Na última segunda-feira (2), a Anatel anunciou a operação da faixa 5G standalone – versão mais avançada da quinta geração de redes móveis – para todos os municípios do País. A partir de agora, as operadoras podem ativar a tecnologia em qualquer cidade brasileira. Mas e na prática como funciona a tecnologia para o consumidor e para as empresas?
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A reportagem do ABCmais participou de evento no Rio de Janeiro (RJ), a convite da Tim Brasil, na última quinta-feira (5), e conversou com o diretor de redes da operadora, Marco di Costanzo, sobre as conquistas e desafios da tecnologia 5G no País. Segundo ele, o Brasil tem avançado muito em relação à tecnologia 5G, mas ainda há desafios a serem enfrentados. Ele lembra que a operação em solo brasileiro iniciou em 2022 já com a tecnologia “pura” a partir de um leilão conduzido pela Anatel.
“Foi o maior leilão de espectro de 5G no mundo e que saiu com obrigações de cunho industrial, não foi um leilão arrecadatório. O governo abriu mão de arrecadar dinheiro em prol de garantir que as empresas investissem em cobertura. E o Brasil mesmo sendo depois, já que outros países implementaram antes, entre 2019 e 2020, conseguiu avançar na infraestrutura, que é o que importa para o consumidor e para as indústrias e setores como o de transportes e agro. Outra coisa que o Brasil saiu bem foi sair já de largada com a tecnologia standalone, o 5G de verdade”, diz.
Para que a tecnologia realmente funcione nas cidades do Brasil, Costanzo lembra que é preciso agilizar processos de permissões e licenças para que amplie a rede de fibra óptica e, assim, o 5G standalone possa ser ativado.
“O primeiro desafio para avançar é a alocação de investimento. A Tim investe R$ 4,5 bilhões todo ano, a maioria alocada por investimento tecnológico e parte em 5G, mas não abrimos quanto é por razões competitivas. Depois é preciso construir a rede que seja conectada com fibra óptica, adequada ao sistema que se está irradiando. A situação melhorou nos últimos anos, houve uma evolução de leis e normas, mas ainda tem estados e municípios com lei defasadas que não contemplam esta necessidade. A fibra óptica ou vai pelos postes ou é subterrânea, e em ambos os casos precisa de um processo autorizativo que costuma levar mais tempo. É preciso que haja uma sensibilização tecnológica e agilidade em outorgar permissões e licenças”, ressalta.
E o 6g?
Embora o 5G ainda não esteja ativo em todas as cidades brasileiras, a Tim por exemplo atua com a tecnologia em 506 cidades, já há expectativa para o início das operações da próxima geração tecnológica: o 6G. O vice-presidente de redes da Tim Brasil conta que o trabalho de padronização da tecnologia deve começar em 2025.
“Ainda é uma hipótese de estudo. Neste momento não existe uma tecnologia aproveitada para 6G em nenhum lugar do mundo”, observa.
Em fevereiro deste ano, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), anunciou que está investindo, através do Programa Prioritário em Informática e a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), R$ 21 milhões em projetos do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), de Minas Gerais, para posicionar o Brasil na vanguarda da tecnologia 6G. Segundo pesquisadores, o Brasil tem tudo para ser não apenas um espectador e sim protagonista da operação 6G a nível mundial.
Na espera da nova tecnologia chegar por aqui, fica a pergunta: de que forma ela vai funcionar? O uso do 5G é por meio de dispositivos como o celular. Já o 6G será bem mais avançado, o consumidor poderá “vestir” a tecnologia.
“A gente vai vestir o dispositivo. Ele estará na roupa, no óculos. Além disso, a holografia será um diferencial de 6G. A projeção é de que a tecnologia 6G comece a funcionar entre 2029 e 2030”, afirma.
Colaboração das operadoras durante enchentes no RS
Marco também falou sobre a colaboração entre as operadoras de telefonia durante a catástrofe climática que atingiu o Rio Grande do Sul em maio deste ano. “Aprendemos a reagir rápido com a crise. Afetou a infraestrutura do Estado e foi um momento em que não existiu Tim, Vivo ou Claro, as empresas se juntaram, abriram roaming. Onde funcionava a rede uma, a outra pegava. Houve um espírito de colaboração entre as empresas.”
Ainda conforme o vice-presidente da Tim Brasil, a operadora deve seguir investindo no RS. “A rede de infraestrutura que construímos está melhor. Hoje o sistema que temos no RS é mais resiliente, mais robusto e mais resistente que era antes da enchente. Voltamos a atender todos os municípios e ampliamos também o número de 5G. Vamos continuar expandindo em 2025, principalmente em rede 5G. Vamos atender o Rio Grande do Sul não de forma emergencial, mas estrutural. Vamos, sem dúvida, ampliar a cobertura”, destaca.
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