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INDÚSTRIA CALÇADISTA

BFSHOW: "Que possamos pagar menos imposto que a China"; importação predatória em debate na feira calçadista

Coletiva sobre setor calçadista ocorreu nesta terça-feira, durante programação da BFSHOW

Juliana Dias Nunes
Publicado em: 12/11/2024 às 14h:54 Última atualização: 12/11/2024 às 17h:16
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A 3ª edição da BFSHOW teve início na última segunda-feira (11) e segue até a quarta (13) reunindo mais de 330 marcas brasileiras de calçados no Distrito Anhembi, em São Paulo (SP). A mostra coureiro-calçadista reflete o otimismo do setor especialmente no que se refere ao mercado interno com boas projeções de encerramento para este ano e de incremento para 2025. E as exportações também têm um espaço especial no mercado, embora enfrentem mais desafios.

ENTENDA AQUI: Exportações em queda e importações em alta: Mercado internacional afeta indústria do calçado; entenda

 

Coletiva ocorreu nesta terça (12) durante a programação da BFSHOW | abc+



Coletiva ocorreu nesta terça (12) durante a programação da BFSHOW

Foto: Divulgação

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O mercado externo foi o principal tema da coletiva do evento nesta terça (12), com a presença de Haroldo Ferreira, presidente-executivo da Abicalçados, João Paulo Picolo, CEO da NürnbergMesse Brasil, Mariele Christ, coordenadora de Indústria e Serviços da ApexBrasil e representantes de importantes empresas calçadistas como Roberto Argenta, presidente da Calçados Beira Rio, com sede em Novo Hamburgo.

Ferreira começou sua fala lembrando dos resultados do mercado doméstico. “Nossa projeção é encerrar o ano com crescimento em torno de 3%. Já o crescimento do consumo aparente é de 9% este ano, cresceu ainda mais. E em empregos, o número gerado é de 294 mil.”

O dirigente da Abicalçados trouxe como principal desafio das exportações, com queda registrada de 20,7% até outubro, a concorrência desleal praticada por países asiáticos. “A indústria que poderia crescer mais está sendo afetada pelo aumento da importação, que se concentra 80% em China, Vietnã e Indonésia. E também há um aumento expressivo de Myanmar e Camboja. Tudo isso afeta os números da importação nacional e prejudica a nossa exportação para vários países, incluindo os Estados Unidos, todos afetados pela concorrência predatória da Ásia”, avalia o presidente-executivo da Abicalçados.

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Ferreira destacou ainda que as entidades que representam o setor têm trabalhado junto ao governo federal para impedir a prática do dumping. “Todos sabemos que temos proteção contra a concorrência asiática que se chama antidumping. A China, assim como a Indonésia, um dos maiores produtores de calçados, principalmente esportivos, praticam dumping com o Brasil. A importação predatória em países que muitas vezes não praticam ESG. O Brasil é o único produtor mundial em que existe uma cadeia certificada com o selo Origem Sustentável. Quando há produtos vindos da Ásia sem condições mínimas de ESG é concorrência desleal e o consumidor muitas vezes está consumindo algo achando que é o correto, mas que prejudica inclusive a sua saúde”, afirma.

Outra prática considerada desleal pela indústria nacional do calçado é a taxa das plataformas internacionais. Mesmo com o retorno da taxação, ainda não há equidade em relação ao que a indústria brasileira paga de tributos. “Antes a tributação em plataformas internacionais era de 60%, depois ela foi zerada e aí veio a alíquota de 20%. Essa alíquota não é suficiente para a carga tributaria que a indústria nacional sofre. Estamos trabalhando junto aos governos estaduais para que haja equidade tributária em relação as plataformas internacionais de compras”, destaca Ferreira.

Argenta também ressaltou a importância de ações do governo federal para que a indústria tenha condições de exportar mais. “É preciso dar mais espaço paro nossos ministérios, como o de Relações Exteriores, de Indústria e Comércio. Não se vê ações concretas para que se melhore as exportações, falo principalmente da América Latina, que atingimos com mais facilidade. Não queremos que nossa mercadoria seja isenta, mas que possamos pagar menos imposto que a China, isso já seria uma grande vantagem. O foco do governo federal deveria ser cuidar da nossa indústria.”

A BFSHOW

O evento calçadista segue nesta terça (12), até às 19 horas; e na quarta-feira (13), das 9 às 17 horas. Das 330 marcas, 108 são de empresas do Rio Grande do Sul.

Entre os 10 mil visitantes esperados estão compradores convidados em projetos conjuntos realizados pela BFSHOW, Abicalçados e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Estão confirmados, neste contexto, 478 compradores nacionais de 290 redes de lojas e 160 importadores de 100 empresas.

“No total, temos compradores de 61 países na feira, o que torna a BFSHOW umas das mostras mais internacionalizadas das Américas”, ressalta o CEO da NürnbergMesse Brasil, João Paulo Picolo.

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