AUTOR DE ASA MORENA

Zé Caradípia traz "Os versos por dentro"

Músico de Canoas lança novo álbum de música popular brasileira com influências de samba, bossa e jazz

Publicado em: 12/05/2023 10:20
Última atualização: 07/03/2024 15:18

O mais recente trabalho “Os Versos Por Dentro”, do cantor e compositor de música popular brasileira (MPB), Zé Caradípia, traz músicas com influências de samba, bossa e jazz. As 14 canções que compõem o álbum lançado no dia 5 de maio, nas plataformas digitais, foram feitas em parceria com os letristas gaúchos Márcia Barbosa e Raul Boeira. A produção é o sétimo álbum de estúdio do canoense, de 67 anos.

O canoense José Luiz Fernandes adotou o nome artístico Zé Caradípia a partir da junção das palavras "Cara de Piá". Foto: Mirian Fitchner

Segundo o músico, a faixa de abertura – Cardiobeat - “É o compositor dizendo que a batida do coração de sua amada vai ditar o compasso de suas canções”. As músicas do disco contemplam esperança, memórias afetivas, uma homenagem para a cantora chilena Violeta Parra, ao Parque Redenção, entre outros elementos que exaltam à arte.

A faixa que encerra o álbum - Tantos seres - É um samba que traduz as experiências de todos os seres que o compositor já foi, assim como das pessoas que encontrou pelo caminho, e que direcionam para a síntese que o define no presente.

As canções carregam elementos instrumentais de violão, trombone, flauta, acordeão, baixo acústico e elétrico, bateria, percussões como tambores, e guitarra com efeitos variados. O guitarrista Marcelo Corsetti participa de algumas faixas. Para as vocalizações na música “Como Era de Costume” foi convidado o cantor Rodrigo Rheinheimer. Na faixa “Porto Triste” o arranjo dos teclados é do pianista Cristian Sperandir.

Composições, turnê e cenário atual da música nacional

Zé Cardípia conta que fez a melodia, a harmonia e as notas musicais. “Compus as músicas do novo álbum sob a letra e versos feitos pela Márcia e o Raul, eles são excelentes. Estou feliz com o resultado. As canções ficaram consistentes, elas carregam uma riqueza de sentimentos e experiências vividas ao longo do tempo”, evidencia Zé Caradípia.

O músico diz estar ansioso para entrar em turnê com o mais recente trabalho. “Pretendo excursionar na Região Metropolitana e no interior do Estado. Depois, a ideia é rodar pelo Brasil”, afirma. O veterano de palcos denomina o atual cenário da música brasileira como complexo. “O espaço na mídia está reduzido, você é muito famoso ou um completo desconhecido”, conclui.

Perguntas e respostas

Como a música entrou na sua vida?

- Nasci em um ambiente familiar regado a música. Minha mãe cantava, meu pai além de cantar tocava violão e gaita. Durante a juventude, meu pai se apresentava em bares. Meu tio tocava acordeão, ele adorava as músicas do Teixeirinha. Na igreja [Adventista] que frequentávamos era comum formarmos grupos de três ou quatro entre os irmãos e primos para cantar músicas religiosas da época.

Em que momento decidiu seguir carreira?

- Meu primeiro emprego foi como office boy, aos 14 anos. Nessa época, aprendi a tocar violão, até então só cantava. Lembro de levar o violão para a escola para na hora do recreio praticar. Até que em 1976, quando tinha 20 anos, fui convidado pelo Paulo de Campos para fazer parte do grupo Cordas & Rimas. Comecei a participar de eventos culturais, feiras e festivais musicais. A minha carreira se iniciou em Porto Alegre.

Como surgiu o seu maior hit, “Asa Morena”?

- Foi um momento simples de inspiração, fiz o esboço dela em cinco minutos. Era setembro de 1980, minha mãe estava fazendo o almoço, eu estava assistindo na televisão [em preto e branco] uma entrevista de Luís Gonzaga, compositor e intérprete do sucesso “Asa Branca”, foi nesse momento que pensei por que não ter uma música ‘Asa Morena’. Fui para o porão e comecei a escrever. Nesse período eu já tinha escrito dezenas de músicas, embora ainda não tivesse gravado nenhuma.

Por que Zizi Possi gravou “Asa Morena” primeiro?

- Logo após compor a música, fui na gravadora, no Rio de Janeiro. Quando cheguei lá, o produtor musical da Zizi me perguntou se ela poderia gravar a música. Prontamente, disse que sim. Fiquei lisonjeado. Até que em 1982, ela lançou a música. O que mais marcou no seu primeiro álbum lançado “ Demorei para gravar o meu primeiro disco, isso só ocorreu em 1995, quando já tinha quase duas décadas na música. Foi um momento especial. A minha versão de Asa Morena está mais próxima do samba e da bossa nova. A Zizi fez algo mais pop.

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