A balança comercial do setor calçadista caiu 23% ao longo de 2023. Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e divulgados nesta terça-feira (9) mostram que, no ano passado, as exportações do setor somaram 118,34 milhões de pares e US$ 1,16 bilhão, quedas de 16,6% em volume e de 10,8% em receita em relação a 2022.
E no mês de dezembro, a queda foi ainda maior. Os números registrados no último mês do ano passado apontam a exportação de 7,45 milhões de pares e US$ 73,44 milhões, quedas de 41,5% e de 33,3%, respectivamente, em comparação com o ano de 2022.
E o que motivou a queda? Segundo a entidade que representa o segmento, é resultado das dificuldades nas exportações de calçados e do aumento da entrada de produtos estrangeiros no Brasil.
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que o movimento de queda era esperado, especialmente diante do desaquecimento das economias dos Estados Unidos e Europa, com altas taxas de juros e inflação recorde. “Os Estados Unidos, principal destino do calçado brasileiro no exterior, puxaram os números ainda mais para baixo. A queda para aquele mercado foi três vezes maior, em proporção, do que a queda das exportações em geral”, avalia Ferreira. Além do desaquecimento da economia global, o dirigente lista a retomada da produção chinesa, que aumentou a concorrência internacional.
Destinos
O principal destino dos pares brasileiros em 2023 foi o Estados Unidos, o que contribuiu para a diminuição nas exportações. Entre janeiro e dezembro do ano passado, foram embarcados para lá 10,64 milhões de pares e US$ 227 milhões, quedas tanto em volume (-40,4%) quanto em receita (-32%) em relação a 2022.
Apesar das dificuldades internas, a Argentina foi o segundo destino do calçado brasileiro no ano passado. No período, foram embarcados para o país vizinho 14 milhões de pares e US$ 223,8 milhões, queda de 11,8% em volume e incremento de 24,8% em receita na relação com 2022.
Fechando o ranking dos destinos em 2023 apareceu a França. No ano, foram embarcados 2,84 milhões de pares por US$ 58,8 milhões, quedas de 53,5% e 10%, respectivamente, ante 2022.
RS lidera
O maior exportador de calçados do Brasil seguiu sendo o Rio Grande do Sul, de onde foram exportados 35,3 milhões de pares por US$ 544,82 milhões, quedas tanto em volume (-17,5%) quanto em receita (-11,6%) em comparação ao ano de 2022.
Importações cresceram
Por outro lado, as importações de calçados registraram incremento em 2023. Entre janeiro e dezembro, entraram no Brasil 28,36 milhões de pares por US$ 442,73 milhões, altas tanto em pares (+9,8%) quanto em receita (+20,6%) em relação a 2022. As principais origens seguem sendo os países asiáticos. Somente Vietnã, Indonésia e China responderam por mais de 80% dos calçados que entraram no Brasil.
A principal origem das importações no ano foi o Vietnã (9,5 milhões de pares e US$ 213 milhões, incrementos de 15,6% e 21,4%, respectivamente, ante 2022). Na sequência apareceram Indonésia (4,5 milhões de pares e US$ 87,5 milhões, incrementos de 45,8% e 42,2%) e China (9,46 milhões de pares e US$ 47,9 milhões, quedas de 8,9% e 2,9%).
Em partes de calçados – cabedais, palmilhas, saltos, solados etc -, as importações do ano somaram US$ 28,7 milhões, 5,2% menos do que em 2022. As principais origens foram China, Vietnã e Paraguai.
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