TESTE RÁPIDO

Teste rápido que detecta se água está contaminada é desenvolvido por pesquisadores brasileiros

Agora, pesquisadores querem transformar o equipamento de laboratório em portátil

Publicado em: 23/06/2024 15:53
Última atualização: 23/06/2024 15:57

Um teste rápido para detectar se a água pode estar contaminada ou pode ser ingerida foi desenvolvido por pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


Teste rápido tem baixo custo para ser produzido, segundo pesquisadores Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

A conquista é grande para o País, principalmente para locais sem saneamento básico ou em momentos de crise hidrológica, como a vivida pelo Rio Grande do Sul durante as enchentes de maio.

A pesquisa foi liderada pelo professor Marcelo Werneck, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe/UFRJ), e financiado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

O projeto foi publicado na revista Polymers, e se destaca pela rapidez, sensibilidade, baixo custo e facilidade de fabricação.

Como funciona o teste

O sensor é de fibra óptica nano-biotecnológico, capaz de detectar contaminação por coliformes fecais na água em apenas 20 minutos.

Enquanto os métodos tradicionais podem levar até dois dias para fornecer resultados, essa nova tecnologia oferece uma solução rápida e eficaz para o monitoramento da qualidade da água em um momento crítico de escassez global de fontes de água limpa.

Werneck explica que a fibra óptica do sensor funciona de forma semelhante às usadas nas telecomunicações, mas em vez de feixes de sílica, são usadas fibras ópticas plásticas, mais acessíveis e fáceis de manipular.

De acordo com ele, essas fibras transmitem feixes de luz dentro do dispositivo, e qualquer alteração em sua superfície afeta a intensidade da luz recebida na outra extremidade, permitindo a detecção de alterações microscópicas, como as causadas por bactérias.

Para detectar a presença de bactérias Escherichia coli na água, os pesquisadores fixaram anticorpos específicos na superfície da fibra, usando nanopartículas de ouro. A nanotecnologia aprimora significativamente a aderência da armadilha de anticorpos, aumentando a sensibilidade do resultado.

O dispositivo opera ainda com dois sensores de fibra óptica em paralelo: um contendo os anticorpos e outro sem. A comparação dos resultados entre eles permite identificar a presença dessas bactérias com alta seletividade, eliminando a interferência de outros detritos na água.

Werneck afirma que reproduzir esse sensor em larga escala é viável e de baixo custo. O objetivo da equipe é desenvolver um protótipo final que seja móvel e portátil, permitindo medições diretas nos locais suspeitos de contaminação, sendo também útil em campanhas ou missões em áreas remotas do país.

"Nos próximos passos da pesquisa, estamos estudando qual é o prazo de duração dessa fibra óptica funcionalizada com anticorpos. E também queremos aumentar ainda mais a sensibilidade para garantir que a água esteja sem nenhuma unidade de bactéria, totalmente própria para consumo humano", acrescenta. "Acreditamos que chegaremos a um produto mais compacto e sensível ainda este ano," disse.

O professor elenca as vantagens da tecnologia. "Uma das vantagens da fibra óptica é ela ser isolante. Na área elétrica, isso é uma grande vantagem, pois não carrega eletricidade e permite medidas em locais controlados," informou.

Na área de sensoramento de bactérias, Werneck disse que a grande vantagem é o fato de ser de pequenas dimensões permitindo mais rápida resposta e também permitindo ter uma portabilidade que é necessária para se levar o equipamento a campo.

"Dessa forma, em emissões de análise de contaminação, elimina-se a necessidade de trazer amostras para análise em laboratório. Análises iniciais se fazem em campo mesmo", ressaltou.

Um dos próximos passos da pesquisa é converter o equipamento de laboratório em equipamento de campo, portátil e robusto. "Estamos trabalhando nessa frente agora", afirmou.

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