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Javier Milei muda tom político após tomar posse como presidente da Argentina; saiba como economia gaúcha pode ser impactada

Diretor da ACI faz análise política e econômica a partir da posse de Milei; pacote econômico deve ser anunciado na terça-feira

Juliana Dias Nunes
Publicado em: 11/12/2023 às 16h:27 Última atualização: 11/12/2023 às 16h:28
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O novo presidente da Argentina Javier Milei tomou posse no último domingo (10) e deve anunciar o pacote de medidas econômicas do país vizinho nesta terça-feira (12). Como o Brasil é um dos principais parceiros comerciais da Argentina, há uma expectativa para este anúncio.

Javier Milei teve maior votação na eleições primárias da Argentina e tomou posse no último domingo | Jornal NH



Javier Milei teve maior votação na eleições primárias da Argentina e tomou posse no último domingo

Foto: Instagram/Reprodução

Durante a campanha, Milei fez duras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, após a vitória, o tom político mudou e agora o que vemos é um discurso ainda mais pragmático e menos “raivoso”.

O diretor da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos (ACI-NH/CB/EV/DI) e secretário-geral da Câmara Empresarial Argentino Brasileira do RS, Leandro Villela Cezimbra, fez uma nova análise exclusiva sobre o tema.

“O Milei da campanha é um, o Milei após a campanha é outro e agora temos a faceta do presidente da República. Ele soltou farpas ao Lula durante a campanha, só que mandou a chanceler Diana Mondino entregar pessoalmente o convite para a posse, mudou radicalmente, foi um primeiro movimento. O segundo movimento que vejo é que ele deixou o ministro Daniel Scioli como embaixador da Argentina no Brasil, que tem um capital político enorme e com capacidade de articulação. Foi Scioli quem aparou as arestas entre Bolsonaro e o ex-presidente da Argentina Alberto Fernández. Ele é pragmático. Dias atrás, um dos candidatos do peronismo – movimento político argentino construído por Juan Domingo Perón-, da extrema-esquerda, foi atacado verbalmente em um hospital, e Milei ligou pra ele em solidariedade. Cabe ao presidente Lula também dar sinais que está disposto, não adianta o Brasil se aliar apenas com países que possuem a mesma ideologia”, avalia Cezimbra.

 E como isso deve afetar os negócios com o Brasil? Segundo o diretor da ACI, à medida que a Argentina conseguir resolver os problemas financeiros internos, deve conseguir fortalecer as relações com outros países, incluindo o Brasil. Um dos setores que mais exporta para os hermanos é o calçadista. No entanto, há diversos entraves que prejudicam a comercialização entre os países, como o atraso nos pagamentos que chegam a 180 dias.

 “À medida que conseguirem arrecadar dólares que precisam, acredito que os problemas com setores como o calçadista, poderão ser sanados. Hoje, o setor calçadista brasileiro precisa esperar 180 dias pra receber. Quando os investimentos voltarem, haverá divisas. No momento, as reservas são negativas, a Argentina tem quase meio trilhão de dívidas em dólares. É um grande desafio, a Argentina tem obrigações líquidas que o Banco Central precisa resolver para o ingresso destas divisas e, assim, poderem utilizar de maneira mais tranquila. Tem também questão dos fretes, tem retenções das divisas provenientes do campo onde commodities da Argentina são taxadas a 30%. São questões complexas que eles terão que resolver”, observa Cezimbra.

 Saída do Mercosul e moeda única

Durante a campanha eleitoral, Javier Milei chegou a falar que a Argentina sairia do Mercosul e que poderia fechar o Banco Central. Mas, na análise do secretário-geral da Câmara Empresarial Argentino Brasileira do RS, nada disso deve se confirmar.

“Conversei com alguns argentinos e eles têm plena convicção que boa parte das propostas não são possíveis de se concretizar, mas votaram no Milei por uma mudança que entendem que era necessária. E quando a gente fala do Mercosul, a Argentina precisa mais do Mercosul que o Brasil, não vejo como isso acontecer.”

Sobre a moeda única entre os dois países, cuja viabilidade foi levantada novamente no primeiro semestre deste ano, Cezimbra acredita que o projeto não deve vingar. “Tu tem que ter equilíbrio econômico entre os países e hoje a argentina está muito fragilizada e enfraquecida. Não se tem uma perspectiva clara a respeito disso. O que Milei disse é de uma possível dolarização na Argentina, teremos que esperar para ver.”

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