Começou a vacinação contra a gripe para os grupos prioritários. O Ministério da Saúde aproveitou para fazer uma campanha de esclarecimento, na esperança de reverter a baixa adesão à imunização verificada no ano passado.
O infectologista e diretor do Departamento de Imunizações do Ministério da Saúde, Eder Gatti, trouxe algumas explicações sobre campanha de vacinação contra a gripe, que ocorre, no Brasil, há mais de 20 anos.
- Qual a importância da vacinação?
Eder Gatti – A gripe não é um resfriado comum. Ela pode evoluir para formas mais graves, que podem matar. Por isso, é uma doença que requer cuidado. A lista de grupos prioritários inclui justamente aquelas pessoas mais vulneráveis. Diferentemente de uma pessoa mais jovem, por exemplo, o idoso corre maior risco de complicações. A pessoa idosa pode desenvolver pneumonia.
- Quem é prioritário?
Gatti – Idosos com 60 anos ou mais; crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade; gestantes e puérperas; povos indígenas; trabalhadores da saúde; professores das escolas públicas e privadas; pessoas com comorbidades; pessoas com deficiência permanente; forças de segurança e salvamento; Forças Armadas; caminhoneiros; trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso; trabalhadores portuários; funcionários do sistema prisional; adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas; e população privada de liberdade.
- Como é o esquema vacinal das crianças?
Gatti – Todas as crianças que receberam pelo menos uma dose da vacina influenza em anos anteriores devem receber apenas uma dose em 2023. Para a população indígena e pessoas com comorbidades, a vacina está indicada para as crianças de 6 meses a menores de 9 anos de idade. Deve ser considerado o esquema de duas doses para as crianças de 6 meses a menores de 9 anos, que serão vacinadas pela primeira vez, devendo-se agendar a segunda dose para 30 dias após a primeira dose.
- Por que a vacina deve ser tomada todos os anos?
Gatti – É preciso elevar o número de anticorpos no organismo. Os vírus sofrem mutações constantes. Além disso, há vários tipos de influenza que circulam no mundo. Existe uma vigilância global, exercida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), para saber que tipo de vírus está circulando. Essa vigilância dita, justamente, qual é a composição da vacina. Então, ano após ano, a vacina muda.
- A vacina causa efeitos colaterais?
Gatti – A vacina é segura e composta de vírus não ativado. Como qualquer imunizante, ela estimula o sistema imunológico a produzir defesa. Então é comum a pessoa ter uma sensação de dor no corpo ou uma eventual febre baixa. Isso nada mais é do que o próprio organismo reagindo contra os antígenos que foram injetados com a vacina. Esse é o primeiro passo para a pessoa ter garantida a sua proteção. Esses eventos são raros, mas quando acontecerem, não devem preocupar. É simplesmente o corpo reagindo e criando defesas.
- Quanto tempo dura a proteção da vacina?
Gatti – A detecção de anticorpos protetores se dá entre duas a três semanas depois da vacinação e apresenta, geralmente, duração de 6 a 12 meses.
- A vacina da gripe pode ser aplicada junto à vacina da Covid-19 ou outras?
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Gatti – A aplicação da vacina da gripe pode, sim, ser feita em conjunto com outras vacinas. Tanto é que o Ministério da Saúde orienta que os municípios aproveitem a oportunidade da visita das pessoas à unidade de saúde para atualizar também a imunização contra a Covid-19 e, se for possível, atualizar outras vacinas pendentes no calendário de cada um.
- Houve queda na cobertura vacinal?
Gatti – As coberturas vacinais, infelizmente, vêm caindo ano após ano. Com o objetivo de retomar o quanto antes as altas coberturas, ou seja, a alta proteção, a orientação do Ministério da Saúde é que os municípios iniciem a vacinação com todos os grupos prioritários ao mesmo tempo, para dar mais oportunidade. (ABr)