ECONOMIA
POLÊMICA DA TAXAÇÃO: Setor calçadista espera resolver "inundação de produtos asiáticos" em curto prazo
Reunião com Haddad trouxe esperança ao setor que busca retorno da taxa em produtos de até 50 dólares
Última atualização: 11/03/2024 16:21
O setor calçadista segue pressionando o governo federal para retomar a taxação de remessas internacionais de até 50 dólares (cerca de R$ 250). Em um encontro organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) na última sexta-feira (8), a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) participou da discussão sobre a importância do programa Remessa Conforme, mas também da urgência de taxar as plataformas internacionais que seguem isentas do imposto.
Conforme a entidade calçadista, desde agosto passado, quando passou a valer a isenção de impostos para remessas internacionais de até US$ 50, o mercado de calçados foi "inundado" por produtos asiáticos.
"Não somos contrários às importações, mas precisamos de condições de isonomia para concorrer com os calçados estrangeiros. A indústria nacional paga impostos em cascata, que chegam a 120%, enquanto esses produtos pagam apenas o ICMS, de 17%. A indústria brasileira vem perdendo competitividade e o reflexo se dá diretamente na geração de empregos", alerta o presidente do Conselho da Abicalçados, Caetano Bianco Neto, Bianco Neto.
O encontro ocorreu no escritório do Ministério da Fazenda em São Paulo (SP), e contou com a participação do ministro Fernando Haddad, do secretário da Receita Federal Robinson Barreirinhas (de forma remota), do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Josué Guimarães e de representantes de sindicatos das indústrias de calçados de São Paulo.
Segundo Bianco Neto, o ministro Haddad se mostrou sensível ao problema enfrentado pela indústria nacional e frisou a importância do Remessa Conforme, destacando que "estão sendo implementados passos para aprimorar o sistema". O presidente do Conselho da entidade do calçado se disse esperançoso em uma resolução a curto prazo.
Empregos perdidos
Segundo dados elaborados pela Abicalçados, somente em 2023, o setor perdeu mais de 20 mil empregos. "Caso prossiga a isenção das plataformas internacionais, perdemos mais postos ao longo do ano. A estimativa é de um impacto de 30 mil empregos perdidos nos próximos dois anos", acrescenta o dirigente, destacando ainda que a perda será resultado de uma queda de cerca de 20% na produção de calçados brasileiros.