NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE

Conheça programa que vai tornar RS autossustentável em energia renovável e gerar milhares de empregos

Iniciativa foi apresentada pelo Sindienergia nesta segunda-feira

Publicado em: 12/08/2024 15:57
Última atualização: 12/08/2024 16:04

De acordo com o Sindicato das Indústrias de Energias Renováveis do Estado (Sindienergia-RS), o Rio Grande do Sul importa de outros estados 30% da energia consumida atualmente, o que representa cerca de 3GW. Por meio do programa Todas as Energias essa realidade deve mudar dentro de cinco anos. Ações estão previstas para tornar o RS autossuficiente em energia renovável.

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Juliano, Daniela e Guilherme na apresentação do programa Todas as Energias Foto: Divulgação/Sindienergia-RS

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A iniciativa foi lançada na manhã desta segunda-feira (12), em Porto Alegre, e busca contribuir com a retomada do Estado após as enchentes via setor elétrico de baixo carbono ao utilizar todas as fontes renováveis de energia disponíveis como eólica, hídrica, solar e bionergia. O evento de lançamento teve a participação da presidente do sindicato, Daniela Cardeal, e também do diretor administrativo financeiro, Juliano Pereira, e do diretor, Guilherme Sari.

"A ideia do sindicato é fomentar o setor dentro do Estado de forma que haja mais usinas novas em geração com capacidades suficientes para atingir a autossuficiência energética. Hoje, o setor no Brasil passa por limitações de conexão e o Rio Grande do Sul tem capacidade de escoamento, temos linhas de transmissão", destaca a presidente do Sindienergia.

O papel do sindicato, segundo Daniela, é alinhar o poder público, estadual e federal com o setor produtivo, fomentando a indústria gaúcha e atraindo investimento. Além disso, o projeto prevê a criação de milhares de empregos.

"Estamos fazendo um alinhamento com o governo federal solicitando a criação de novas linhas de financiamento com taxas mais atrativas compatíveis com outras regiões e, em paralelo, estamos falando com o governo do RS para que nas ações de reconstrução sejam utilizadas fontes de energia renovável, como em iluminação de prédios públicos e empresas públicas. É importante ressaltar que o projeto não prevê nenhuma utilização de uso de recursos públicos, apenas privados. Estamos apenas solicitando a criação de um ambiente propício para isso", explica Daniela.

O Sindienergia também lembra de outros cenários difíceis enfrentados no Estado nos últimos anos. Na última década, o RS também enfrentou adversidades como o apagão de conexão devido aos atrasos nas obras do Leilão 2004/2014, a recessão econômica de 2014-2016, a pandemia de Covid-19 e três verões consecutivos de secas severas.

"Mesmo diante desses desafios que dificultam a atração de investimentos, estamos atuando na reconstrução de um Estado que priorize a segurança social, a preservação ambiental e a promoção da transição energética", diz a presidente do sindicato gaúcho.

O programa prevê ainda uma segunda fase, prevista até 2040, onde o foco será o fomento do hidrogênio verde e outras tecnologias.

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Veja as fases do projeto:

- A curto prazo (Até cinco anos): A capacidade de conexão aumentará de 3,8 GW para 8 GW. Investimentos imediatos incluem 2 GW em projetos com outorga, resultando em R$ 14 bilhões investidos e 9 mil novos empregos. Isso pode gerar R$ 105 milhões em tributos, R$ 660 milhões em receitas anuais e evitará a emissão de 2,7 milhões de toneladas de CO2.

- Até 2040: Prevê-se um aumento de demanda para 30 GW em novos projetos de todas as fontes, representando R$ 210 bilhões em novos investimentos. Estimamos a criação de 150 mil empregos, R$ 1,6 bilhão em tributos anuais, gerando R$ 10 bilhões em receitas diretas e indiretas e evitando 1,7 bilhão de toneladas de CO2 no ambiente.

Como tudo começou

O movimento para a criação do programa, conforme Daniela, teve início em 2023, quando o Sindienergia fez a solicitação de linhas de financiamento com taxas menores. Atualmente, os modelos de financiamento para renováveis no RS geram taxas de financiamento que chegam a 20% ao ano de financiamento. Enquanto em outras regiões do Brasil esse índice é de 8,5% e 9% ao ano.

"A nível federal conversamos com o ministro Paulo Pimenta e o vice-presidente Geraldo Alckmin para a criação de linhas de financiamento compatíveis com outras regiões, como Nordeste e Centro-Oeste, como o fundo constitucional. Em função das enchentes voltamos a conversar com o governo federal em 2024. No entanto, sabemos que o fundo constitucional é um pedido muito difícil de ser atendido, tem uma série de regramentos, precisa mexer na Constituição. Apresentamos então para o ministro a utilização de fundos setoriais, como o uso do fundo do pré-sal. O ministro viu então a possibilidade do Rio Grande do Sul ter um projeto específico", detalha Daniela Cardeal.

As tratativas com o governo estadual também começaram em 2023. Daniela lembra que, em participação no Comitê de Planejamento Energético do Estado do Rio Grande do Sul (Copergs), o sindicato apresentou a possibilidade do Estado comprar energias renováveis.

"Levantamos este assunto do Estado começar a fazer o levantamento de toda a demanda de energia. A compra de energias renováveis está abaixo do que se paga hoje para concessionária (de energia elétrica) e ficaria alinhada com as questões da sustentabilidade. Alinha a necessidades, fomenta o setor e diminui o gasto público com energia, é uma redução de custo para a sociedade gaúcha", enfatiza Daniela, que também ressalta que já há uma preocupação de setores econômicos em relação ao uso de fontes renováveis.

"Uma nova indústria que se instala em em qualquer lugar e busca recursos bate de frente com métricas internacionais de desenvolvimento sustentável, principalmente se houver busca de financiamento. Há esta necessidade e até obrigatoriedade, principalmente se busca financiamentos internacionais."

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