CONCORRÊNCIA DESLEAL

"Incrivelmente baixo": Calçado chinês tem menor preço da história e deixa setor em alerta

Somente em maio, entraram no Brasil 862,68 mil pares chineses, pelos quais foram pagos US$ 2,43 milhões

Publicado em: 07/06/2024 21:06
Última atualização: 07/06/2024 21:06

As importações predatórias de calçados seguem trazendo dor de cabeça para a indústria calçadista nacional.


Concorrência desleal do calçado chinês preocupa Foto: Abicalçados/Divulgação

Entre janeiro e maio, segundo avaliação da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), entraram no Brasil 15,43 milhões de pares por US$ 186,9 milhões, aumento de 4,3% em volume e praticamente o mesmo número em receita do que no mesmo período do ano passado. Apenas no mês de maio, as importações somaram 2,56 milhões de pares e US$ 33,94 milhões, incremento de 13,5% em pares e queda de 20% em valores, o que demonstra um menor preço médio do produto que entra no Brasil.

Neste contexto, chama a atenção as importações de calçados da China. Somente no mês de maio, entraram no Brasil 862,68 mil pares chineses, pelos quais foram pagos US$ 2,43 milhões. A alta, em pares, é de 77,4% em relação ao mesmo mês de 2023. Já em valores, existe uma queda de 44,3%. Segundo a Abicalçados, o fato é explicado pelo preço incrivelmente baixo adotado pelos exportadores chineses: US$ 2,82, o menor preço desde o início da série histórica, iniciada em 1997.

“A agressividade dos exportadores chineses é algo que assusta o mundo com claras práticas de concorrência desleal - dumping. Como se produz um calçado a menos de US$ 3? Com baixo nível de ratificação das Convenções da Organização Internacional do Trabalho, falta de critérios de sustentabilidade, entre outras questões”, alerta o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira.

No acumulado dos cinco meses, a China embarcou para o Brasil 6,42 milhões de pares por US$ 18,98 milhões, quedas de 13,2% em volume e de 22,5% em receita no comparativo com o mesmo período do ano passado.

Outros países

As outras duas principais origens das importações de calçados no Brasil também são asiáticas. Entre janeiro e maio, foram importados do Vietnã 4,33 milhões de pares por US$ 88,73 milhões, incremento de 10,4% em volume e queda de 0,9% em receita no comparativo com o mesmo período do ano passado.

A Indonésia veio na sequência, tendo exportado para o Brasil 2,1 milhões de pares por US$ 35,85 milhões, incrementos tanto em volume (+0,7%) quanto em receita (+20,8%) em relação aos cinco primeiros meses de 2023. Segregando apenas maio, as importações do Vietnã somaram 880 mil pares e US$ 18,34 milhões (crescimentos de 16,6% e 3,9%, respectivamente, ante o mesmo mês do ano passado) e da Indonésia computaram 306 mil pares e US$ 5,46 milhões (quedas de 47% e 54,3%, respectivamente).

Componentes

Entre janeiro e maio, as importações de partes de calçados - cabedais, palmilhas, saltos, solados etc - somaram US$ 14,27 milhões, 24,8% mais do que em 2023. As principais origens foram China, Paraguai e Colômbia.

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