O primeiro leilão do complexo industrial da Paquetá The Shoes Company, de Sapiranga, ocorreu na última segunda-feira (25) e terminou sem lances. O leilão judicial dos bens da calçadista do Vale do Sinos é realizado pela JR Leilões e os recursos devem ser utilizados para quitar débitos trabalhistas envolvendo ex-colaboradores.
LEIA TAMBÉM: Receita Federal faz leilão eletrônico de 169 lotes no RS; tem até caminhonete por R$ 10 mil entre os itens
Segundo a JR Leilões, já era esperado que o primeiro leilão dos bens avaliados em mais de R$ 75 milhões não receberia lances. “Era esperado que o primeiro leilão seria deserto, mas temos confiança de que será vendido. Não podemos posso garantir 100% que todos os lotes serão vendidos, mas as expectativas estão muito altas”, disse a empresa em nota enviada ao ABCmais nesta terça-feira (26).
O próximo leilão já tem data para ocorrer. Será no dia 5 de dezembro em formato on-line e também presencial, com encerramentos às 14 horas. Será pelo site www.jrleiloes.com.br e presencial na Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Sapiranga, Nova Hartz e Araricá (Acisa), que fica na Rua Padre Réus, no 837, sala 04, Centro, em Sapiranga.
Ainda conforme a JR Leilões, já podem ser oferecidos lances antecipados com 40% de desconto pelo site.
CONFIRA: Pagamento do 13º traz impactos na economia; veja como o gaúcho pretende gastar o salário extra
O que faz parte do leilão
De acordo com a JR Leilões, o bem leiloado será dividido em cinco lotes. Serão dois complexos industriais com 32.807 m² e 6.471 m², com terrenos de 39.855 m² e 19.203 m², respectivamente; e três terrenos de 1.750 m², 594 m² e 559 m², localizados nas ruas 25 de Julho e São Jacó, no Centro de Sapiranga.
Juntos, os cinco lotes foram avaliados em pouco mais de R$ 75,3 milhões, com possibilidade de serem arrematados por pouco mais de R$ 45,2 milhões.
O maior complexo industrial, com quatro edificações, sendo uma de 31.929 m² (constituída por uma parte construída anteriormente a 1972 e outras seis, entre 1974 e 1988) e outras três de 823 m², 44 m² e 10 m² (construídas em 1988), foi avaliado em pouco mais de R$ 52,7 milhões e poderá ser arrematado por pouco mais de R$ 31,6 milhões.
Já o complexo industrial com terreno de 19.203 m², possui área total construída de 6.471 m², sendo constituída por diversos prédios, inclusive o prédio destinado ao refeitório, com dois pisos, construído em 1987, que tomou o número 182 da Rua 25 de Julho. O bem foi avaliado em pouco mais de R$ 19,9 milhões, com possibilidade de ser arrematado com desconto de 40%, por pouco mais de R$ 11,9 milhões.
O terreno de 1.750 m², com valor de avaliação de pouco mais de R$ 1,3 milhões, poderá ser arrematado por menos de R$ 800 mil, enquanto os dois outros terrenos menores, de 594 m² e 559 m², poderão ser arrematados, respectivamente, por pouco mais de R$ 446 mil e R$ 382 mil, valores equivalentes a 40% das avaliações, de R$ 743.696,00 e R$ 637.060,00.
Em todos os casos, conforme a JR Leilões, o pagamento poderá ser parcelado em até 30 vezes, com entrada de 30% do valor da arrematação.
VEJA AINDA: Marcas gaúchas vão participar de curso de moda na Itália; saiba como se inscrever
Relembre o caso
A indústria de Sapiranga teve seu processo de recuperação judicial encerrado em 2023, mesmo ano em que vendeu sua operação de varejo para o Grupo Oscar (SP). Em julho deste ano, a rede de lojas multimarcas Di Santinni (RJ) adquiriu a marca de calçados e acessórios femininos Capodarte. O grupo varejista pagou o equivalente a R$ 36 milhões pela etiqueta pertencente até então à Paquetá.
Antes disso, em 2022, a rede varejista multimarcas Esposende, que pertencia a Paquetá The Shoe Company, foi adquirida pelo Grupo Dok.
Como a empresa se desfez de importantes “braços” da companhia os rumores de que a indústria em Sapiranga também iria fechar começaram a surgir em 2023 e voltaram a ser assunto em agosto deste ano. Em setembro deste ano, a fábrica ainda contava com alguns colaboradores na produção.
A reportagem acompanha a situação de perto. Alguns trabalhadores esperam pelo pagamento há mais de 1 ano. A dívida trabalhista da calçadista gaúcha atinge também ex-colaboradores de fábricas fechadas em outros estados como o Ceará. “Acompanhei o leilão e infelizmente não deu em nada”, lamenta ex-funcionário que espera pelo pagamento das últimas 5 parcelas rescisórias.
A expectativa é de que com a venda efetiva dos bens, via leilão judicial, a empresa consiga quitar os débitos.
LEIA TAMBÉM