ECONOMIA
Comércio lidera retomada da economia gaúcha, mas entidades fazem alerta; entenda cenário na região
Black Friday e Natal devem incrementar as vendas neste fim de ano, no entanto setor ainda sofre com consequências das enchentes
Última atualização: 01/11/2024 16:28
Mesmo com uma pequena redução no ritmo em agosto (-0,7%), o comércio varejista gaúcho continua puxando a recuperação econômica do Rio Grande do Sul após as enchentes de maio. No acumulado do ano, o setor apresenta crescimento de 7,7%, e no varejo ampliado, que considera os setores específicos do comércio, a alta acumulada até agosto de 2024 é de 7,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Em ambos os parâmetros, o Estado apresenta altas maiores do que os índices nacionais. O levantamento foi divulgado nesta semana pela Federação Varejista do Rio Grande do Sul.
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Mesmo com a recuperação em andamento, há uma preocupação com os próximos meses. "A evolução positiva dos números permite projetar crescimento na casa dos 7% para o setor, mas preocupa, ainda, o fato de que milhares de estabelecimentos fechados durante as enchentes ainda não reabriram suas portas", avalia o presidente da Federação Varejista do RS, Ivonei Pioner.
A preocupação tem relação com os setores de serviços, com queda de -7,4% no Rio Grande do Sul, e indústria, também com queda de -0,6% no desempenho de agosto, que contrariam as tendências de alta observadas no Brasil e que têm forte influência sobre o consumo no comércio varejista.
A Federação também destaca que há especial atenção com a tendência de alta na inflação. O IPCA de setembro, em Porto Alegre, foi de 2,86%, ainda inferior aos 3,31% registrados em nível nacional. Setores de alimentação, bebidas e transportes respondem por 42% da inflação dos gaúchos, e habitação e saúde, por outros 27% dos gastos.
Mesmo com um pé no acelerador e o outro no freio, o comércio tem motivos para celebrar neste final de ano já que duas importantes datas estão chegando: Black Friday e o Natal. "Estamos buscando equacionar problemas, com apoio da Federação Varejista, e criamos também a campanha Natal Show, que está nos surpreendendo com o grande número de adesões. Estamos muito confiantes com esta retomada, ainda mais com a chegada do Natal", diz o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de São Leopoldo, Olinto Menegon.
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As Câmaras de Dirigentes Lojistas de Canoas e Novo Hamburgo, outras duas cidades afetadas com as cheias, lembram que o aquecimento do setor tem relação com a compra por necessidade, especialmente de itens mobiliários e eletrodomésticos, além claro da habitual compra de itens básicos como alimentos e bebidas.
"É importante que esta estabilidade se mantenha. Datas como a Black Friday, em novembro, e o Natal, em dezembro, auxiliam nisso. Os lojistas precisam investir em promoções, descontos e ter muita atenção na hora do pagamento. Infelizmente o índice de inadimplência ainda é muito alto", observa o presidente da entidade lojista de Canoas, Éverton Netto.
"O comércio em geral vem se mostrando resiliente e vem liderando a retomada da economia em todo o Estado. Isso se deve ao comprometimento dos lojistas em inovar e adaptar suas estratégias para atender às novas demandas dos consumidores", completa o presidente da entidade lojista de Novo Hamburgo, Leonardo Lessa.
Pesquisa da Federação Varejista do RS
Assim como observado desde o início do ano, as compras de produtos básicos seguem destacadas entre os consumidores gaúchos. Conforme levantamento da Federação Varejista do RS, os setores de hipermercados e supermercados (13,4%) e de atacados de alimentos e bebidas (12,6%) tiveram, em agosto, crescimentos superiores ao dobro do registrado no País. A alta no varejo também foi observada, mais uma vez, em setores diretamente ligados à reconstrução e retomada da vida normal nas cidades gaúchas.
Móveis e eletrodomésticos tiveram alta de 12,2% no mês no Estado, o triplo do índice nacional. Em materiais de escritório (19,6%), a alta foi cinco vezes maior do que no País. Também em crescimento, o setor de materiais de construção (3,8%) segue a mesma tendência nacional. Por outro lado, segue a queda observada nos meses anteriores em relação a itens como combustíveis e lubrificantes, de -3,8%. Também houve redução neste setor no panorama brasileiro, mas menos acentuada.
O Panorama do Comércio aponta, ainda, a maior redução de inadimplentes no Rio Grande do Sul (-3,11%) em relação ao Brasil (-0,32%) neste período. O saldo de empregos no Estado em agosto foi positivo, de 10,4 mil vagas, somente no comércio, foram 2,4 mil vagas.