O governo federal anunciou, na noite da última quarta-feira (27), um pacote de medidas que prevê cortes obrigatórios de gastos. Segundo a equipe econômica, o corte seria de R$ 70 bilhões em dois anos (R$ 30 bilhões em 2025 e R$ 40 bilhões em 2026). O mercado financeiro não reagiu bem ao anúncio feito pelo ministro Fernando Haddad.
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Impactos do pacote econômico, balanço do cenário de 2024 e as projeções para 2025 foram os principais temas abordados pelo vice-presidente de Economia da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos (ACI-NH/CB/EV/DI), André Momberger, em evento realizado na sede da entidade empresarial, em Novo Hamburgo, nesta sexta-feira (29). Após a palestra, ele concedeu entrevista ao ABCmais.
“Ao meu ver combater fraudes em programa social, como o bolsa família, tem que ser no dia a dia. Acho a medida justa, mas problema é como é feita, não pode ser algo jogado deste jeito. Há uma inabilidade de comunicação. Em suas explicações o ministro Haddad disse que o mercado estava alvoroçado porque não entendeu a proposta, que é algo que será debatido ainda de 2025 para 2026. Mas porque falou nesta semana então? É preciso mexer nos sumidouros de dinheiro, como supersalários. Não sou contra mudar a estrutura de renda, mas seria melhor uma tabela gradual, uma transição de 4, 5 anos”, avalia Momberger.
Embora existam questões preocupantes, segundo o vice-presidente de economia da entidade regional, o Brasil deve fechar o ano com crescimento de 3.4%. “E devemos seguir crescendo em 2025. O Brasil vai até o precipício, mas nunca se atira. As coisas vão mal, mas acaba conseguindo sair, melhorar.
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Indústria calçadista
Com a valorização da moeda americana, as exportações ganham força. Momberger lembra que isso favorece a economia da região, especialmente o setor calçadista. “O dólar apreciado é benéfico para nossa região, para quem exporta, é claro. pra quem exporta. O vale é uma região exportadora, temos a indústria do calçado muito forte.”
O problema, ainda segundo Momberger, é a volatilidade da taxa de câmbio. “Qual dólar vou precificar o meu produto? É preciso ter instrumentos de hedge, de proteção no intervalo para expurgar parte da volatilidade”, observa.
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Medidas estruturantes e judiciário
Sobre ações que considera realmente eficazes para a economia do País, o vice-presidente da ACI ressalta a importância de medidas estruturantes.
“Faltam medidas estruturantes. Por exemplo, a Reforma da Previdência. Tu mexe em despesa muito alta, muda estrutura dela e pesa menos. Dentro do pacote anunciado nesta semana, se mexe na aposentadoria dos militares, essa é uma medida estruturante e importante. E uma medida pouco debatida é a de isenções fiscais. Desde a época do governo Dilma se concedeu uma série de isenções fiscais, se tornou um grande problema. A principal reforma é a administrativa, mexer no tamanho do estado. E, claro, a reforma Judiciária. No mesmo dia do anúncio do Haddad os juízes aprovaram a volta do quinquênio, com retroativo de 2006, isso gera um impacto de R$ 40 bilhões. É um absurdo. Se não mexer em tudo isso vamos continuar sempre com uma conta que não fecha”, lamenta Momberger.
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