ECONOMIA

CATÁSTROFE NO RS: "Impactos de curtíssimo prazo", diz economista sobre alta do arroz e outros alimentos

Patrícia Palermo falou sobre alta dos alimentos e outros impactos na economia gaúcha durante entrevista à rádio ABC

Publicado em: 10/05/2024 17:34
Última atualização: 10/05/2024 17:34

Além do problema no reabastecimento e abastecimento no setor de alimentos, a alta de preços é também uma preocupação dos gaúchos. Com redução em oferta e aumento da demanda e perdas em setores como agricultura, indústria e comércio, alguns produtos já registram aumento de preço nos supermercados. É o caso do arroz. Alguns clientes relatam que as embalagens de 5kg chegam a custar quase o dobro do que era registrado na semana passada.


Consumidores já notam aumento no preço do arroz Foto: Adobe Stock

Em entrevista à rádio ABC na manhã desta sexta-feira (10), a economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio), Patrícia Palermo, analisou o cenário dos alimentos no Rio Grande do Sul.

"Teremos impactos de curtíssimo prazo. Eles são gerados pela interrupção da sequência lógica das coisas. A nossa vida deu uma freada e há impactos em termos de atividade econômica. As compras não são feitas do mesmo jeito, há restrições, movimentação populacional, concentração de esforços em alguns setores da economia, por exemplo, compramos muita água e muita comida, mas outras atividades pararam", explica.

Segundo Patrícia, só será possível mensurar as perdas econômicas quando a água, enfim, baixar. Mas, a estimativa, já está na casa dos bilhões de reais. 

"Quando as águas baixarem que veremos a perda de riquezas. A renda é fluxo, geração de recursos, o PIB. A riqueza é o nosso estoque, propriedades, as coisas que temos em nossa propriedade. Vamos ter muita gente que não terá condição 'religar'. Existe todo um custo de readaptação. Na pandemia, não se teve uma estrutura abalada, não se teve perdas materiais tão relevantes e tão de supetão. Na pandemia esperávamos levantar as portas das lojas e voltar a funcionar. Agora, quando a gente voltar que vamos descobrir o que tem lá dentro. Não temos como saber das perdas, mas a estimativa é na casa dos bilhões. Tivemos perdas em todas as frentes, de rebanho, lavouras, culturas permanentes, indústria, comércio, serviços", detalha a economista-chefe da Fecomércio.

A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), informou que pode haver aumento de preço em alguns itens relacionados ao fim dos benefícios fiscais, o que aumentou o ICMS desde o último dia 1º. A entidade destaca ainda que a elevação de valores pode ter relação com a indústria, que é diretamente afetada com a catástrofe, mas que não há elevação na margem dos supermercados.

Haverá alternativa

Na entrevista realizada com a apresentadora da ABC, Jeania Romani, Patrícia Palermo acalmou a população em relação ao aumento do valor do arroz, alimento bastante consumido pelos gaúchos e que tem sido essencial também nas cozinhas dos abrigos. Assim como as hortaliças, a produção de arroz foi bastante afetada com as enchentes e também está em falta em alguns supermercados.

"Vamos ter perdas de produção relevantes neste tempo. Tem a questão da oferta e demanda, temos uma redução de oferta absurda. As hortaliças estavam ali e foram inundadas e a demanda segue existindo. Tem também o aumento no custo de transportes. E também teremos oportunistas, sempre tem gente que abusa. Mas, a parte de preços vai se resolver muito rápido. A questão do arroz é semelhante ao álcool em gel na época da pandemia. Na primeira semana foi a R$ 40 um tubinho, depois não havia mais este problema", diz.

Além disso, a economista lembra que no RS existem grandes redes supermercadistas muito bem estruturadas. "E elas têm uma rede de fornecedores com alternativas bastante razoáveis."

Vai faltar arroz?

A Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul descarta risco de desabastecimento de arroz. Segundo a entidade,  84% da área cultivada no Estado foi colhida antes do início das chuvas, de modo que a projeção da safra 2023/2024 atinge aproximadamente 7.150 mil toneladas, o que representa uma redução de cerca 1,24% em relação ao volume produzido na safra anterior.

"Assim, percebe-se que a possível diminuição da disponibilidade de arroz em razão das perdas de produtores afetados pelas enchentes que assolam o Estado será, inevitavelmente, compensada pelo incremento da importação e perda de competitividade do arroz brasileiro no mercado externo", ressalta a federação em nota assinada também pela Federação das Cooperativas de Arroz do Rio Grande do Sul (Fearroz), Sindicato das Indústrias de Arroz de Pelotas (Sindapel) e Sindicato das Indústrias do Arroz do Estado do Rio Grande do Sul (Sindarroz).

 

 

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