Mercado externo e a "invasão chinesa"; saiba o que indústria calçadista deve esperar de 2025

A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) realizou na manhã desta quarta-feira (9) o Análise de Cenários, com dados da economia brasileira e do setor calçadista em 2024, além de projeções para o próximo ano. A apresentação foi conduzida pela coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck, e pelo doutor em Economia e consultor setorial Marcos Lélis.

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Tanta na economia brasileira como um todo quanto na indústria do calçado, o crescimento em 2023 é puxado pela demanda interna. "Estamos aumentando nossa capacidade de oferta. Entre os destaques estão as importações, mas boa parte são máquinas e isso porque aumentou o investimento. Entre os setores, destaco a indústria. Depois de 3 trimestres de queda, e no ano passado isso aconteceu quase por completo, em termos de PIB, vemos 2 trimestres seguidos de crescimento. Boa parte disso vem pelo crescimento do aumento do consumo das famílias e aumento de capital fixo, vem de demandas internas", explica Lélis.

Ainda conforme Lélis, o que explica este cenário é o aumento da massa de rendimento, que é o salário médio x o número de trabalhadores, ou seja, o quanto está sendo gerado de renda. "E isso ocorre porque o salário real vem aumentando. O salário médio real está em R$ 3.110 e ao mesmo tempo há queda na taxa de desemprego, com maior geração de emprego formal", explica.

A dificuldade, segundo o doutor em Economia, ainda é o custo de crédito. "O custo de crédito está mais alto que a pré-pandemia, que era em torno de 20%, agora está em 21,6%, conforme último dado divulgado. Se continuar assim, pode travar o contínuo crescimento e aumentar o endividamento das famílias", alerta.

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E como fica a indústria calçadista?

Assim como em outros anos, a indústria calçadista será afetada pelo cenário global. A "invasão chinesa" ainda é a maior preocupação do setor.  "A exportação chinesa, até julho cresceu 3,9%. Pode não parecer muito, mas se olharmos a demanda internacional de calçados ainda temos uma demanda estagnada, estável, com Estados Unidos ainda 20% abaixo do pré-pandemia e exportação brasileira também com uma queda de mais de 20%. É natural que o mercado chinês busque recompor o volume de antes e após sua recuperação amplie suas exportações no cenário internacional, o que gera um aumento da concorrência no setor", avalia Priscila.

Além da China, a coordenadora da Abicalçados lembra que outros países asiáticos seguem crescendo neste cenário global, como Indonésia, Camboja e Vietnã. A concorrência com o Brasil vem crescendo na mesma medida que os países asiáticos têm se inserido nos mercados dos EUA e da Argentina, que representam atualmente mais de 40% do destino das exportações brasileiras.

O cenário reflete nos números de 2023, quando o setor deve fechar o ano com queda entre 14 e 19,2% nas exportações. Já a produção calçadista brasileira deve encerrar o ano com crescimento entre 1,9% e 3,2%. Para 2025, a expectativa, conforme a Abicalçados, é que o mercado interno segure o crescimento do setor com projeção de alta de 1,1% e 1,9% na produção e 0,2% em exportações. "Isso em um cenário otimista", lembra Priscila.