PREJUÍZO
CATÁSTROFE NO RS: Igrejinha registra mais de R$ 99 milhões em perdas na indústria calçadista e empregos devem ser afetados
Indústria calçadista do Vale do Paranhana tenta retomar atividades, mas segue enfrentando dificuldades
Última atualização: 09/05/2024 16:57
A prioridade em meio à catástrofe que atinge o Rio Grande do Sul segue sendo o resgate e atendimento às vítimas. Em algumas áreas a água baixou e moradores e empresas tentam retomar suas atividades. Na indústria, entre os setores mais afetados com a enchente está o calçadista. Somente em Igrejinha, no Vale do Paranhana, 62 empresas foram atingidas pelas águas.
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados de Igrejinha (Sindigrejinha), Vinicius Mosmann, os prejuízos nas fábricas da cidade, contabilizados até esta quinta-feira (9), ultrapassam R$ 99,5 milhões.
"Inclusive passamos um ofício através do deputado Joel Wilhelm (PP), que foi assinado por mim e também pelo sindicato patronal de Ttrês Coroas, e ele levou ao conhecimento do secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Ernani Polo, a situação das nossas empresas", conta Mosmann.
O levantamento do sindicato mostra estimativa de impactos nos próximos três meses. Todas as empresas informaram que devem ter queda na produção, 20% disse que prevê demissões, 80% esperam dificuldades na obtenção de insumos e 60% trabalha com a expectativa de necessidade de crédito.
Empresas afetadas
Entre as fábricas afetadas pela tragédia que assola o Estado, estão a Quintin e a Evafórmula, do grupo QTN. Ambas trabalham com componentes para calçados, a primeira faz palmilhas de montagem e a outra palmilhas de EVA. As empresas dirigidas por Mosmann estão agora na fase de reconstrução.
"As empresas estão 90% limpas, pois iniciamos rapidamente os trabalhos logo na sexta de manhã (3 de maio), com lideranças da empresa e pessoas que estavam disponíveis. Os prejuízos em matéria-prima, material pronto, problemas de maquinário ultrapassam R$ 1 milhão, somando as duas empresas", conta o empresário e presidente do Sindigrejinha.
A maior dificuldade, ainda conforme Vinicius Mosmann, é a previsão de retomada das operações.
"Nesse momento, o maior prejuízo é a dificuldade na retomada. Já se passaram 7 dias e ainda estamos rodando a 20% da capacidade. Isso afeta muito o fluxo de caixa e não temos previsão de acelerar esse processo, pois as dificuldades são enormes tanto em pessoal para trabalhar quanto em reposição de peças para voltar o funcionamento das máquinas. Mas, dentro de mais 10 dias prevejo um retorno a 80% da capacidade, aí poderemos entender melhor o cenário", explica.
A fábrica da Calçados Beira Rio que fica em Igrejinha também foi impactada pela enchente. A empresa informou que retomou o funcionamento da filial desde a última quinta-feira (8). A calçadista ainda enfrenta problemas na indústria de Roca Sales, no Vale do Taquari, fortemente atingida, e com fornecedores e terceirizadas que estão tendo dificuldade de operar.
Outros setores
Conforme o secretário de Administração e Desenvolvimento Econômico de Igrejinha, Alberto Vinícius Petry, outros segmentos foram afetados, como o da alimentação e vestuário.
"Ainda temos empresários promovendo limpeza e identificação de danos em máquinas e equipamentos. O comércio de alimentação praticamente retomou atividades em sua totalidade, mas ainda enfrenta desabastecimento de itens", relata.
Em Três Coroas
A cidade de Três Coroas também enfrenta as consequências das cheias. A calçadista Bebecê perdeu todo seu estoque e o e-commerce também foi afetado.
A empresa anunciou nesta quinta-feira (9), que está limpando os calçados que foram sujos pela enchente e que ainda poderão ser reaproveitados para doá-los a quem precisa. "Nem todos os materiais resistem à água e barro, então iremos doar o que for possível", disse em suas redes sociais.