BUSCA REPENTINA
CATÁSTROFE NO RS: Cresce a procura por imóveis de aluguel após alagamentos na região; entenda
Gestores e corretores de imóveis avaliam demanda que vem em alta desde o começo de maio
Última atualização: 16/05/2024 17:11
Uma imobiliária com sede no Centro de Novo Hamburgo recebeu mais de 100 mensagens na última quarta-feira (15). Todas de pessoas que buscam moradia com contrato de aluguel. O crescimento na demanda de imóveis para locação é uma realidade em meio à catástrofe que atinge o Estado. São moradores que tentam sair de abrigos ou da casa de parentes e amigos ou que querem encontrar uma alternativa para "fugir" das áreas de risco.
"De sexta de noite (10) até agora (16) foram tantas mensagens que nem conseguimos dar conta de tanto e-mail, contato via site, pelo WhatsApp. Temos quatro atendentes para isso, tivemos até que deslocar uma outra colaboradora para a função. A maioria procura por casas de aluguel, até porque saíram, e ainda bem, levando seus animais de estimação", conta uma das gestoras da imobiliária, Gabrielle Dapper.
Ainda segundo Gabrielle, provavelmente boa parte dos contatos não resultará em uma locação. "Há uma espécie de susto geral, que é justificável. Pode ser uma demanda inicial, especialmente porque quando há questões de quebra de contrato há multa. Tem gente buscando, mas é possível que quando água comece a baixar eles desistam. Acredito que a alta procura dure mais uns 15 dias. No momento, a procura tem sido de moradores de Novo Hamburgo e São Leopoldo por casas entre R$ 800 e R$ 2 mil ao mês nestas mesmas cidades", diz.
A gestora de locações Cristiane Veronez, que tem clientes no Vale do Sinos, especialmente em Novo Hamburgo, percebeu o crescimento, que classifica como "absurdo", desde o dia 5 de maio. "E logo depois, ali pelo dia 7 de maio, a demanda dobrou. A empresa que atendo trabalha com plataformas de locação e temos tido uma busca significativa também nestes meios", comenta Cristiane.
A imobiliária que Cris atende não costuma trabalhar com locações temporárias. "São pessoas buscando por contrato de dois, três meses, e nesta imobiliária é acima de 12 meses, nosso clientes estão acostumados com isso e fica inviável alugar por temporada. Mas, para auxiliar estas pessoas a buscarem um teto, saírem dos abrigos e dar qualidade de vida até voltarem para suas casas, orientei as equipes para que conversem com os proprietários com imóveis mais em conta para que seja viabilizado", relata a gestora de locações.
Tentativa que deu resultado
Em uma imobiliária do bairro Rio Branco, também em Novo Hamburgo, os contratos de locação também são fechados com período superior a 12 meses. No entanto, com a busca repentina de quem precisou abandonar sua casa, tentativas são feitas junto aos proprietários.
"A demanda tem sido grande. A procura é principalmente para imóveis de 60 a 90 dias. Tive dois imóveis para aluguel temporário autorizados pelos proprietários. Mas, também ouvimos muitos nãos. O que dificulta hoje é o tempo de contrato", explica o sócio da empresa Carlos Eduardo Kranz.
Conforme Kranz, até uma empresa do Município tenta encontrar um imóvel temporário para seus funcionários.
Entidades ligadas ao setor imobiliário no Estado foram procuradas pela reportagem para saber se o cenário se repete em outras regiões, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.
Outras alternativas
Entre outras alternativas encontradas por moradores que residem em áreas com alagamentos está a busca por espaços em pousadas, hotéis e por uma conhecida plataforma de aluguel temporário.
Um morador de São Leopoldo que precisou deixar o condomínio onde mora desde o início das enchentes, há mais de duas semanas, é uma destas pessoas que pensou em alternativas temporárias enquanto não consegue voltar para casa.
"Alugar casa temporária está difícil de conseguir. Vi um hotel em Novo Hamburgo que pede R$ 175 diária e R$ 25 a garagem, mas ainda assim estava lotado. Pelo Airbnb pesquisei em São Leopoldo e a média é de R$ 200, R$ 250 a diária, fica inviável", comenta Taciano André Pirolla, 44 anos.