ECONOMIA
Exportações de calçados seguem em queda e importações registram entrada de novos players asiáticos; entenda
Dados foram divulgados pela Abicalçados nesta quarta-feira (15)
Última atualização: 15/05/2024 12:38
Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que as exportações de calçados seguiram em declínio no mês de abril, quando foram embarcados 7,9 milhões de pares por US$ 90,7 milhões, quedas de 22,8% e 18,8%, respectivamente, em comparação com o mesmo mês de 2023.
Já no acumulado do quadrimestre, as exportações somaram 35,6 milhões de pares e US$ 344 milhões, quedas tanto em pares (-26,7%) quanto em valores (-21,8%) em relação ao mesmo período do ano passado.
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, afirma que os resultados estão dentro das estimativas da entidade e que a perspectiva é que haja melhora no cenário da indústria calçadista a partir do segundo semestre deste ano.
"A economia internacional ainda está bastante instável, principalmente em países da América Latina, que são alguns dos nossos principais destinos. Ao longo da segunda parte do ano, devemos registrar uma melhora, pois iniciam as vendas das coleções de Verão, as mais rentáveis para a indústria nacional", avalia o dirigente, ressaltando que a estimativa da Abicalçados é de que a exportação caia entre 6% e 9% em 2024, em volume.
Destinos
O principal destino dos calçados brasileiros no exterior segue sendo os Estados Unidos. Nos quatro primeiros meses do ano, a indústria nacional embarcou para lá 3,47 milhões de pares, que geraram US$ 71,9 milhões, quedas de 9,7% em volume e de 4,3% em receita na relação com o mesmo ínterim de 2023.
A boa notícia, segundo a entidade calçadista, é de que o preço médio do produto embarcado para os Estados Unidos teve um aumento de 6% no período (para US$ 20,70) em relação ao ano passado, o que indica que a indústria está embarcando calçados com maior valor agregado para o varejo norte-americano.
Em grave crise econômica, a Argentina segue como o segundo destino do calçado brasileiro no exterior. Entre janeiro e abril, foram embarcados para o país vizinho 3 milhões de pares por US$ 62 milhões, quedas de 39,2% e de 24,9%, respectivamente, ante o mesmo intervalo de 2023. Assim como aconteceu com o produto embarcado para os Estados Unidos, houve aumento do preço médio do calçado, de 23,5% (para US$ 20,52).
No terceiro posto entre os destinos dos pares brasileiros no exterior aparece a Espanha. No período, os espanhóis importaram 5,55 milhões de pares brasileiros por US$ 14,2 milhões, quedas de 26,2% e 25,8%, respectivamente, ante o mesmo período de 2023.
Importações e a Ásia
As importações de calçados seguiram em alta durante todo o quadrimestre, encerrando abril somando 12,86 milhões de pares e US$ 152,9 milhões, incrementos de 2,7% em volume e de 5% em receita. Já no segregado de abril foram registradas quedas de 3,5% em volume e de 18% em dólares (2,54 milhões de pares e US$ 27,53 milhões). Porém, A Abicalçados chama a atenção para a entrada de dois novos players asiáticos na lista de origens: Índia, de onde vieram 74,6 mil pares em abril, pelos quais foram pagos US$ 1,47 milhão, incrementos de 154,6% em volume e de 160% em receita); e Camboja, de onde partiram 54 mil pares em abril, pelos quais foram pagos US$ 887,3 mil, aumentos de 200% e 174,6%, respectivamente, ante mesmo mês de 2023.
"A Abicalçados está monitorando a situação, mas possivelmente estamos tendo uma migração de indústrias intra-Ásia em busca de mão de obra barata e incentivos governamentais", informa Ferreira.
No quadrimestre, as principais origens seguiram sendo os países asiáticos Vietnã (3,45 milhões de pares e US$ 70,38 milhões, incremento de 9% em volume e queda de 2% em receita); Indonésia (1,8 milhão de pares e US$ 30,38 milhões, incrementos de 54,4% e 28,5%); e China (5,56 milhões de pares e US$ 16,55 milhões, quedas de 19,5% e 17,7%).
Em partes de calçados - cabedais, palmilhas, solas, saltos etc -, as importações do quadrimestre somaram US$ 12,64 milhões, 43,2% mais do que no mesmo período do ano passado. As principais origens foram China, Paraguai e Estados Unidos.