ESPORTE E SOLIDARIEDADE

Campo Bom recebe Copa que marca a retomada das competições de judô no RS

Mais de 500 atletas de diferentes idades participaram da disputa realizada no Ginásio Municipal de Campo Bom

Publicado em: 24/06/2024 16:22
Última atualização: 26/06/2024 16:35

Com apenas 15 anos de idade, João Gaspar já é reconhecido em Campo Bom por treinar judô com adultos. No domingo (23), ele viu o resultado do tempo de dedicação sagrando-se campeão na categoria sub-18 (acima de 90 quilos) da Super Copa de Campo Bom, evento que reuniu mais de 500 atletas de todo Estado no Ginásio Ginásio Municipal da cidade.


Super Copa de Campo Bom foi a primeira competição do Estado após as enchentes de maio Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

Os irmãos gêmeos Douglas e Heloísa da Silva dos Santos, de apenas 10 anos, também desfilavam com as medalhas de primeiro lugar, ambos na categoria sub-11, sendo que Douglas competiu entre os menos de 36 quilos, e Heloísa na de menos 40.

A vitória em casa é um incentivo extra para os jovens atletas que vislumbram sonhos maiores no esporte. “Quero continuar até o limite que for possível”, resume João ao falar sobre as suas expectativas em relação à continuidade no esporte. Incentivado por amigos, ele começou a treinar em 2021, e já é um dos destaques da categoria na cidade.

Na competição deste domingo, João conseguiu buscar a recuperação após ser derrotado na primeira luta. Mesmo assim, ele não desanimou, venceu as outras duas e se sagrou campeão da categoria. “Foi mais ou menos difícil, porque perdi a primeira, mas consegui me recuperar.”

Coisa de família

Para os irmãos Heloísa e Douglas, o incentivo para a prática do esporte vem de dentro de casa. Tio e padrinho do casal de gêmeos, Danison Adão da Silva, é também um dos senseis dos atletas. “Nosso tio, que também é nosso dindo dindo, é sensei e estava precisando de aluno. A gente começou no judô, mas foi curiosidade para ajudar ele, não paramos mais”, relembra Heloisa.

Os gêmeos Douglas e Heloísa Silva dos Santos traçam junto o caminho em busca da disputa olímpica, sonho de ambos Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

Durante a semana, os dois dedicam pelo menos quatro dias para se dedicar aos treinos, realizados tanto em Campo Bom quanto em Estância Velha. Tanta dedicação não é apenas pelas vitórias, mas muito pelo processo, como resume Heloísa. “A gente sabe que cada vez a gente vai evoluindo. Às vezes a gente perde, mas quando ganhamos ficamos muito felizes porque vemos o quanto evoluímos. Isso foi bem legal.”

Mesmo que o objetivo final seja a evolução para que possam representar o Brasil em competições internacionais, a vitória em casa teve um gosto especial. “Essa daqui é minha primeira medalha que eu ganhei na Associação”, relata Douglas, em alusão à Associação de judô de Campo Bom (AJCB).

Tamanho olímpico

O sonho de competir representando o Brasil diz respeito a uma série de competições, mas uma em especial enche os olhos de Douglas. “Quero chegar nas Olimpíadas e na faixa preta”, projeta. O objetivo não se mostra tão impossível quando se olha para o retrospecto brasileiro e gaúcho no esporte.


João Gaspar, 15 anos, ao lado dos irmãos Douglas e Heloísa Silva dos Santos, 10 anos, sagraram-se campeões em suas categorias Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

Foi através dessa modalidade esportiva que o Brasil conquistou mais medalhas nos Jogos Olímpicos. São 24 ao total, sendo que quatro dessas vieram do Rio Grande do Sul, com  Mayra Aguiar, que conquistou três medalhas de bronze nos jogos de 2012, 2016 e 2020. Na Olimpíada de 2020, o Rio Grande do Sul se afirmou com uma das grandes forças do judô nacional, garantindo as duas medalhas de bronze conquistadas em Tóquio, capital japonesa. Além de Mayra, Daniel Cargnin também trouxe uma medalha para o Brasil.

Aproximação com a comunidade

Presidente da AJCB, o tio e dindo dos campeões, Danison Adão da Silva, comemora a realização do evento na cidade, e aponta a importância do judô tanto para o conhecimento do público quanto para formação de novos atletas. “Para a categoria de base ter esse primeiro contato da competição de alto nível, isso é primordial para a evolução do judô”, ressalta.

Super Copa de Campo Bom foi a primeira competição do Estado após as enchentes de maioEduardo Amaral/GES-Especial
Super Copa de Campo Bom foi a primeira competição do Estado após as enchentes de maioEduardo Amaral/GES-Especial
Super Copa de Campo Bom foi a primeira competição do Estado após as enchentes de maioEduardo Amaral/GES-Especial
Super Copa de Campo Bom foi a primeira competição do Estado após as enchentes de maioEduardo Amaral/GES-Especial
Super Copa de Campo Bom foi a primeira competição do Estado após as enchentes de maioEduardo Amaral/GES-Especial
Super Copa de Campo Bom foi a primeira competição do Estado após as enchentes de maioEduardo Amaral/GES-Especial
Adversárias no tatame se cumprimentam após a luta eliminatóriaEduardo Amaral/GES-Especial
Super Copa de Campo Bom foi a primeira competição do Estado após as enchentes de maioEduardo Amaral/GES-Especial
Super Copa de Campo Bom foi a primeira competição do Estado após as enchentes de maioEduardo Amaral/GES-Especial

Além da questão esportiva, Silva também ressalta a relação com a população da cidade. “É importante que as famílias venham, assistam, saibam como funciona e do compromisso que os alunos têm. Eles também possam colocar em prática toda a disciplina que a gente ensina para eles no tatame e levar para a vida deles”, destaca ele que também participa do Programa Acolher, que teve 19 judocas participando da competição, enquanto a AJCB contou com seis atletas.

Levar competições para o interior é parte do projeto da Federação Gaúcha de Judô (FGJ) para qualificar e difundir o esporte em todo Estado. “No ano passado realizamos 18 eventos como estes em nove cidades, com participação média de 700 atletas. Ao todo chegamos a quatro mil pessoas nos ginásios”, ressalta o presidente da FGJ, Luiz Bayard.

Retomada e solidariedade

Baqueados em cheio com as enchentes que atingiram o estado durante o mês de maio, a FGJ usou da competição também como um impulso para a retomada das competições e apoio aos atletas. “Praticamente todo nosso material foi perdido e tivemos que adiar as competições, por isso esta é a de retorno”, conta Bayard.

Uma das formas de ir além da competição encontrada foram as campanhas Kimono Legal e SOS Judô Solidário. A primeira busca atender atletas que perderam seus equipamentos para a prática esportiva através da arrecadação de kimonos de luta. Já com o SOS Judô Solidário são recolhidos não-perecíveis e materiais de limpeza.

Por isso, a entrada para acompanhar a competição em Campo Bom foi a participação do público em alguma das campanhas, levando kimonos ou alimentos. Iniciada ainda meio às enchentes, a campanha já arrecadou mais de 150 toneladas de alimentos no Centro Estadual de Treinamento Esportivo (CETE), sediado em Porto Alegre.

Todo material arrecadado está sendo distribuído para projetos sociais da FGJ ou junto às 78 entidades que integram a Federação.

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