ECONOMIA
"A rede que pegava tainha agora também pega sardinha": Entenda o monitoramento do PIX e cartão de crédito
Vice-presidente de Economia da ACI, André Momberger, explica as mudanças na fiscalização das movimentações financeiras
Última atualização: 07/01/2025 15:08
A Receita Federal ampliou a fiscalização de movimentações financeiras e passou a incluir em seu rastreio operadoras de cartão de crédito e das chamadas "instituições de pagamento", como os bancos digitais. Com mudanças nas regras, quem utiliza PIX e cartão de crédito se pergunta: o que acontece agora?
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O vice-presidente de Economia da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha e Dois Irmãos (ACI-NH/CB/EV/DI), André Momberger, explica que a obrigatoriedade de informar movimentações acima de R$ 5 mil para pessoa física e R$ 15 mil para pessoa jurídica já existia, assim como em movimentações acima de R$ 10 mil em cartão de crédito. A obrigatoriedade era válida, até dia 1º de janeiro de 2025, apenas para bancos públicos e privados.
"O COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) foi criado pra tentar controlar o 'dinheiro frio', aquele dinheiro sem nota. Com o PIX, o que passou a acontecer é que outros agentes financeiros, como bancos digitais, financeiras, mercado livre, picpay, que não estavam enquadrados 100% na legislação entraram para a regra. A regra na verdade não mudou, o escopo de controle foi ampliado. Tem gente que emite várias remessas de R$ 4.999, este tipo de fraude fiscal será revelada com a nova medida. A rede que pegava tainha agora também pega sardinha."
Segundo o especialista em finanças não há motivos para preocupações. "Se tu recebe teu salário de forma legal pode movimentar o quanto for. O que pode acontecer, e isso já aconteceria de qualquer forma, é quando há uma movimentação estranha na conta, por exemplo: tu recebe R$ 10 mil e movimenta R$ 150 mil. Se não tem o que esconder, nada vai mudar", ressalta Momberger.
O vice-presidente da ACI faz outra análise prática. "Eu, por exemplo, troquei de carro recentemente. Eu uso cartão de crédito porque gosto de produzir milhas. Negociei 50% do valor no meu cartão. Vai ser um valor bastante significativo e o COAF já ia receber esta informação da minha operadora de cartão. Foi um gasto acima da média, mas eles olham, verificam de onde veio a compra e que tenho recurso para isso."
Combate à evasão fiscal
De acordo com o Fisco, órgão federal que controla e fiscaliza o recolhimento de impostos de abrangência nacional, "as medidas visam aprimorar o controle e fiscalização das operações financeiras, garantindo uma maior coleta de dados. Além disso, reforçam os compromissos internacionais do Brasil no âmbito do Padrão de Declaração Comum (CRS), contribuindo para o combate à evasão fiscal e promovendo a transparência nas operações financeiras globais."
Momberger lembra também que empresas, incluindo Microempreendedores Individuais (MEIs), que já operam dentro da legislação, com emissão de notas, seguirão operando sem qualquer problema. "O objetivo é controlar possíveis movimentações fraudulentas", observa.
O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, disse, em entrevista à CNN nesta terça-feira (7), que a privacidade e o sigilo bancário dos cidadãos serão mantidos. "Nós vamos cruzar esses dados com uma série de outros dados para poder focar a nossa energia naquela minoria de contribuinte que apresenta alguma inconsistência", afirmou.