AGÊNCIA LUPA
AGÊNCIA LUPA: É falso que o governo Lula adquiriu "arroz de plástico chinês"
Última atualização: 27/05/2024 18:13
Circula nas redes um vídeo que mostra a produção sintética de arroz. Segundo a legenda, esse seria o produto adquirido pelo Brasil para suprir o mercado interno. É falso.
Por WhatsApp, leitores sugeriram que o conteúdo fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
O Brasil não pretende adquirir arroz sintético para suprir o mercado após as enchentes que atingiram lavouras no estado do Rio Grande do Sul. A Lupa contatou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e questionou sobre a narrativa que circula nas redes sociais. Segundo a Companhia que é responsável pela mediação e aquisição do produto, as publicações são falsas.
“Isso é fake news. O edital da Conab prevê que a compra do arroz poderá ter origem em todos os países produtores e exportadores de arroz e as variedades sejam compatíveis ao consumo brasileiro, conforme Instrução Normativa do Ministério da Agricultura e Pecuária n.º 06/2009; a China, juntamente com a Índia, são os maiores produtores e consumidores de arroz do mundo. A China não exporta arroz”, disse a Conab em nota encaminhada à Lupa. A Conab explicou ainda que o país asiático não é um exportador líquido de arroz e não possui relevância no mercado internacional de vendas do cereal, pois não dispõe de um excedente produtivo.
Segundo o edital do leilão de compra do alimento, existem diversos critérios que o produto adquirido precisa seguir para ser aceito pelo controle de qualidade brasileiro. Por exemplo, conforme aponta o documento, o alimento precisa ser o arroz beneficiado tipo 1, ou seja, aquele que já passou pelo processo conhecido como “beneficiamento”, que retira a casca e o farelo do arroz para o consumo.
Além disso, conforme destaca a instrução normativa citada pela Conab na nota enviada à Lupa, outras características são analisadas nas inspeções, como cor, cheiro e formato. São desclassificados os produtos que apresentam mau estado de conservação; grãos mofados, ardidos e enegrecidos, conforme o subgrupo de ocorrência, igual ou superior a 5%; matérias estranhas e impurezas, segundo o subgrupo, igual ou superior a 3%, e insetos mortos superior a 0,10%.
Vídeo mostra produção de arroz artificial
De fato, o vídeo que circula nas redes mostra a fabricação de um arroz preparado por uma máquina. O produto é feito pela empresa Sunpring, que possui um canal no YouTube onde é exibido como o processo é feito.
Segundo as informações publicadas no site da empresa, o item que é um “alimento que não é arroz, mas se parece com arroz”, pode ser feito a partir de arroz quebrado, barateando a fabricação e evitando que o produto antes danificado seja vendido por um preço baixo. Ainda de acordo com o produtor, é possível inserir outros nutrientes na massa do alimento artificial.
Importações brasileiras de arroz
Em nota encaminhada à Lupa, a assessoria de imprensa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) explicou o contexto da compra do arroz. “A deliberação da Câmara de Comércio Exterior (Camex) no último dia 20 de maio, de reduzir a zero o imposto de importação de três tipos de arroz, ocorreu no contexto das enchentes no Rio Grande do Sul, para evitar desabastecimento e possíveis elevações de preços”, afirmou. No entanto, conforme apontou a Conab em comunicado, o leilão de compra está suspenso por enquanto.
Segundo afirmou a assessoria do MDIC, no passado, em 2023, “99% das importações de arroz feitas pelo Brasil vieram dos países do Mercosul (Paraguai, Uruguai e Argentina)”. Ainda de acordo com a pasta, “o 1% restante se dividiu entre: Tailândia, Guiana, Itália, Suriname, Chile, Vietnã, Bolívia, Paquistão, Espanha, Índia, Camboja, Portugal e Estados Unidos. Estes são os países que normalmente exportam arroz ao Brasil”.
Este conteúdo também foi verificado por Aos Fatos.