Agronegócio
Silos ganham forma em pequenas propriedades e ajudam a aumentar ganhos
Estruturas são construídas com apoio da Emater. Em Picada Café, já muda realidade de algumas propriedades
Última atualização: 29/02/2024 09:45
Produtores rurais que cultivam grãos sabem que o processo não termina com o final da colheita. Para garantir a preservação e qualidade do produto, duas etapas são essenciais: a secagem e a armazenagem. Apesar de imprescindíveis no pós-colheita, o processo ainda é deficiente nas propriedades rurais familiares por conta do investimento elevado.
Para mudar essa realidade, a Emater desenvolveu o silo secador de grãos de baixo custo, um sistema que gera economia e aumenta a produtividade. O projeto ajuda especialmente pequenos e médios proprietários, que armazenam entre 500 sacos a 40 mil sacos de grãos por safra. O modelo surgiu há cerca de dez anos e já está sendo copiado por produtores de fora do Estado.
"O silo une duas etapas do pós-colheita a secagem e a armazenagem na propriedade rural mesmo. O que ajuda a manter a qualidade dos produtos, as propriedades nutritivas, e diminuir as perdas, garantindo ao produtor redução de custos e maior lucratividade", explica engenheiro agrônomo da Emater de Picada Café Rafael Hoss.
Uma parceria entre a estatal e a Secretaria Municipal da Agricultura tem reforçado a divulgação do sistema que pretende resolver um antigo problema enfrentado pelos produtores de Picada Café . "A secagem de boa parte da produção era feita em uma propriedade rural de Morro Reuter, o que acarretava gastos com a própria secagem e com o frete, que era disponibilizado pela secretaria. Neste ano a preocupação aumentou, pois reduziram os locais que prestavam este tipo de serviço. Com os silos, estamos resolvendo não um, mais dois problemas históricos", avalia o secretário de Agricultura de Picada Café, Neco Linck.
Já começou
Atualmente, o sistema já foi implantado em seis propriedades agrícolas em modelos com capacidade de armazenar em torno de três mil sacos. "Além destes, existem mais produtores encaminhando projetos e estima-se que a capacidade de armazenamento seja dobrada até a próxima safra", projeta Linck.
Para isso, os produtores podem contar com o auxílio do escritório da Emater no município na elaboração de projetos técnicos dimensionando o silo de acordo com a necessidade do produtor, a quantidade e o tipo de grãos, e orienta as famílias na operação do sistema. "Também auxiliamos no acesso à linha de crédito para a construção (com juros de 3% ao ano no Pronaf e prazo de 10 anos para o pagamento), bem como no manejo do grão", explica o secretário de Agricultura.
Projeto e execução do silo
A elaboração do projeto deve ser acompanhada por um profissional da agronomia, pois requer alguns cálculos para dimensionar o tamanho ideal, conforme as necessidades e condições do agricultor. Em Picada Café, a Emater/RS-Ascar elabora o projeto. "Nesta fase, analisamos a capacidade de produção da propriedade e a demanda que esse produtor possui. Os projetos são únicos, pois cada agricultor possui peculiaridades específicas", esclarece Hoss.
Os silos são construídos em alvenaria armada (tijolos, argamassa e ferro), com estrutura interna de madeira, tela galvanizada sobre piso de concreto na parte inferior. Sobre o fundo de concreto do silo, deve ser colocado um fundo falso - é esse fundo falso que permite a circulação do ar promovida por um ventilador, construído em madeira. Ele é feito de ripas trançadas sobre pilastras de madeira para ficar elevado do solo. A altura dos pilares e o diâmetro dessa estrutura são calculados de acordo com as dimensões do silo e a capacidade de armazenamento. Sobre o ripamento ainda vai uma tela tipo sombrite ou galvanizada. "O importante é que a malha seja pequena para que o grão não passe por ela", especifica engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar.
Economia e melhor aproveitamento da produção de grãos
Na propriedade da família Federhen, na localidade de Joaneta, em Picada Café, o silo elevou a capacidade de produção e reduziu as perdas, conforme o agricultor João Carlos Federhen,57. Ele cultiva milho para ração de gado leiteiro e também para venda.
Há dois anos, Federhen investiu cerca de R$ 15,5 mil em uma unidade com capacidade para 560 sacos ou aproximadamente 33,6 toneladas. "Depois que começamos a usar o silo, eu só me perguntava 'por que não fiz antes?'. É ótimo negócio porque o milho não sai da propriedade, o grão tem mais qualidade, sem contar na redução do trabalho", diz Federhen.
Conforme o produtor, o investimento deve ser pago em menos de três anos, considerando apenas o custo da secagem que teria com terceiros.
Entre as vantagens do armazenamento na propriedade, é possível também vender na entressafra. Federhen explica que já armazenava o produto em sacos, mas tinha perdas significativas com o ataque de roedores e do caruncho.
"Antes a gente tinha que fazer 'um baile' com os grãos, guardando em sacos, caixas de madeira e tonéis, o que dificultava o controle de carunchos, e, ao final, gerava muitas perdas. Aqui não, o milho fica sequinho e bem guardado e podemos esperar o período da entressafra para conseguir vendar com um preço melhor", afirma.
Apesar de o processo ser mais lento (com o silo na capacidade máxima leva aproximadamente dez dias, ligando 24 horas/dia, para completar a secagem) que o sistema disponível no mercado, que funcionam à lenha e seca uma saca de 60 quilos em três horas de calor mais uma hora de ar frio, o produtor garante que compensa. "O trabalho não é mais tão pesado, sentimos que até a qualidade de vida melhorou."
Secagem é feita com ar
A estrutura é redonda, com o fundo reto, e sem tampa. Por não ter tampa, o silo deve ser construído numa área coberta, como um galpão. Na lateral fica um ventilador, que tem o motor acoplado diretamente no eixo (motor do tipo axial), utilizado para fazer a ventilação forçada dos grãos que vão secar. "O objetivo é provocar uma impulsão de ar através do ventilador motorizado, possibilitando a secagem dos grãos com ar natural, sem nenhum tipo de queima" explica Hoss.
Aperfeiçoamento do processo
Segundo engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar de Picada Café Rafael Hoss, o silo secador foi uma evolução do processo de secagem e armazenagem de grãos, à medida que reduziu mão de obra, consumo de energia e de lenha. "É uma proposta economicamente viável e ambientalmente mais equilibrada, pois, com esse sistema, mais econômico para o bolso do produtor, chega-se ao objetivo esperado sem agredir o meio ambiente, já que a lenha passa a não ser mais utilizada."
Produtores rurais que cultivam grãos sabem que o processo não termina com o final da colheita. Para garantir a preservação e qualidade do produto, duas etapas são essenciais: a secagem e a armazenagem. Apesar de imprescindíveis no pós-colheita, o processo ainda é deficiente nas propriedades rurais familiares por conta do investimento elevado.
Para mudar essa realidade, a Emater desenvolveu o silo secador de grãos de baixo custo, um sistema que gera economia e aumenta a produtividade. O projeto ajuda especialmente pequenos e médios proprietários, que armazenam entre 500 sacos a 40 mil sacos de grãos por safra. O modelo surgiu há cerca de dez anos e já está sendo copiado por produtores de fora do Estado.
"O silo une duas etapas do pós-colheita a secagem e a armazenagem na propriedade rural mesmo. O que ajuda a manter a qualidade dos produtos, as propriedades nutritivas, e diminuir as perdas, garantindo ao produtor redução de custos e maior lucratividade", explica engenheiro agrônomo da Emater de Picada Café Rafael Hoss.
Uma parceria entre a estatal e a Secretaria Municipal da Agricultura tem reforçado a divulgação do sistema que pretende resolver um antigo problema enfrentado pelos produtores de Picada Café . "A secagem de boa parte da produção era feita em uma propriedade rural de Morro Reuter, o que acarretava gastos com a própria secagem e com o frete, que era disponibilizado pela secretaria. Neste ano a preocupação aumentou, pois reduziram os locais que prestavam este tipo de serviço. Com os silos, estamos resolvendo não um, mais dois problemas históricos", avalia o secretário de Agricultura de Picada Café, Neco Linck.
Já começou
Atualmente, o sistema já foi implantado em seis propriedades agrícolas em modelos com capacidade de armazenar em torno de três mil sacos. "Além destes, existem mais produtores encaminhando projetos e estima-se que a capacidade de armazenamento seja dobrada até a próxima safra", projeta Linck.
Para isso, os produtores podem contar com o auxílio do escritório da Emater no município na elaboração de projetos técnicos dimensionando o silo de acordo com a necessidade do produtor, a quantidade e o tipo de grãos, e orienta as famílias na operação do sistema. "Também auxiliamos no acesso à linha de crédito para a construção (com juros de 3% ao ano no Pronaf e prazo de 10 anos para o pagamento), bem como no manejo do grão", explica o secretário de Agricultura.
Projeto e execução do silo
A elaboração do projeto deve ser acompanhada por um profissional da agronomia, pois requer alguns cálculos para dimensionar o tamanho ideal, conforme as necessidades e condições do agricultor. Em Picada Café, a Emater/RS-Ascar elabora o projeto. "Nesta fase, analisamos a capacidade de produção da propriedade e a demanda que esse produtor possui. Os projetos são únicos, pois cada agricultor possui peculiaridades específicas", esclarece Hoss.
Os silos são construídos em alvenaria armada (tijolos, argamassa e ferro), com estrutura interna de madeira, tela galvanizada sobre piso de concreto na parte inferior. Sobre o fundo de concreto do silo, deve ser colocado um fundo falso - é esse fundo falso que permite a circulação do ar promovida por um ventilador, construído em madeira. Ele é feito de ripas trançadas sobre pilastras de madeira para ficar elevado do solo. A altura dos pilares e o diâmetro dessa estrutura são calculados de acordo com as dimensões do silo e a capacidade de armazenamento. Sobre o ripamento ainda vai uma tela tipo sombrite ou galvanizada. "O importante é que a malha seja pequena para que o grão não passe por ela", especifica engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar.
Economia e melhor aproveitamento da produção de grãos
Na propriedade da família Federhen, na localidade de Joaneta, em Picada Café, o silo elevou a capacidade de produção e reduziu as perdas, conforme o agricultor João Carlos Federhen,57. Ele cultiva milho para ração de gado leiteiro e também para venda.
Há dois anos, Federhen investiu cerca de R$ 15,5 mil em uma unidade com capacidade para 560 sacos ou aproximadamente 33,6 toneladas. "Depois que começamos a usar o silo, eu só me perguntava 'por que não fiz antes?'. É ótimo negócio porque o milho não sai da propriedade, o grão tem mais qualidade, sem contar na redução do trabalho", diz Federhen.
Conforme o produtor, o investimento deve ser pago em menos de três anos, considerando apenas o custo da secagem que teria com terceiros.
Entre as vantagens do armazenamento na propriedade, é possível também vender na entressafra. Federhen explica que já armazenava o produto em sacos, mas tinha perdas significativas com o ataque de roedores e do caruncho.
"Antes a gente tinha que fazer 'um baile' com os grãos, guardando em sacos, caixas de madeira e tonéis, o que dificultava o controle de carunchos, e, ao final, gerava muitas perdas. Aqui não, o milho fica sequinho e bem guardado e podemos esperar o período da entressafra para conseguir vendar com um preço melhor", afirma.
Apesar de o processo ser mais lento (com o silo na capacidade máxima leva aproximadamente dez dias, ligando 24 horas/dia, para completar a secagem) que o sistema disponível no mercado, que funcionam à lenha e seca uma saca de 60 quilos em três horas de calor mais uma hora de ar frio, o produtor garante que compensa. "O trabalho não é mais tão pesado, sentimos que até a qualidade de vida melhorou."
Secagem é feita com ar
A estrutura é redonda, com o fundo reto, e sem tampa. Por não ter tampa, o silo deve ser construído numa área coberta, como um galpão. Na lateral fica um ventilador, que tem o motor acoplado diretamente no eixo (motor do tipo axial), utilizado para fazer a ventilação forçada dos grãos que vão secar. "O objetivo é provocar uma impulsão de ar através do ventilador motorizado, possibilitando a secagem dos grãos com ar natural, sem nenhum tipo de queima" explica Hoss.
Aperfeiçoamento do processo
Segundo engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar de Picada Café Rafael Hoss, o silo secador foi uma evolução do processo de secagem e armazenagem de grãos, à medida que reduziu mão de obra, consumo de energia e de lenha. "É uma proposta economicamente viável e ambientalmente mais equilibrada, pois, com esse sistema, mais econômico para o bolso do produtor, chega-se ao objetivo esperado sem agredir o meio ambiente, já que a lenha passa a não ser mais utilizada."
Para mudar essa realidade, a Emater desenvolveu o silo secador de grãos de baixo custo, um sistema que gera economia e aumenta a produtividade. O projeto ajuda especialmente pequenos e médios proprietários, que armazenam entre 500 sacos a 40 mil sacos de grãos por safra. O modelo surgiu há cerca de dez anos e já está sendo copiado por produtores de fora do Estado.