O tabuleiro político argentino passa por uma reviravolta significativa com a vitória do economista Javier Milei no segundo turno das eleições presidenciais. Milei venceu Sergio Massa por 55% a 44%, marcando uma mudança notável na dinâmica política do país.
Diante desse cenário, Leandro Villela Cezimbra, diretor da ACI e secretário-geral da Câmara Empresarial Argentino Brasileira do RS, oferece uma análise exclusiva sobre os desafios e oportunidades que podem surgir nas relações comerciais e no setor calçadista brasileiro em decorrência desse resultado nas eleições. Confira:
Como você analisa o resultado da eleição argentina?
Cezimbra – A eleição argentina nos traz a um ponto de inflexão, nos dá a ideia de que a política tradicional não soube ouvir o pulsar das ruas. Javier Milei é um autêntico outsider da política, prestigiado economista que não precisa ingressar no espectro político, mas decidiu se lançar nesse desafio. Para nós, brasileiros, fica a mensagem de que é necessário repensar a forma como encaramos a política. Outro sinal que temos é de que a direita se fortalece na região e se afasta o argumento hegemônico da esquerda.
Como o resultado eleitoral na Argentina pode influenciar as políticas comerciais bilaterais e os acordos entre o Brasil e a Argentina?
Cezimbra – Vemos com bastante atenção as questões bilaterais, queremos uma Argentina próspera e pujante. Temos a Argentina como um dos principais parceiros comerciais do Brasil, perdendo apenas para a China. Com relação ao calçado, nossas exportações para o país vizinho são bastante significativas, mas o cenário atual, de espera de 180 dias para pagamento, tem sido um grande desestimulante para as nossas exportações.
Algumas promessas dele são: extinção do Banco Central, dolarização e saída do Mercosul. Acha essas propostas possíveis e como isso impactaria o Brasil, caso ocorram?
Cezimbra – Há que se encarar estas propostas com muita calma e pragmatismo. Não acredito em uma saída do Mercosul, a Argentina precisa do bloco, tanto quanto os demais membros. A dolarização necessitará de diversas alterações, inclusive constitucionais, que vão demandar acordos e uma base forte no congresso.
Como o setor calçadista e a economia brasileira podem maximizar as oportunidades nesse novo cenário político?
Cezimbra – Estimamos uma melhoria na economia argentina, e, com isso, um aumento do consumo de produtos brasileiros como calçados e tantos outros. Das crises, temos de gerar oportunidades e a Argentina ainda não saiu de suas dificuldades. Esperamos que, em breve, a realidade seja outra e possamos ver um próspero país comprando muito sapato brasileiro.
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