Para conseguir quitar dívidas trabalhistas, a Paquetá colocou os prédios em Sapiranga à venda. O primeiro leilão judicial, realizado em novembro de 2024, não obteve lances. Já, em dezembro, na segunda tentativa, três imóveis menores foram vendidos, somando pouco mais de R$ 2 milhões. A partir disso, a comercialização dos lotes ficou aberta pelo site oficial do leilão, realizado pela Joyce Ribeiro (JR) Leilões.
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Segundo a JR Leilões, que realiza o leilão judicial da calçadista do Vale do Sinos, foram três arrematantes distintos, sendo duas empresas e uma pessoa física. Agora, o leilão segue aberto de forma on-line até o dia 8 de maio. Após este prazo, o judiciário definirá os próximos passos. É possível que, caso não sejam vendidos pelo site da leiloeira, haja o agendamento de um novo leilão (físico e virtual).
Enquanto isso, ex-colaboradores seguem sem receber os atrasados. Uma ex-funcionária, que ficou 6 anos e 5 meses na indústria de Sapiranga, contou ao ABCmais que passou por audiências judiciais e aguarda o pagamento por parte da empresa. “Soube que venderam uma parte dos prédios, poderiam nos pagar”, diz.
Os débitos de verbas rescisórias atingem também ex-colaboradores da unidade da calçadista que fica em Recife. Um ex-funcionário, que também prefere não se identificar, espera pelo pagamento das últimas cinco parcelas indenizatórias há 1 ano e meio.
A Paquetá foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou sobre o tema.
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O que segue à venda:
Dos três lotes, dois ainda não foram vendidos.
– O maior complexo industrial, com quatro edificações, sendo uma de 31.929 m² (constituída por uma parte construída anteriormente a 1972 e outras seis, entre 1974 e 1988) e outras três de 823 m², 44 m² e 10 m² (construídas em 1988), foi avaliado em pouco mais de R$ 52,7 milhões e poderá ser arrematado por pouco mais de R$ 31,6 milhões.
– O complexo industrial com terreno de 19.203 m², possui área total construída de 6.471 m², sendo constituída por diversos prédios, inclusive o prédio destinado ao refeitório, com dois pisos, construído em 1987, que tomou o número 182 da Rua 25 de Julho. O bem foi avaliado em pouco mais de R$ 19,9 milhões, com possibilidade de ser arrematado com desconto de 40%, por pouco mais de R$ 11,9 milhões.
Relembre o caso
A indústria de Sapiranga teve seu processo de recuperação judicial encerrado em 2023, mesmo ano em que vendeu sua operação de varejo para o Grupo Oscar (SP). Em julho do ano passado, a rede de lojas multimarcas Di Santinni (RJ) adquiriu a marca de calçados e acessórios femininos Capodarte. O grupo varejista pagou o equivalente a R$ 36 milhões pela etiqueta pertencente até então à Paquetá.
Antes disso, em 2022, a rede varejista multimarcas Esposende, que pertencia à Paquetá The Shoe Company, foi adquirida pelo Grupo Dok.
Como a empresa se desfez de importantes “braços” da companhia, os rumores de que a indústria em Sapiranga também iria fechar começaram a surgir em 2023 e voltaram a ser assunto em agosto de 2024. Em setembro, a fábrica ainda contava com alguns colaboradores na produção.
Já em novembro de 2024, os lotes começaram a ser leiloados. A reportagem acompanha a situação de perto. Alguns trabalhadores esperam pelo pagamento há mais de 1 ano. A expectativa é de que com a venda efetiva de todos os bens a empresa consiga quitar os débitos.
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