Ex-funcionários seguem em impasse com a indústria calçadista Paquetá The Shoe Company, com matriz em Sapiranga. Muitos colaboradores que foram demitidos nos últimos anos alegam que não receberam os direitos trabalhistas mesmo após decisão judicial favorável. Enquanto a situação não é normalizada, seguem os rumores do fechamento da unidade na região.
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Entre os casos informados com exclusividade ao ABCMais estão falta de pagamento de multa rescisória, indenizações e até salários. “O sindicato dos sapateiros entrou com uma ação na justiça e eu já ganhei a causa, porém a empresa não paga alegando falta de dinheiro. Duvido que os sócios não tenham dinheiro ou bens para pagar o que devem. A empresa pode até falir, mas os sócios nunca. Esperamos justiça”, diz o ex-colaborador de 30 anos que foi demitido da fábrica de Sapiranga em abril de 2020.
Os débitos de verbas rescisórias atingem também pessoas que atuaram na unidade da calçadista que fica em Recife (PE). “Todo mundo aqui em Recife tá sem esperanças de receber essa indenização judicial que é um direito nosso”, conta o ex-colaborador que espera os valores há mais de 1 ano e que tem entrado em contato com a reportagem do ABCMAis a partir das reportagens publicadas sobre a situação da calçadista.
A direção financeira da empresa foi procurada pela reportagem, mas não se pronunciou sobre o tema até a publicação da matéria.
A situação segue em outros estados em que a calçadista atua (ou melhor, atuava). Fábricas já foram fechadas em cidades do Ceará e ex-funcionários também aguardam os valores via processo judicial. Em Uruburetama (CE) e Tururu (CE), a Arezzo & Co assumiu as operações antes comandadas pela Paquetá. Atualmente a Arezzo integra a companhia AZZAS 2154, criada após fusão da calçadista com o Grupo Soma.
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A Paquetá vai fechar?
A indústria de Sapiranga teve seu processo de recuperação encerrado em 2023, mesmo ano em que vendeu sua operação de varejo para o Grupo Oscar (SP). Em julho deste ano, a rede de lojas multimarcas Di Santinni (RJ) adquiriu a marca de calçados e acessórios femininos Capodarte. O grupo varejista pagou o equivalente a R$ 36 milhões pela etiqueta pertencente até então à Paquetá.
Antes disso, em 2022, a rede varejista multimarcas Esposende, que pertencia a Paquetá The Shoe Company, foi adquirida pelo Grupo Dok.
Como a empresa se desfez de importantes “braços” da companhia os rumores de que a indústria em Sapiranga também vai fechar começaram a surgir novamente. O próprio Sindicato dos Sapateiros de Sapiranga e Região reconhece o “burburinho”. “Falam na cidade que a empresa vai falir, que vai fechar. Há comentário de que a última empresa que comprou a marca de calçados vai comprar também a fábrica em Sapiranga”, diz o presidente da entidade Júlio Cavalheiro Neto.
A Di Santinni respondeu, em nota enviada por sua assessoria, que não há planos de aquisições em curso. “No momento, o foco do Grupo Di Santinni é na retomada do crescimento da marca Capodarte”, afirma a empresa.
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