SEGUE FORA

Ednaldo Rodrigues sofre derrota no STJ e continua afastado da presidência da CBF

Nova eleição para ocupar o maior cargo da entidade deve acontecer nos próximos 30 dias

Publicado em: 13/12/2023 16:56
Última atualização: 02/01/2024 15:30

Presidente afastado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues sofreu nova derrota na Justiça nesta quarta-feira (13). Ele teve negado o recurso que apresentou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, assim, vai continuar longe do comando da entidade, que deve ter eleição nos próximos 30 dias.

Ednaldo Rodrigues segue afastado da presidência da CBF Foto: Rafael Ribeiro/CBF



A presidente do STJ, Maria Thereza de Assis Moura, não reconheceu o mérito do recurso. Na prática, rejeitou a tentativa de Ednaldo de derrubar decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), tomada na semana passada. Em casos semelhantes, Maria Thereza também rejeitou recurso por ser adequado somente para entidades de direito público. E a CBF é uma entidade de direito privado.

No recurso, apresentado na segunda-feira, os advogados de Ednaldo havia argumentado que a decisão do TJ-RJ colocava em xeque a "organização do futebol e sua cadeia econômica", além do risco de a entidade ser suspensa pela Fifa, impedindo a seleção brasileira e clubes do País de participarem de competições internacionais.

Um dos advogados do presidente afastado da CBF é José Eduardo Cardozo, que tem longa carreira na política. Foi deputado federal, entre outros cargos no Legislativo, além de advogado-geral da União e ministro da Justiça no governo da presidente Dilma Rousseff.

Na prática, com a decisão do STJ, continua valendo o despacho do TJ-RJ, que destituiu Ednaldo em consequência da anulação de uma série de assembleias da CBF, entre elas a que elegeu o dirigente baiano. Todos elas estariam em desconformidade com a lei. A Justiça também estabeleceu que José Perdiz de Jesus, então presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), atuasse como interventor na entidade até a convocação de novas eleições.

Na terça, José Perdiz assinou feira o termo de compromisso para se tornar o interventor da CBF. Ao assumir a função de interventor da CBF, Perdiz tem 30 dias úteis para organizar eleições na entidade.

Entenda o caso

O julgamento que acabou tirando Ednaldo do poder do futebol tratou da legalidade de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre a CBF e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) em março de 2022. Na época, o TAC permitiu que a Assembleia Geral da entidade elegesse Ednaldo presidente. Na quinta-feira passada, porém, os desembargadores Gabriel Zéfiro, Mauro Martins e Mafalda Lucchese consideraram inicialmente que o MP não poderia ter ajuizado Ação Civil Pública (ACP) contra as eleições realizadas pela entidade em 2017, quando Rogério Caboclo foi eleito.

A revisão ocorreu a pedido de dois ex-presidentes da CBF, Ricardo Teixeira e Marco Polo del Nero. Assim, o TAC também foi considerado nulo. Outros dirigentes de federações também acionaram a Justiça.

A CBF e o MP-RJ firmaram o TAC porque o órgão da Justiça considerava ilegais as regras que regiam a eleição na confederação, ou seja, a que levou Ednaldo Rodrigues ao cargo de presidente. Isso porque uma mudança no estatuto da entidade, em 2017, estabeleceu pesos diferentes para os votos praticados por federações e clubes - a brecha permitia clubes e federações de votarem em conjunto para eleger o presidente. Foi sob essa regra que Rogério Caboclo elegeu-se presidente da CBF em 2017, indicado pelo então dirigente afastado Marco Polo del Nero. Caboclo foi destituído, em meio a denúncias de assédio.

Ednaldo, então vice-presidente da CBF, assumiu o comando de forma interina após o afastamento de Caboclo. Opositores tentaram barrar a eleição de março de 2022 alegando que o TAC fora assinado por ele, como presidente interino, e serviu para referendar uma eleição que o tornaria presidente de fato.

Em meio a essa movimentação na Justiça, que teria entre os articuladores cartolas afastados pela Fifa, na semana passada a entidade máxima do futebol mundial enviou uma notificação à CBF alertando que a entidade poderia ser suspensa caso Ednaldo Rodrigues fosse afastado "por influência indevida de terceiros".

"Gostaríamos de lembrar que, de acordo com o art. 14 par. 1 i) e art. 19 dos Estatutos da FIFA, as associações membros da FIFA são obrigadas a gerir os seus assuntos de forma independente e sem influência indevida de terceiros. Qualquer violação destas obrigações pode levar a potenciais sanções, conforme previsto nos Estatutos da FIFA", dizia trecho do documento.

"Além disso, e em relação ao acima exposto, gostaríamos de enfatizar que quaisquer violações ao art. 14 par. 1 i) dos Estatutos da Fifa também podem levar a sanções, mesmo que a influência de terceiros não tenha sido culpa da associação membro em questão (art. 14, parágrafo 3 dos Estatutos da Fifa)", acrescentava o texto. Na quinta-feira, a Fifa e a Conmebol reiteraram o alerta, em resposta a consultas realizadas pelo secretário-geral da CBF, Alcino Reis.

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