A novela da calçadista Paquetá parece estar longe de ter um “final feliz”. Mesmo após o fim do processo de recuperação judicial, a indústria enfrenta graves problemas financeiros. Ex-funcionários da empresa, com sede em Sapiranga, relataram, com exclusividade ao ABCmais, que ainda não receberam o pagamento das rescisões após o fim do contrato de trabalho.
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“Saí sem dinheiro nem para comprar uma bala de R$ 0,05. Entrei na Justiça e estão rolando os trâmites. A empresa alega que não tem dinheiro”, conta uma ex-funcionária de 46 anos que prefere não se identificar e que ficou 6 anos e cinco meses na fábrica de Sapiranga.
O Sindicato dos Sapateiros de Sapiranga e Região acompanha o caso de diversos funcionários que foram demitidos em 2023 e ainda aguardam pelo pagamento de seus direitos.
“A gente acompanha as rescisões de vários trabalhadores demitidos e que encaminharam processo judicial e foram feitos acordos na Justiça. Tem trabalhadores também que têm processos que não passam pelo sindicato, pegaram advogado particular. Ainda há boatos na cidade que vão à falência, que vão fechar a fábrica”, conta o presidente da entidade Júlio Cavalheiro Neto.
O presidente do sindicato falou também sobre a situação de colaboradores que ainda atuam na empresa de Sapiranga. “Haviam salários atrasados, mas pagaram este mês. O que está atrasado é a primeira parcela do 13º e o fundo de garantia que tem processo já na Justiça encaminhado. O sindicato representa os trabalhadores nesta questão também”, comenta.
A direção financeira da empresa foi procurada pela reportagem, mas não se pronunciou sobre o tema até a publicação da matéria.
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Não é só em Sapiranga
Os débitos de verbas rescisórias atingem também ex-colaboradores da unidade da calçadista que fica em Recife. “Faz quase um ano que a Paquetá Calçados não paga as indenizações judiciais a ninguém demitido na fábrica em Recife. Eles falam que não tem previsão”, revela um ex-colaborador que também prefere não se identificar.
A situação segue em outros estados em que a calçadista atua (ou melhor, atuava). Fábricas já foram fechadas em cidades do Ceará e ex-funcionários também aguardam os valores via processo judicial. Em Uruburetama (CE) e Tururu (CE), a Arezzo & Co assumiu as operações antes comandadas pela Paquetá. Atualmente a Arezzo integra a companhia AZZAS 2154, criada após fusão da calçadista com o Grupo Soma.
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