Quanto mais se aproxima a Black Friday, mais cresce a vontade de aproveitar os descontos promovidos pelo comércio. E quando há a opção de parcelar em várias vezes no cartão, a tentação fica ainda maior. Mas será que é a hora de fazer uma determinada compra? Ou, antes disso, será que essa compra cabe no orçamento familiar, mesmo que “parceladinha”?
Para a psicóloga Marta Cristina Fuerstenau, consultora de Educação Financeira na Sicredi Pioneira, é fundamental que o consumidor se faça quatro perguntas essenciais: posso comprar? Preciso comprar? Para quem eu vou comprar? Esta compra é prioridade no momento?
“Se não der para comprar, não compre! Lembre-se que, se você não conseguir pagar a fatura do cartão de crédito, o parcelamento dela tem taxas de juros altas, portanto, caso não entre no seu orçamento, melhor não comprar! O barato pode sair caro no final”, alerta.
O mau uso do cartão de crédito, inclusive, é um problema para muitos brasileiros. De acordo com dados do Serasa referentes a setembro deste ano, o percentual de inadimplentes no Brasil é de 44,87%. E a principal dívida por segmento é, justamente, do cartão de crédito — representando 28,03%. “Quando a Black Friday se aproxima, entende-se que sim, é uma oportunidade de compras com descontos, no entanto, pode ser um momento de consumo exagerado ou sem necessidade, potencializando os dados acima citados”, ressalta.
Para a especialista, o ideal é acompanhar os preços dos produtos com antecedência, analisando o histórico dos valores para se certificar que, realmente, existe desconto aplicado sobre o preço. “E não se esqueça de conferir detalhes como frete ou taxas, bem como a política de devolução de cada estabelecimento, a fim de evitar surpresas no momento do pagamento ou recebimento de algo que precise devolver posteriormente”, recomenda.
Marta lembra que uma opção sempre bem-vinda é consumir de empreendimentos locais e regionais, impulsionando a economia e gerando impacto positivo na comunidade.
Outra sugestão da educadora para usar a Black Friday é estabelecer um limite de gastos, isso porque logo em seguida começa o período de férias e os gastos de final e início de ano. “Apesar dos descontos serem interessantes, a vida em família continua, bem como, as contas mensais e demais gastos”, lembra.
Fora isso, ela ainda recomenda evitar o ato da compra em momentos de emoções potencializadas, como tristeza, ansiedade, baixa autoestima ou mesmo insegurança. “São sentimentos que acabam interferindo na decisão do consumidor, podendo gerar um arrependimento e dor de cabeça depois”.
Cuidado com o golpe
Além de pensar de maneira consciente sobre o ato da compra, outro cuidado que precisa ser feito é sobre a segurança da operação. Afinal, são vários os relatos de fraudes e golpes em época de Black Friday. Marta recomenda tomar cuidado com ofertas muito chamativas ou muito baixas em comparação a outros sites ou lojas. “Atenção, também, ao clicar nos links de sites que aparecem nas redes sociais”, avisa. Inclusive, o Sicredi criou uma cartilha com dicas para a segurança digital e está disponível aqui.
Confira as principais dicas da especialista
- Defina o valor limite que poderá gastar, considerando que o cartão de crédito é apenas uma forma de pagamento, ou seja, no momento do pagamento da fatura mensal, ele deverá ser pago de forma integral, a fim de evitar endividamentos e não comprometer a renda futura;
- Pense que após o período de Black Friday, virão as férias, os pagamentos de impostos e material escolar, portanto, pense que apesar dos descontos da Black Friday serem interessantes, a vida em família continua, bem como, as contas mensais e demais gastos de final de ano ou mesmo início do próximo ano.
- Não conte com o dinheiro que você ainda não tem.
- Se não der para comprar, não compre! Lembre-se que, se você não conseguir pagar a fatura do cartão de crédito, o parcelamento dela tem taxas de juros altas, portanto, caso não entre no seu orçamento, melhor não comprar! O barato pode sair caro no final!
- Sempre que possível, priorize consumir de estabelecimentos locais e regionais, gerando impacto positivo na sua comunidade.
- Qualquer relacionamento em família é afetado pelo dinheiro, e o tempo de qualidade que passam juntos e as manifestações de carinho não precisam ser economizadas, portanto, reflita: Preciso comprar para demonstrar carinho?
- A frustração em não receber algo material, também é um aprendizado para pais e filhos. Amar também é dizer não, impor limites e mostrar quem nem sempre o consumo será o maior ato de carinho e amor, mas sim, investir na explicação de onde vem o dinheiro e quais as formas de economia que a família pode realizar junta.
- Aprender que investir em sonhos também passa a ser uma opção e não apenas o consumo momentâneo. Renunciar ao momento presente para colher no futuro também é ser educado financeiramente!