AGÊNCIA LUPA

AGÊNCIA LUPA: Vereador do PT foi preso por posse irregular de arma, não por desviar doações no RS

Publicado em: 17/06/2024 14:40
Última atualização: 17/06/2024 14:41

Circula nas redes sociais um post afirmando que um vereador do PT da cidade de Palmares do Sul (RS) foi preso por desviar doações destinadas ao Rio Grande do Sul. É falso. Embora investigado em operação que apura possíveis desvios de doações, o motivo da prisão foi outro.
Por WhatsApp, leitores da Lupa sugeriram que esse conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação:


Legenda de post que circula no WhatsApp Foto: Reprodução/Agência Lupa

No dia 8 de junho, durante a segunda fase da operação Desvio, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul realizou mandados de busca e apreensão na casa de dois vereadores de Palmares do Sul (RS), com o objetivo de apurar supostos crimes praticados para obtenção de donativos e desvio de finalidade na distribuição. Houve uma prisão em flagrante por posse irregular de arma de fogo, segundo a Polícia Civil — ou seja, a detenção se deu sem qualquer relação com o crime apurado.

A Polícia Civil não divulgou o nome do vereador preso, mas o vereador Filipe Lang (PT), que é pré-candidato a prefeito e foi um dos alvos dessa operação, publicou um vídeo em suas redes sociais em que afirma que foi apreendido em sua residência um revólver calibre 38, do ano de 1945, e algumas munições, herança de seu avô. Entretanto, após pagar fiança, o parlamentar foi liberado. "Estiveram em minha casa, procuraram e não acharam absolutamente nada vinculado a irregularidades na distribuição de cestas de alimentos. Apenas acharam o revólver do ano de 1945, que o meu avô, três anos atrás, antes de morrer, me deixou de presente", disse.

Ele também afirmou que não há qualquer irregularidade nas doações. Segundo o vereador, a grande dúvida da investigação é por que as doações não passaram pela Prefeitura e foram direto ao Centro de Distribuição. "[...] As doações podem ser, sim, feitas a entidades, instituições não governamentais e voluntários, e não somente para a Prefeitura, como muitos alegam. Tudo foi feito dentro da legalidade".

O vereador Polon de Oliveira (União Brasil), outro alvo da operação, também publicou vídeo em suas redes. Ele afirmou que foram apreendidos dois celulares e mais R$ 15 mil em espécie em dinheiro na casa dele. E negou qualquer irregularidade. "Eles entendem [Polícia Civil e Ministério Público] que houve desvio de finalidade das doações, não desvio de doações. Nós não desviamos nenhuma cesta básica. Tanto que todas as cestas, que não foram distribuídas, estavam lá no centro de distribuição".

De acordo com a investigação dos promotores de Justiça, os donativos não teriam passado oficialmente pela Prefeitura. "Tudo indica que foi uma doação para um pré-candidato no próximo pleito. E já temos provas de que parte destes donativos foi encaminhada para famílias não flageladas, conforme planilhas apreendidas”, afirmou o promotor Mauro Rockenbach, em nota publicada no site do MP do Rio Grande do Sul.

Em 4 de junho, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (Gaeco) já havia realizado uma primeira fase dessa operação. De acordo com as investigações, os alvos da operação, dentre eles o vereador Manoel Antunes Neto (PL), se aproveitaram dos cargos que ocupam para desviar donativos para as residências e oferecê-los em troca de voto.

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