O Brasil jamais venceu uma partida contra a França no futebol feminino. Ao longo dos últimos 20 anos, as duas seleções já se enfrentaram onze vezes, duas em Copa do Mundo, e a vantagem francesa é gigantesca. São cinco vitórias e seis empates. Elas, inclusive, foram responsáveis pela última eliminação brasileira em um Mundial, quando bateram o time de Marta na prorrogação durante as oitavas de final do torneio, em 2019.
O cenário para o Brasil, no entanto, nunca pareceu tão positivo quanto o de agora e é possível sonhar com a quebra do tabu. Neste sábado (29), a seleção comandada por Pia Sundhage enfrenta a França às 7 horas (horário de Brasília) no Estádio de Brisbane, na Austrália, em partida válida pelo Grupo F.
A França desembarcou na Austrália e na Nova Zelândia como um grande mistério. Apesar de um bom elenco, a recente fase da equipe não é das melhores. Após amargar um empate sem gols contra a Jamaica na primeira rodada, o time europeu encara o Brasil com a missão de mostrar o futebol que ficou devendo até o momento.
A seleção europeia se recupera de uma crise grave que quase comprometeu a participação no campeonato. Há cerca de cinco meses, três importantes jogadoras da equipe – a capitã Wendie Renard e as atacantes Kadidiatou Diani e Marie-Antoinette Katoto – anunciaram que estavam deixando a seleção após uma série de desentendimentos com a então técnica, Corinne Deacon.
A relação da treinadora com o elenco já não era das melhores e, após serem eliminadas na Eurocopa de 2022, a debandada ocorreu. A Federação Francesa de Futebol agiu rápido, demitiu Corinne e contratou Hervé Renard, que não tem ligação com Wendie, para comandar o time na Copa do Mundo.
As três jogadoras retornaram à equipe, mas o novo técnico teve apenas alguns meses para treinar a seleção. Para o jogo contra o Brasil, o grande desfalque é justamente Wendie Renard, que está com uma lesão na panturrilha.
E momento do Brasil?
Já a seleção brasileira, que era vista como um time competente, mas limitado, ganhou a graça de comentaristas ao redor do mundo após a goleada por 4 a 0 sobre o Panamá na estreia no Mundial. O adversário era fraco, mas o bom futebol apresentado aliado ao entrosamento das jogadoras foram o suficiente para chamar a atenção de quem acompanha o torneio.
Marta, que Pia garantiu estar “100% pronta” para o torneio, deve começar no banco mais uma vez e é possível que Geyse assuma a titularidade no lugar de Bia Zaneratto. “Temos uma grande chance e estamos vindo de uma grande vitória sobre o Panamá, que nos deu muita confiança”, afirmou Pia em entrevista à Fifa. “E claro, fizemos o nosso dever de casa. A parte mais complicada é saber como a França vai jogar, mas encontraremos um caminho. Tenho um plano A, um plano B e um plano C. Então, estou muito animada para jogar contra a França.”
A boa estreia brasileira e o momento ruim das francesas elevaram a confiança da técnica Pia Sundhage. “Sempre há histórico contra um time. Quanto mais você joga contra um time como a França, mais você fica perto da vitória. É questão de tempo, temos chances. E sobre a força, se compara 2019 com hoje, é diferente. Ganharam confiança, falam que é possível. Esse é o momento para jogar um grande futebol e ganhar o jogo”, declarou a técnica.
A goleira Letícia também acredita que o Brasil está pronto para quebrar o tabu. “Não nos colocamos como favoritas para vencer, mas, sim, como uma seleção mais bem preparada para enfrentar a França. Evoluímos bastante ao longo dos últimos anos. Com a troca de treinador delas, provavelmente elas terão menos tempo de adaptação com o estilo do novo jogo. E, como estamos bastante tempo com a Pia, hoje entendemos o nosso modelo de jogo, sabemos como temos de atuar… Se tornou muito mais fácil, nos conhecemos dentro de campo. Acredito que hoje a seleção brasileira está bem melhor preparada para jogar contra a França”, analisou a atleta.
De acordo com Pia, o objetivo do Brasil na partida será “tirar as chances” de gol das francesas. Além do foco no setor defensivo, a técnica chegou a revelar um incômodo com o preciosismo brasileiro na hora da finalização das jogadas. “Não ensinei nada nesse sentido, é o jeito do Brasil. Mas o único jeito é estando juntas. Nossas jogadoras querem marcar gols bonitos. A bola está lá e eu penso ‘só cabeceie’, mas elas querem fazer várias coisas diferentes. Quando funciona é lindo, tenho de permitir, mas às vezes é preciso lembrar que marcar gols é legal também”, disse.
Para assegurar sua vaga antecipada nas oitavas de final, a seleção brasileira precisa vencer a França e ainda torcer para que o Panamá não derrote a Jamaica no outro jogo da rodada, pelo mesmo Grupo F.
FICHA TÉCNICA:
FRANÇA X BRASIL
FRANÇA – Magnin; Lakrar, Renard, Cascarino, Karchaoui, Toletti, Geyoro, Matéo, Majri, Diani e Le Sommer. Técnico: Hervé Renard.
BRASIL – Letícia; Antonia, Kathellen, Rafaelle e Tamires; Luana Bertolucci, Ary Borges, Kerolin e Adriana; Debinha e Geyse. Técnica: Pia Sundhage.
ÁRBITRA – Kate Jacewicz (AUS).
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HORÁRIO – 7 horas (de Brasília).
LOCAL – Estádio de Brisbane, na cidade de Brisbane, na Austrália.
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