BOM, MAS NEM TANTO

"Economia morna"? Saiba o que esperar do cenário econômico de 2024

Economista-chefe da Fecomércio, Patrícia Palermo, analisa mercado de trabalho, taxa de juros e traz dicas para lojistas

Publicado em: 07/03/2024 16:08
Última atualização: 07/03/2024 16:22

 Dizem que o ano só começa em março. Chegamos no mês em que as coisas "começam a acontecer". Então, como será o cenário econômico em 2024? A economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Patrícia Palermo, antecipou o que devemos ver ao longo do ano. Segundo ela, o ano será "morno" em questões de crescimento. Antes do evento Oficina de Negócios, realizado pelo Sindicato do Comércio Varejista de Novo Hamburgo (Sindilojas-NH), nesta quinta-feira (7), Patrícia conversou com a reportagem do ABC+.


Patrícia Palermo participou de evento que abriu o calendário do Sindilojas Novo Hamburgo Foto: juliana Nunes/GES-Especial

"E o que é um ano morno? É um ano com crescimento bom, mas não aquele que emociona. Não teremos problemas importantes. Inflação estará mais sob controle, vamos ver juros baixando, a gente não terá problemas no mercado de trabalho nos termos de desemprego. É um ano para as empresas olharem para dentro e arrumarem a casa", diz a economista.

Uma das principais dúvidas dos brasileiros é a taxa de juros. Afinal, como fica a inflação no País?

"A expectativa é que a gente siga no processo de desinflação, não com preços caindo, mas subindo menos. Temos espaço para os juros caírem, mas quanto? Vai depender do cenário internacional e a variável da vez é a definição da taxa de juros dos EUA. No Brasil, o início do ano foi influenciado pelos alimentos, El Niño. Tem também a questão do cenário fiscal. Se o governo começar a mostrar que não tem muito apreço pelo equilíbrio das contas públicas, isso é um problema que vai afetar as expectativas e gerar um freio na dinâmica da taxa de juros", observa Patrícia.

A economista faz um alerta também para quem pensa em fazer empréstimos neste começo de ano. "Temos que lembrar que crédito nunca é renda, quem tomar crédito emprestado com taxas pré-fixadas agora, vai pagar mais caro que se pegar crédito no fim do ano."

Banco Central

Este é o último ano da presidência de Roberto Campos Neto no Banco Central e, portanto, é preciso ficar de olho também neste cenário.

"A gente está formando um novo time dentro do Comitê de Política Monetária (Copom) e como este time vai se comportar é algo que precisamos estar de olho. Hoje, a expectativa de mercado é terminar o ano com uma taxa de juros em torno de 9%, na Fecomércio pensamos que será um pouquinho maior. Mas, teremos uma dinâmica de queda na taxa de juros, mas como inflação também cai, as taxas de juros reais seguem elevadas, sai de 8% e vamos pra 6%. É uma taxa de juros real elevada, mas mais baixa que no ano passado.

Mercado de trabalho no RS

De acordo com a economista-chefe da Fecomércio, o mercado de trabalho está perdendo força na geração de empregos. E a situação fica ainda mais evidente no Rio Grande do Sul.

"Teremos vantagens no Rio Grande do Sul em relação ao Brasil. Teremos este ano uma safra mais perto da normalidade. Temos um setor público pagando, por enquanto, salários em dia. Uma força que o restante não tem. A vantagem é que o Brasil está com o mercado de trabalho mais dinâmico que o nosso. Uma das razões é que talvez a gente já tenha chegado no limite em termos de oferta de mão de obra. Temos taxas de ocupação bastante baixas, se começa a ter mais pressão por salários, rotatividade, mas, ao mesmo tempo tem gente mais segura, gente que vai gerar renda".

Tema de casa

Patrícia lembrou ainda da competição que o setor do comércio enfrenta em relação às vendas de plataformas digitais internacionais que possuem isenção no imposto de importação em compras de até 50 dólares.

"O setor varejista se modificou muito e isso veio principalmente do consumidor. Desde de 2015, 2016, não temos um consumidor disponível para comprar, a gente tem que vender e estamos desacostumados. E, além disso, fomos atropelados por uma competição internacional. A indústria conhecia este tipo de competição, mas o comércio não e hoje temos isso de uma forma desleal", diz.

A economista da Fecomércio traz dicas enfrentar a competitividade. Confira:

- Criatividade

- Bom atendimento

- Entender que para vender é preciso entender a necessidade do cliente

- Ter gestão financeira e para isso é importante rever parcerias e falar com fornecedores

- Investir (tempo dinheiro e gente) também no comércio digital

 

 

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