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ECONOMIA

POLÊMICA DA TAXAÇÃO: Setor calçadista perdeu mais de 20 mil postos de trabalho em 2023; entenda

Queda tem relação com a isenção da taxa de importação para produtos de até 50 dólares

Juliana Dias Nunes
Publicado em: 05/02/2024 às 10h:18 Última atualização: 05/02/2024 às 10h:36
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O setor calçadista perdeu 20,75 mil postos de trabalho ao longo de 2023. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e segundo a entidade é o pior saldo desde o auge da pandemia de Covid-19, em 2020, quando o setor deixou de contar com 23 mil vagas de emprego. A isenção de imposto para produtos importados de até 50 dólares via plataformas digitais seria o principal fator da queda na empregabilidade no segmento.

Isenção dos importados até 50 dólares afeta a empregabilidade do setor | abc+



Isenção dos importados até 50 dólares afeta a empregabilidade do setor

Foto: Divulgação

Em 2023, o setor calçadista empregou um total de 275,58 mil pessoas, 7% menos do que em 2022. Segundo o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, a isenção das plataformas digitais na faixa de preço dos calçados brasileiros proporcionam uma concorrência desleal com a indústria brasileira.

“As importações de calçados via plataformas não são nem mesmo computadas, mas sabemos que o número é muito elevado. Essa invasão digital está colocando em risco não só a indústria de transformação, mas milhares de empregos”, alerta Ferreira.

As importações

As remessas de produtos importados têm realmente um número bastante elevado. Entre janeiro e dezembro do ano passado, entraram no Brasil 28,36 milhões de pares por US$ 442,73 milhões, altas tanto em pares (+9,8%) quanto em receita (+20,6%) em relação a 2022. A Abicalçados ressalta que neste valor não estão somadas as importações via plataformas digitais.

A entidade lembra ainda que a China voltou forte ao mercado após o fim das restrições para a contenção da Covid-19 e isso, somada à queda no consumo mundial, refletiu nas exportações de calçados verde-amarelos. “Se perdermos o mercado internacional e o mercado nacional para as importações, como vamos sustentar a indústria? Já alertamos o Governo sobre a concorrência desleal e os seus impactos, mas até agora nenhuma atitude foi tomada”, lamenta o executivo.

Desempenho

Em 2023, o principal empregador do setor calçadista foi o Rio Grande do Sul, que encerrou o ano com a perda de 4,77 mil empregos e somando um estoque de 82,17 mil postos de trabalho na atividade, 5,5% menos do que em 2022.

O segundo estado empregador da indústria de calçados foi o Ceará, que perdeu 3,77 mil empregos ao longo de 2023. Com isso, a indústria calçadista cearense encerrou o ano com 64,6 mil pessoas empregadas na atividade, 5,5% menos do que em 2022.

Fechando o ranking de empregadores na indústria calçadista apareceu a Bahia, que perdeu 2,77 mil postos em 2023. Com o registro, o setor local encerrou o ano empregando um total de 39,8 mil pessoas, 6,5% menos do que em 2022.

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