Mal o sol descia e a noite chegava, um grupo de voluntários se reunia em frente o Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) na terça (19). Munidos de violão, biscoitos e garganta afiada, tinham a missão de levar um pouco de alegria e solidariedade a quem passa por um período difícil, seja por alguma enfermidade, no papel de acompanhante ou tratando de um paciente.
Foto: Divulgação
De surpresa, entraram no prédio e as vozes ecoaram pela vasta sala de recepção. Não demorou, contagiou quem ali estava, inclusive com alguns se juntando ao coral.
Por quê não cantar para quem está num local que ninguém gostaria de estar, principalmente em época natalina? Com esta indagação, o grupo se ofereceu para apresentar músicas natalinas no ambiente hospitalar. “É um sentimento maravilhoso poder oferecer um pouco de alegria a quem está doente”, diz Joselita Teresinha Torres, líder do grupo. “Achei maravilhoso, estou emocionada. Eles merecem muita gratidão por fazer esse trabalho”, comenta Silvana Mendes, de 51 anos, que estava acompanhando o pai, prestes a ser internado.
O grupo, com cerca de 15 pessoas, ligado a Organização Não-Governamental Parceiros Voluntários e à Igreja Batista, se reúne há muitos anos. Antes da pandemia, já se apresentava na Unidade de Saúde Mental do Getúlio Vargas. Agora, voltou ao local para ser ovacionado pelos pacientes, com gritos e aplausos. “Se pudesse, eu viria todos os dias para presenciar essa alegria”, se emociona a voluntária Dirlaine Cunha.
No corredor da Clínica Médica, vários pacientes saíram dos quartos. Uma delas, muito emocionada, se abraçou aos integrantes e tentou cantar junto. O servente Fábio Massena dos Reis, internado desde o dia 4 de dezembro por conta de um acidente de trabalho, saiu do aposento para conferir o que estava acontecendo. “Imaginei que as vozes vinham da rua, mas não é que estão aqui dentro?!”, comentou faceiro, à espera da alta hospitalar prevista para breve.
Em outro corredor, mãe e filha abraçadas à porta do quarto, se emocionaram com as músicas natalinas. A aposentada Santa Madalena de Oliveira está no hospital desde o início de dezembro, sem previsão de alta, com imunidade muito baixa, conta a filha Marinês, ao mesmo tempo em que enxuga as lágrimas da mãe. “Que emoção ver um gesto tão bonito como o desses cantores”, disse.
Na porta do quarto em frente, uma senhora assistiu a apresentação sentada em uma cadeira. Muito debilitada, segurou nas mãos a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Alcemira de Matos, de 62 anos, luta contra um câncer de vesícula biliar e aguarda transferência para um hospital referência. “Estou agarrada a fé que vai me curar”, fala ela antes de receber a Eucaristia de uma ministra que a visitava.
Emoção contagiante
Em todos os setores do hospital, a receptividade foi a marca principal da noite. Mesmo que o objetivo fosse levar esperança aos doentes, familiares e os próprios funcionários da casa de saúde se juntaram ao coro, ao mesmo tempo em que manifestavam gratidão pelo gesto dos voluntários. Enfermeiros, técnicos e acompanhantes de pacientes ainda eram presentados com um pacotinho de biscoito caseiro e um cartão de Natal.
A psicóloga do hospital, Gilmara Maria da Silva, que acompanhou a cantata pelos corredores, classifica o momento como uma terapia complementar. Para ela, as questões de saúde vão além de um tratamento convencional, pois abrangem afetividade, humanidade e empatia. O grupo de canto volta para o HMGV nos próximos dias 23, 24 e 25 dezembro. “Queremos espalhar um pouco do amor de Jesus para quem está desesperançado nesse Natal”, promete o administrador e violonista Matheus Wondracek.
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