PAIXÃO PELA FOLIA

CARNAVAL: Veja o que pensa o Rei Momo de Canoas

Xandy Mattos fala sobre a extensa relação com a festa popular

Publicado em: 11/03/2024 11:03
Última atualização: 11/03/2024 11:38

Um turbilhão de emoções. Assim é descrito o carnaval pelo Rei Momo de Canoas Xandy Mattos, de 57 anos. O carnavalesco, "cria" da festa popular canoense, fala sobre o passado, presente e futuro da folia no município.

Carnavalesco é apaixonado pela festa popular de rua da cidade Foto: Paulo Pires/GES

"Venho de uma família de apaixonados pelo carnaval. Minhas irmãs e irmãos mais velhos eram carnavalescos. Quando criança, eu participava dos ensaios junto com eles. Nessa época, o desfile era feito na [rua] 15 de Janeiro, ele começava no Conjunto Comercial e passava na frente da Prefeitura", relembra com saudosismo.

Em momentos de hiato da festa de rua na cidade, Xandy desfilou em Alvorada e na capital gaúcha como integrante da escola Imperadores do Samba. "Tivemos uma pausa de quase 10 anos, nos anos 1990. Nesse período não tínhamos desfiles, apenas apresentações nos bairros, como Rio Branco e Mathias Velho."

Após a retomada do carnaval, Xandy passou pelas escolas de samba Estado Maior da Rio Branco, Nenê da Harmonia e Acadêmicos de Niterói. "Fiz um tour", brinca. "Fui rei de bateria, passista, rei do samba. Às vezes, eu terminava um desfile e ia para outro."

Nome Artístico

Registrado como Luís Alberto da Rosa, o carnavalesco adotou o nome de Xandy Mattos durante a juventude.

"Desde a infância me chamavam de Xandy. No começo da vida profissional fui office boy. Na época, tinha uma colega trans chamada Gisele Mattos. Todo mundo achava que éramos irmãos pela nossa semelhança física. Foi quando tive a ideia de unir meu apelido com o sobrenome dela. Desde então, todo mundo me conhece pelo nome artístico que adotei. Se procurar por Luís Alberto ninguém sabe quem é", revela o morador do bairro Niterói.

Postagem inusitada

Xandy mantém o título de Rei Momo de Canoas desde 2018. Após uma postagem, em tom de brincadeira, no Facebook, o carnavalesco decidiu concorrer.

"Depois que um amigo meu, o Ex-Rei Momo Pedro Gregório, ficou doente, foi feito um novo concurso. Publiquei nas redes sociais 'Eis que surge uma estrela, Xandy Mattos, Rei Momo do Carnaval de Canoas'. Quando fiz a postagem foi de forma despretensiosa, porém a aceitação foi imediata. O pessoal começou a me apoiar de verdade", diz.

O amor à arte e o incentivo dos amigos fizeram com que Xandy optasse por participar da competição. "Eu ainda disse que sou magrinho, não tenho chance, mas no fim deu tudo certo."

Características do concurso para Rei Momo

Historicamente, o peso dos candidatos para Rei Momo foi levado em conta. Nos últimos anos, a mudança de regras ganhou destaque. Segundo o carnavalesco Xandy, em Canoas não existe mais restrição de peso para concorrer ao posto.

"O fator peso está em desuso. Antigamente, sim, os competidores eram pesados na primeira etapa. Do Rio Grande do Sul, eu fui um dos primeiros Reis Momos magros. Em São Paulo já se tinha, mas no Estado era novidade. Pode parecer estranho, mas eu sofri muito preconceito por ser magro e ter me tornado Rei Momo", relembra.

O canoense conta um fato inusitado durante o primeiro desfile em 2018. "Quando pisei na avenida ouvi 'Mas por que esse rei está tão magrinho? Está passando fome?' Eu levei na esportiva e ainda tirei foto com o pessoal que disse isso. Brinquei dizendo 'vai ter que me dar uma cesta básica'. Eu sou uma pessoa que gosta de comer bem."

Para o carnavalesco, a questão do peso não possui importância. Ele explica que o conhecimento sobre o tema é o principal diferencial, seguido pelo samba e carisma.

Busca por união e o futuro da festa

A atual situação do carnaval do município, sem desfile competitivo desde a pandemia de Covid-19, é encarada por Xandy como resultado da falta de união e demonstração de serviços comunitários por parte das escolas durante o ano.

"Sou crítico a essa questão. Não podemos exigir verba pública só quando o carnaval se aproxima. Se não temos projetos e ações em andamento no decorrer do ano fica mais difícil. É uma questão lógica, não seremos ouvidos. Precisamos apresentar oficinas e atividades de cunho cultural. Claro, o apoio da Prefeitura é essencial, mas sem mostrar trabalho perdemos parte da nossa voz e apoio popular", lamenta.

Apesar das dificuldades, o carnavalesco se diz otimista com o futuro da festa no município. "Tenho fé. Vamos conseguir nos reorganizar e trazer o brilho novamente."

Gostou desta matéria? Compartilhe!
CategoriasCanoasCultura
Matérias Relacionadas