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SEMANA DE 4 DIAS: Qual o principal erro na hora de implentar a jornada reduzida?

Empresas falam sobre os desafios da estratégia no Brasil

Publicado em: 27/11/2023 10:05
Última atualização: 27/11/2023 10:05

Um empresário que colocou em prática a semana de 4 dias resolveu contar como foi a experiência em sua empresa. A ideia surgiu em 2021, a partir de um livro que leu. Ivan Cordeiro, CEO da Marfin, startup de inteligência artificial e serviços de marketing digital, implementou a estratégia para os mais de 30 funcionários da empresa em todos os setores.


Segundo empresário, três problemas aceleraram a desistência do modelo de trabalho: atendimento ao cliente; falta de clareza e queda na produtividade Foto: Freepik

Quase dois anos após o experimento, ele recuou. Na prática, a sexta-feira livre se tornou um problema. Conforme publicação no LinkedIn feita pelo próprio executivo, três problemas aceleraram a desistência do modelo de trabalho: atendimento ao cliente; falta de clareza e queda na produtividade.

De acordo com o CEO, o atendimento ao cliente foi a primeira falha identificada. Isso porque a mudança não foi corretamente informada aos clientes, e eles não queriam saber se os funcionários estavam trabalhando ou não.

Queriam ter o problema resolvido naquele momento. "Não trabalhar na sexta gerou muito atrito com clientes", escreveu Cordeiro, na publicação. Durante a folga, não havia escala de funcionários para solucionar possíveis emergências.

Em entrevista, o CEO conta que avaliou a partir de reuniões semanais e estudos a possibilidade de rodízio, mas não fazia sentido na época porque significaria aumento de custo pela estrutura da startup, que é enxuta. A redução de carga horária também não funcionava, segundo Cordeiro, por causa do fuso horário, já que muitos funcionários moravam em diferentes países.

O problema

A falta de clareza em como usar a sexta-feira livre também virou um problema. O CEO admite que tentou replicar um modelo do Google na startup. Mas não saiu como esperava. No projeto original, engenheiros da multinacional usavam 20% do tempo para projetos pessoais. Não foi exatamente o que aconteceu na Marfin.

"Foi uma expectativa que ficou só na minha cabeça, e eu me frustrei ao ver que as pessoas só tiravam folga mesmo, e elas não estavam erradas", relata. O último erro no percurso tem a ver com produtividade. Os números caíram, e as entregas começaram a sofrer atrasos. "Exceto por alguns dos profissionais que já tinham performance acima da média", diz Cordeiro.

Principal erro

Para Renata Rivetti, fundadora e diretora da Reconnect Happiness at Work, empresa responsável por tocar o projeto-piloto da jornada de 4 dias no Brasil, o programa não deve ser visto como um projeto de redução de horas ou, simplesmente, para tirar a sexta do calendário de trabalho.

Segundo a especialista, o principal erro que as empresas cometem é o de não envolver todos os funcionários no redesenho do trabalho.

"Para o projeto dar certo, é preciso que todo mundo entenda e faça mudanças no dia a dia. Se as pessoas não mudarem fazendo momentos de hiperfoco, reuniões mais curtas e tentarem resolver a comunicação sem fazer tudo ao mesmo tempo, é certo que o projeto não vai dar certo", afirma.

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