A recuperação da infraestrutura do Rio Grande do Sul após a catástrofe climática que afetou 90% dos municípios gaúchos custará entre R$ 110 bilhões e R$ 176 bilhões. É o que prevê o relatório Macro Impactos Econômicos das Enchentes, produzido pela Bateleur e apresentado à diretoria da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul).
O estudo considera parâmetros internacionais de eventos similares, incluindo o custo médio global de resposta a desastres naturais e uma estimativa de reconstrução com base na infraestrutura nacional e estadual. A projeção ultrapassa o prejuízo total registrado pelo Estado nos últimos 30 anos, quando cerca de 20% dos danos nacionais com desastres climáticos (o equivalente a R$ 100 bilhões) estiveram concentrados no RS.
De acordo com o CEO da Bateleur, que também é vice-presidente e coordenador da divisão de economia da Federasul, Fernando Marchet, as enchentes irão frear o avanço da economia gaúcha.
“O Rio Grande do Sul crescia acima da média do Brasil, com uma projeção de 4,32% para este ano. No entanto, após as chuvas, a estimativa caiu para -0,77%. Pode parecer pouco, mas é uma queda de cinco pontos percentuais. Em um cenário pessimista, pode ser ainda pior, chegando a -2%”, avalia Marchet.
Prejuízos em várias áreas
O levantamento leva em consideração prejuízos em diversas áreas do Estado como agricultura e serviços. Somente na agricultura os prejuízos estimados podem ultrapassar os R$ 2,0 bilhões, concentrados especialmente nos grãos.
No setor de serviços, cerca de 70% das empresas do estado tiveram atividades interrompidas e a queda na demanda, intensificada em setores não essenciais, já é realidade nas regiões mais afetadas.
No que diz respeito a força de trabalho como um todo, os principais impactos devem ser sentidos nos serviços de transporte, dados os estragos em estradas e rodovias, e nos serviços prestados às famílias, que consolidam serviços de alimentação, com menor impacto em serviços profissionais, administrativos e complementares.
“A falta de dados não permite uma análise mais consistente em alguns setores. Ainda há muitas respostas a serem dadas”, ressalta Marchet, enfatizando que a extensão dos danos ainda não foi totalmente contabilizada e deve ser ainda maior.
Impacto nacional
A economia nacional também deve sentir parte desses impactos, especialmente pelas interrupções nas cadeias de fornecimento agrícola e redução nas exportações.
O levantamento traz também problemas no cenário fiscal que devem ser intensificados pelos recursos destinados à recuperação do Rio Grande do Sul. Segundo estimativas de mercado, a primeira leva de recursos vai gerar um impacto de aproximadamente R$ 14 bilhões no resultado primário.
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