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AGÊNCIA LUPA

AGÊNCIA LUPA: É falso que barragem rompeu em São Leopoldo em maio

Publicado em: 20/06/2024 às 16h:16 Última atualização: 20/06/2024 às 16h:16
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Em vídeo que circula nas redes sociais um homem diz que uma barragem se rompeu em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, durante as enchentes de maio, e que a empresa responsável pela manutenção não aparecia há 13 anos no local. Ele também afirma que prefeituras locais processaram pessoas, bombeiros civis e engenheiros que alertaram a população sobre a catástrofe que iria acontecer na região. O vídeo ainda exibe imagens do que seria o rompimento da barragem. É falso.

Imagem de vídeo que circula nas redes sociais | abc+



Imagem de vídeo que circula nas redes sociais

Foto: Reprodução/Lupa

Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:

As imagens que aparecem no vídeo foram, de fato, registradas em São Leopoldo, município da região metropolitana de Porto Alegre. Porém, não se trata de uma barragem que rompeu, mas de um dique que extravasou no dia 4 de maio. O próprio prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi (PT), divulgou as imagens no X.

De acordo com dados enviados pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) à Lupa, São Leopoldo possui quatro barragens, duas de aquicultura, uma industrial e uma de recreação. Contudo, elas possuem baixo dano potencial associado (em caso de rompimento ou vazamento) e baixo risco (em relação a sua integridade ou conservação).

A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) explicou à Lupa que não possui qualquer informação oficial sobre barragens em São Leopoldo em status fora da normalidade e que cada município tem autonomia para fiscalizar os diques, não sendo responsabilidade do Estado. Já a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) afirma que não possui registro sobre a existência de uma barragem hidrelétrica no município. Tanto a Sema quanto a Aneel não monitoraram nenhuma barragem em São Leopoldo durante as enchentes de maio.

Em nota enviada à Lupa, a Prefeitura explica que o município não conta com barragens (hidrelétricas), mas um sistema de proteção contra cheias que possui 20,4 quilômetros (diques), considerados vitais para evitar uma catástrofe maior. Conforme o Poder Executivo, choveu 304 milímetros apenas em três dias (entre 30 de abril e 2 de maio) nos afluentes do Rio dos Sinos (rio que atravessa a cidade), o que foi determinante para inundação de diversos bairros.

“Os diques não romperam. Houve o colapso na Casa de Bombas (estruturas que abrigam equipamentos capazes de drenar a água acumulada e escoar o volume) do bairro Santo Afonso, na cidade vizinha de Novo Hamburgo, que ocasionou o desligamento das bombas e o consequente transbordo do Arroio Gauchinho, que acabou erodindo parte do dique e inundando o bairro Santos Dumont/Vila Brás, em São Leopoldo”, diz trecho da nota.

O mesmo ocorreu no dique do bairro Vicentina, junto à Casa de Bombas do Arroio da João Corrêa, quando houve o transbordo e o dique erodiu e os equipamentos precisaram ser desligados devido a grande quantidade de água: “bairros Vicentina, São Miguel e Vila Paim foram atingidos”, diz trecho da nota.
A Prefeitura de São Leopoldo ainda pontua que, no Arroio Cerquinha, bairro Campina, houve o transbordo do dique que formou uma lâmina de água sobre a parede de concreto do dique e acabou ocasionando os alagamentos no bairro Campina e Scharlau. “Devido ao grande volume de água, o Rio dos Sinos começou a refutar seus afluentes, não aceitando o curso normal dos mesmos, outro fator que contribuiu para os alagamentos”, diz a nota.

Segundo a nota da Prefeitura, 100 mil pessoas ficaram desalojadas em São Leopoldo, sendo que cerca de 20 mil receberam auxílio em 132 abrigos. Conforme dados do governo estadual, atualizados em 14 de junho, o município registrou nove óbitos e um desaparecido.

Barragem rompida

Devido ao desastre climático de maio, até seis barragens ficaram sob risco iminente de ruptura no Rio Grande do Sul. Contudo, durante todo o período de fortes chuvas, foi noticiado apenas o rompimento parcial da barragem da Usina 14 de Julho, entre Cotiporã e Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, em 2 de maio. De acordo com a Companhia Energética Rio das Antas (Ceran), que administra a unidade, o problema foi registrado pelo grande acúmulo de água das chuvas.

“O Plano de Ação de Emergência foi colocado em prática no dia 1º de maio, às 13h50, em coordenação com as Defesas Civis da região, com acionamento de sirenes de evacuação da área, para que a população local pudesse ser retirada com antecedência e em segurança”, informou a Ceran. Em 9 de maio, a Companhia comunicou que o rompimento parcial ocorrido no topo da barragem não comprometeu sua estrutura.

Mesmo se a Usina 14 de Julho tivesse se rompido completamente, o município de São Leopoldo não seria afetado. De acordo com a assessoria de imprensa da Ceran, a ruptura da barragem provocaria uma inundação em regiões de nove municípios próximos à estrutura: Cotiporã, Bento Gonçalves, São Valentim do Sul, Doutor Ricardo, Encantado, Monte Belo do Sul, Santa Tereza, Roca Sales e Muçum, atingindo potencialmente 768 pessoas.

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