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Lei do combustível do futuro vai gerar novos investimentos na região; entenda

Empresas da região que atuam no mercado de biometano e etanol estão de olho na nova lei do combustível do futuro

Juliana Dias Nunes
Publicado em: 14/10/2024 às 11h:43 Última atualização: 14/10/2024 às 12h:04
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Aprovada na semana passada, a lei do Combustível do Futuro prevê R$ 260 bilhões em investimentos ao contar com iniciativas que buscam promover a mobilidade sustentável de baixo carbono. A partir da norma, serão criados programas nacionais de diesel verde, de combustível sustentável para aviação e de biometano, além de aumentar a mistura de etanol e de biodiesel à gasolina e ao diesel, respectivamente.

Ela também institui o marco regulatório para a captura e a estocagem de carbono. E o Rio Grande do Sul tem potencial para tudo isso.

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CRVR tem planta industrial em São Leopoldo | abc+



CRVR tem planta industrial em São Leopoldo

Foto: Divulgação/CRVR

Uma das indústrias que atua com biometano é a CRVR, de São Leopoldo, que recentemente anunciou investimento de R$ 100 milhões em nova planta na cidade a partir da decomposição de resíduos

“O projeto nasceu muito da necessidade das indústrias atingirem as metas de descarbonização. Essa lei vem pra impulsionar estes projetos. Nós vemos com ótimos olhos esta legislação que tem 3 grandes marcos: o do combustível verde, com o aumento do percentual de etanol na gasolina, e olhando para o Estado temos potencial de produzir o etanol através da soja e temos também o biodiesel com grande potencial no RS; o combustível pra aviação, produzido por óleo vegetal e gordura animal, algo também que o RS tem e o biometano, que é onde nos encaixamos”, explica o diretor operacional da empresa, Rafael Salamoni, que prevê novos investimentos na região e no Estado a partir disso.

“A legislação prevê uma meta que pode variar de 1 a 10% de substituição com o biometano e isso nos fortalece no sentido de ampliar nossos projetos, como a unidade de Minas do Leão e também a nova planta de São Leopoldo.” Conforme Salamoni, a de Minas do Leão, que deve começar a operar em junho de 2025, produzirá 60 mil metros cúbicos por dia de biometano.

Em São Leopoldo, a nova planta, que entra em operação em junho de 2026, produzirá 34 mil metros cúbicos ao dia. “Até 2027, poderemos chegar a 166 mil metros cúbicos”, adianta o diretor que lembra de outros benefícios. “Traz avanço em novas tecnologias e oportunidades para o setor automobilístico e de transporte.”

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Estado quer ampliar atuação do segmento

O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico Ernani Polo destaca que o segmento será potencializado no RS. “Temos uma capacidade industrial instalada importantíssima em biodiesel e estamos avançando em etanol. Estamos trabalhando e confiantes de que podemos ter mais investimentos no Estado”, afirma.

O secretário informou que o governo tem conversado com empreendedores, empresas e cooperativas que têm intenção de aplicar recursos neste setor. “E estamos trabalhando em conjunto com a secretaria da Fazenda, foi um pedido do governador Eduardo Leite, para que assim possamos criar condições, as melhores possíveis, para ajudar o setor que é extremamente relevante no nosso Estado.”

Melhor opção para a economia e para o meio ambiente

O professor do Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental da Feevale, Marco Antônio Siqueira Rodrigues, lembra que o combustível do futuro é uma necessidade real e urgente. “Há muito tempo que se fala que os combustíveis fósseis estão terminando e ficando mais caros. Hoje a gente não precisa mais usar o petróleo, é mais uma questão econômica mesmo”, diz.

Rodrigues é coordenador de um projeto da universidade que estuda formas de gerar energia a partir de resíduos do setor moveleiro em parceria com uma fábrica da Serra. “Já existem várias alternativas, como o uso da biomassa. Com a nova lei o caminho é esse, o uso de combustíveis alternativos. É uma visão global. A Europa toda está indo para o caminho dos carros elétricos, aqui, em grandes cidades, já temos também.”

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Reforma tributária e preocupações com custos

A Nexus Bionergia, com planta industrial em São Sebastião do Caí, trabalha no mercado do etanol há 25 anos. A proprietária da empresa, Karin More, comemora a notícia, mas faz ponderações. Para a empresária, há outros pontos importantes que deveriam vir antes disso, como a reforma tributária.

“Tudo que for para cuidar do meio ambiente é e deve ser usado. Mas me questiono sobre o ponto crucial que é a reforma tributária. Acho que é a grande barreira até mesmo para o custo na bomba de combustível. A lei é importante, mas será que teremos condições de abastecer esse número e a que preço?”, avalia.

A empresária também observa que há a necessidade de priorizar a parte logística, como ampliar o número de ferrovias, hidrovias e portos, além de fomentar os incentivos para as pequenas indústrias do País.

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