BRASIL E ARGENTINA
Novo pacote de medidas do governo argentino pode beneficiar a região; entenda
Decreto de Milei altera questões importantes para as exportações e pode afetar o comércio bilateral
Última atualização: 21/12/2023 18:19
O novo presidente argentino Javier Milei anunciou mais um pacote de medidas esta semana, que chamou de plano de estabilização de choque. Embora tenha desagradado boa parte da população do país, o decreto de reforma econômica pode ter impactos positivos nas relações comerciais com o Brasil. Entre as medidas, está o fim dos limites às exportações e afrouxamento de regulamentações.
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De acordo com o secretário-geral da Câmara Empresarial Argentino-Brasileira no Rio Grande do Sul e diretor da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos (ACI-NH/CB/EV/DI), Leandro Villela Cezimbra, o pacote de medidas apresentado na última quarta-feira (20) poderá beneficiar as exportações brasileiras, incluindo o setor coureiro-calçadista que é base da economia da região.
"Para agilizar o comércio, o governo Milei estabelece como eixo central para superação da gravidade e crise a alteração do código aduaneiro. Levando em consideração que todas as leis que estão sendo revogadas e alteradas buscam a liberalização, acredito que isso seja a tônica de uma profunda mudança de maior liberdade econômica, o que é bom para nós exportadores", diz Cezimbra.
Outro exemplo que o diretor da ACI menciona é a eliminação do registro de importadores e exportadores. "A Argentina é um dos poucos países do mundo que requer registro para este tipo de relação. As barreiras artificiais criadas acabaram encarecendo produtos e gerando aumento de preço do que é utilizado pela população em geral. O fim do registro torna a economia mais livre. E vale lembrar, mais uma vez, que o calçado é um dos produtos que mais ingressa na Argentina."
A digitalização dos trâmites e redesenho de processos para retirada de mercadoria e declaração antecipada, também paz parte das medidas anunciadas.
"É uma forma de trabalhar fortemente na desburocratização e isso também é importante para nós, é fomentar investimentos reduzindo barreiras. Por exemplo: tem muitas empresas brasileiras que se instalaram na Argentina e tem dificuldade em retirar investimento ou lucro em suas operações. Neste sentido, agora querem trabalhar uma forma de possibilitar este fluxo de recursos até para encorajar outras operações", avalia Cezimbra.
Mesmo com as alterações propostas, o cenário ainda é incerto. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) as baixas reservas internacionais ainda afetam o pagamento das exportações. Atualmente, o pagamento ocorre em até 180 dias, como uma forma de limitar as importações, de modo a conter a saída de divisas do país e manter o nível de reservas internacionais.