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ECONOMIA

Setor de bares e restaurantes do RS se recupera e tem melhor desempenho em nove meses

Mesmo com cenário mais favorável, entidade gaúcha vê o momento com cautela por conta de dívidas adquiridas pelo segmento durante pandemia

Juliana Dias Nunes
Publicado em: 10/08/2023 às 15h:11
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A nova pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) revela que 57% dos estabelecimentos gaúchos fecharam o mês de junho com lucro e 19% ficaram no prejuízo. Este é o melhor desempenho do setor no Rio Grande do Sul desde setembro de 2022.

E segundo a Abrasel RS, a retomada do setor de Alimentação Fora do Lar, que sofreu muito com as consequências da pandemia, tem utilizado as datas comemorativas para consolidar a melhora que vive em 2023. Para o Dia dos Pais, celebrado no próximo domingo (13), a pesquisa aponta que quase dois terços das empresas esperam um crescimento no faturamento em relação ao ano passado. 

Garfão, de Novo Hamburgo, é um dos estabelecimentos que participou da pesquisa e que tem tido bom movimento | abc+



Garfão, de Novo Hamburgo, é um dos estabelecimentos que participou da pesquisa e que tem tido bom movimento

Foto: DIVULGAÇÃO/ GARFÃO

“A expectativa vem para marcar o fim da pandemia, encerramento daquele ciclo negativo e o começo de uma nova fase. O público volta a gastar e buscar os bares e restaurantes para confraternizar, priorizando sair ao invés de comemorar em casa”, ressalta João Melo, presidente da Abrasel no RS.

O restaurante Garfão, de Novo Hamburgo, fez parte da pesquisa e segundo o proprietário Jerri Brisch Santos, o movimento deve ser intenso no fim de semana de celebração. ” O Dia dos Pais e em todas as datas comemorativas o movimento é intenso, lotado mesmo. O grande problema dos restaurantes está no meio de semana, especialmente à noite”, comenta Santos.

Ainda de acordo com o administrador do restaurante hamburguense, o cenário tem sido favorável para os restaurantes, mas muitos ainda não se recuperaram financeiramente.

“Ocorre que a maioria dos restaurantes estão se recuperando financeiramente. Sofreram muito na pandemia. Nós, no Garfão, estamos com um movimento estabilizado no momento. Acredito que muitos clientes mudaram os conceitos, investindo mais na satisfação pessoal. Tem gente que não saía antes pra não gastar e agora entendeu que não deve deixar de se divertir”, destaca o empresário.

Com cautela

Apesar de alcançar o menor índice de estabelecimentos no prejuízo no ano, que atingiu 47% em fevereiro, e superar a média nacional de empresas com lucro, que é de 45%, o presidente da entidade no Estado reitera que ainda é cedo para afirmar que estamos no melhor momento do ano.

“É importante destacar que foi um período de férias, em que as pessoas estavam mais na rua, o que reflete nos resultados e foi positivo para o ramo da gastronomia. É necessário ter mais público nas casas, mais pessoas na rua, falta consolidar empréstimos, pagamentos e organizar melhor as contas e empresas. Isso já provoca uma melhora no segmento, percebemos que o brasileiro é rápido para se adaptar à crise, o que é importante em um setor que sente bastante os impactos quando é preciso fazer cortes”, pondera Melo.

Endividamento

Mesmo com o bom desempenho do setor, as dívidas ainda preocupam os bares e restaurantes gaúchos. O levantamento referente ao mês de junho mostra que 42% das empresas têm pagamentos em atraso como empréstimos, pendências com impostos ou fornecedores, aumento de 16% em relação ao mês anterior. As principais contas pendentes são de impostos federais (94%), impostos estaduais (40%), encargos trabalhistas (26%) e para fornecedores de insumos (20%). Em relação a empréstimos, quatro em cada cinco estabelecimentos tomaram algum tipo de financiamento.

“Com a queda de juros, a tendência é que melhore um pouco. Apesar de ter algumas diferenças entre contratos feitos com juros mais altos ou com a taxa reduzida. Mesmo assim, o endividamento do setor é preocupante, dependendo da porcentagem de faturamento que compromete em cada empresa, pode inviabilizar um negócio. Sempre é importante ficar atento e negociar taxas para tentar resolver”, avalia João Melo.

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