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NO BOLSO DO CONSUMIDOR

"É um abuso com os motoristas", diz moradora de Novo Hamburgo sobre aumento da gasolina

Litro subiu em média R$ 0,40 e pegou consumidores de surpresa

Dário Gonçalves
Publicado em: 14/12/2023 às 20h:17 Última atualização: 14/12/2023 às 20h:22
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A previsão do tempo indica que o final de semana será de muito calor, com a temperatura ultrapassando os 40 ºC no domingo. Até por conta disso, boa parte da região metropolitana prepara-se para ir rumo ao litoral. Porém, moradores de Novo Hamburgo e arredores terão um custo mais alto para curtir a viagem, isso porque o preço da gasolina subiu em média 40 centavos de um dia para o outro

Preço médio em Novo Hamburgo é de R$ 5,59 | Jornal NH



Preço médio em Novo Hamburgo é de R$ 5,59

Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

A reportagem percorreu 13 postos de combustíveis na tarde desta quinta-feira (14) por bairros de Novo Hamburgo. Na maioria deles, o litro da gasolina comum estava em R$ 5,59, com a aditivada variando entre 10 e 20 centavos a mais.

Até a quarta-feira (13), no entanto, as bombas registravam um preço médio de R$ 5,16 por litro. O aumento chama atenção, principalmente porque, até onde se sabe, não houve qualquer tipo de alteração nos preços praticados pela Petrobras e nem nas alíquotas de impostos que incidem sobre o combustível.

Peso no bolso

Para a moradora de Novo Hamburgo, Daniele Morandini, que se desloca todos os dias para Porto Alegre, onde trabalha, o aumento é um abuso com os consumidores. “Desde a semana passada, a Petrobras está anunciando redução no preço. Os postos estão sacaneando o consumidor. Da última vez, disseram que o aumento era devido à concorrência, mas concorrência para preço alto não existe. Se querem concorrer, então baixem os preços”, desabafa.

A motorista diz que gasta mais de um tanque de combustível por semana, e que este aumento de R$ 0,40 centavos resulta em cerca de R$ 20,00 a mais no custo a cada sete dias. “Por mês, é um gasto de, no mínimo, R$ 80,00 a mais, podendo chegar a R$ 100,00”, completa. Como trabalha na capital, ela consegue “driblar” os postos de Novo Hamburgo e abastecer em outras cidades, “mas a maioria da população do Vale dos Sinos, não”.



Canoas e São Leopoldo

Em Canoas, após algumas semanas com litro batendo nos R$ 5,50 nas bombas, na última semana, os preços deram uma trégua e reduziram em torno de R$ 0,50. O valor médio praticado na gasolina comum chegou a ser de R$, 5,19, com a possibilidade de desconto maior no pagamento em dinheiro ou pix em alguns postos de bairro. Mas a oscilação de preços segue e, por coincidência, respeitam tendência no mesmo patamar em ao menos quatro estabelecimentos do município.

Nesta quinta-feira (14), a gasolina comum era encontrada por R$ 5,29 e R$ 5,39 a aditivada. Na prática, representa aumento de R$ 0,10 em relação ao menor preço praticado no último período, mas R$ 0,10 menor do que o cobrado por litro há algumas semanas. Mesmo sem poder regular os preços, o Procon do município faz fiscalizações periódicas para verificar o descompasso entre a tributação, o preço pago e a margem de lucro.

Conforme a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o maior valor de revenda praticado entre 3 e 9 de dezembro na cidade foi R$ 5,99.

Em São Leopoldo, os preços oscilam diariamente. Nesta quinta-feira (14), a gasolina comum variava entre R$ 5,56 e R$ 5,59 em dois postos do Centro da cidade. O diesel variava entre R$ 5,49 e R$ 5,59. No primeiro estabelecimento, houve uma redução de R$ 0,40 centavos em todos os preços de venda, já no segundo, houve um aumento no mesmo valor.

Expectativa pela redução dos preços

O forte reajuste acontece justamente quando a expectativa é de redução dos preços. No mercado internacional o barril de petróleo vem sofrendo forte desvalorização nas últimas semanas, passando de 90 dólares no fim de outubro para 73 dólares no início desta semana. “Tem acontecido de a gasolina subir antes do fim de semana”, lamentou um motorista que chegava para abastecer em um posto do bairro Rincão. “Poderia ter abastecido ontem, mas jamais imaginei que haveria esta mudança”, comentou.

Por conta disso, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calcula que os preços da gasolina e do diesel estão acima da paridade internacional e que, portanto, existe espaço para cortes por parte da Petrobras.

Segundo a Abicom, a gasolina está 10% acima da paridade, o equivalente a 22 centavos por litro nas refinarias. Já o diesel está 4% acima (14 centavos por litro nas refinarias). No mercado financeiro existe a expectativa de ajuste nos preços ainda neste ano.

Postos têm autonomia para elevarem os preços

Conforme o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Rio Grande do Sul (SulpetroRS), João Carlos Dal’Aqua, há vários motivos que podem fazer com que os postos de combustíveis aumentem seus preços, sem depender de aumentos da Petrobras. “Cada um toma as decisões que acha melhor. O que pode acontecer é que a venda está abaixo do esperado para o mês de dezembro, e neste mês, a folha salarial é o dobro”, comenta.

Questionado se a perspectiva de um final de semana com altas temperaturas pode ter influenciado na decisão de elevar os preços, Dal’Aqua confirma que é uma possibilidade. “A alta demanda também provoca esse tipo de aumento. Pode ser uma oportunidade de aumentar os ganhos agora, já sabendo que nos meses de janeiro e fevereiro as vendas caem muito”, finaliza o presidente.

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