuldades. O heptacampeão ainda tem chances de superar seu companheiro de equipe, George Russell, mas precisa descontar 24 pontos. Em 2023, levou a melhor nessa batalha interna após ser derrotado em 2022. Quando desembarcar em Maranello, Hamilton não terá o mesmo privilégio de piloto número um.
Outras despedidas na Fórmula 1
Se em 2024 não houve mudanças no grid pela primeira vez na história da Fórmula 1, na próxima temporada caras novas vão aparecer. Kevin Magnussen, Valtteri Bottas, Guanyu Zhou têm destino traçado e ficarão longe do posto de piloto titular na F-1 em 2025. Um suspense toma conta do futuro de Sergio Pérez. O mexicano tem contrato com a Red Bull, mas pode ser trocado. O argentino Franco Colapinto, nova estrela que empolgou as redes sociais, tampouco tem futuro definido e pode se colocar em uma das equipes do grupo Red Bull.
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