INSPIRAÇÃO

Com mais de 400 medalhas e troféus, Antônio Carlos Ribeiro de Moraes, de 72 anos, é referência no atletismo

Hamburguense começou a participar de competições depois dos 50

Publicado em: 21/12/2023 18:58
Última atualização: 21/12/2023 20:41

Quando uma pessoa chega na faixa dos 50 anos, a tendência é de que o ritmo e o fôlego diminuam para a prática de algum esporte. Com Antônio Carlos Ribeiro de Moraes foi ao contrário. O hamburguense iniciou no atletismo aos 53, em 2004, e hoje, com 72, ele é um especialista nas provas de 100, 200 e 400 metros rasos, além de seguir muito motivado e ativo, conquistando medalhas por onde passa. Tudo isso com muita determinação, disciplina, perseverança e, claro, treinamento. O jovem senhor do bairro Integração também virou referência e influencia muita gente para praticar atividade física.

Eva e Antônio Carlos Ribeiro de Moraes, atleta de 72 anos Foto: Jorge Grimaldi/GES-Especial

"Um dos segredos é a humildade. A soberba não pode sobressair. Parar de treinar, achar que é o melhor, não. Tem que treinar e buscar o resultado na prova. Se tiver alguém melhor do que você no dia, ela vai ganhar. Faz parte do jogo. Tu tens que ser referência pelos seus atos", conta o atleta, que diz ter mais energia hoje do que quando tinha 40 anos."

Não importa a temperatura que faça, na chuva ou no sol, Moraes realiza o treino na pista de atletismo de Campo Bom. No local, são três vezes por semana. Paralelamente, também faz alguns trabalhos em uma academia em Lomba Grande. Quando não está correndo ou fazendo reforço muscular, o aposentado faz um longo percurso de bicicleta ou alguns quilômetros de caiaque. Como ele mesmo frisa: "Não dá para ficar parado".

Na última competição que participou neste ano, o resultado foi o de sempre: o ouro. No caso, dois. Moraes foi o campeão das provas de 100 e 400 metros rasos na Copa da Associação dos Veteranos Gaúchos de Atletismo (Avega) 2023, no início de dezembro, no Centro Estadual de Treinamento Esportivo (Cete), em Porto Alegre. Também recebeu a Medalha de Honra ao Mérito.

Em sua casa tem um quarto, uma espécie de santuário, onde Moraes guarda, com muito orgulho e carinho, mais de 400 medalhas e troféus das competições em que subiu ao pódio. Por seus quase 20 anos de corrida e tantos feitos, seja no Brasil ou no exterior, a Avega o homenageou. Pela primeira vez um atleta teve seu nome estampado em uma medalha. A entrega do artefato aconteceu em abril, na 37ª edição do Campeonato Estadual de Atletismo Master, no qual Moraes se tornou heptacampeão nos 100 e 200 metros e hexacampeão nos 400 metros.

Com a Associação Brasileira de Atletismo Master (Abram), já conquistou medalhas na Argentina, Paraguai e Uruguai.

Inspiração em mão dupla

Ao longo dos quase dois anos em que treina em Campo Bom, Moraes conta que já fez muitos amigos. "Pode onde eu passei, talvez tenha feito centenas de pessoas que inspirei. Aqui em Campo Bom, diariamente, as pessoas vêm falar comigo que começou a treinar por causa de mim. Tem um sentimento de responsabilidade. Isso não tem preço. Esse é o maior valor, o maior legado que a gente leva. Alguém chegar e falar 'o senhor me inspira, eu comecei por causa do senhor', é a melhor coisa que passa na minha vida. Eu não tenho o direito de ficar em casa."

Além dos amigos e atletas nas pistas, outros três fatores tiram Moraes da cama todos os dias, bem cedo, para treinar: a esposa Eva, e duas tatuagens, a dos anéis olímpicos e de uma pessoa correndo. "Se eu tiver vontade de parar um dia, isso aqui não vai me permitir. Eu vou olhar e ficar envergonhado se eu parar. Esse é o meu mundo. É uma coisa que tem que ser regada diariamente. Têm dias de glórias e de preguiça, e daí minha esposa me puxa. Eu olho e digo que não tenho o direito de fraquejar", conta.

Apoio

Moraes destaca algumas pessoas importantes que fazem parte de sua vida no atletismo. "Minha carreira como atleta foi solidificada graças ao apoio fundamental de pessoas extraordinárias. Destaco a presença indispensável da minha esposa, Eva Rosa de Abreu, com quem sou casado há 45 anos, meu filho e dedicado treinador, Jeferson Abreu de Moraes, o Dr. Odonne Spolavori, meu médico, e o preparador físico de longa data, Mauricio de Paula, do MP Centro de Treinamento. Além disso, conto com o apoio incondicional da minha filha Patrícia e dos meus amigos, pois sem eles nada teria sentido.

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