A semana no Vale do Paranhana é marcada por famílias retornando aos lares para uma nova limpeza dos espaços. Isso ocorre em função das chuvas que começaram no sábado (15) à noite e seguiram no decorrer do domingo (16).
Mesmo que o volume de água tenha sido menor que a enchente de maio, sem chegar a deixar as casas submersas, as histórias são semelhantes em três endereços diferentes. Móveis erguidos no interior das casas, pátios e ruas enlameados, lixos carregados pelas forças das águas em rios e a esperança de que a chuva pare para uma nova volta à rotina.
No final da manhã de segunda-feira (17), oito famílias, cerca de 24 pessoas, estavam em abrigos de Taquara. Moradores de Igrejinha e Três Coroas chegaram a procurar abrigos municipais, mas já haviam retornado para casas.
Em Taquara, o bairro Santa Maria, o mais afetado entre a RS-115 e o leito do Rio Paranhana, integrantes da mesma família retornaram para casa nesta manhã, após serem retirados de barco no final da noite de sábado.
O casal de industriários, Luciano Medeiros da Silva, 28, e Rosane Maria da Silva Ramos, 24, e a mãe da moradora, a dona de casa Noemi Lucia Buratti, 61, limparam as duas casas, localizadas na Rua João Manoel Corrêa.
“Foi meio apavorante de novo”, relata Luciano, ao relembrar a noite de sábado. Ele explicou que durante o dia ergueram os móveis, já que a Defesa Civil havia avisado que teria outra chuva.
“[A água] não entrou dentro de casa, mas chegou perto da borda da porta. Já tínhamos perdido tudo da outra vez, ganhamos doações, e [o aumento do nível do rio] voltou a preocupar”, comentou.
Para a família, será mais uma semana de limpeza, realidade também em Igrejinha e Três Coroas. A industriária Geneir Nunes Pires, 50, do bairro Morada Verde, em Igrejinha, e a Tuane Oliveira, 33, do bairro Asmut, em Três Coroas, envolveram-se na organização de suas residências.
Tuane conta que os móveis foram erguidos, e a água entrou poucos centímetros dentro de casa, diferentemente da chuva de maio, quando o rio chegou perto do telhado. “A previsão é de mais chuva ainda. É jogo de sorte, bem na realidade, porque tem gente que nem baixou ainda as coisas. Chove, a gente já fica com aquela preocupação, porque ele [o rio] sobe muito rápido, e no momento não tem como sair daqui. É limpar, abaixar, tentar como está com a sorte, salvar o que dá”, frisa.
O coordenador da Defesa Civil de Três Coroas, Augusto Dreher, informa que foram 300 casas atingidas por alagamentos. “Hoje estamos voltando à estaca zero, com pessoas limpando as casas. Não fomos atingidos como a de maio, mas o nível do rio ultrapassou os 5,5 metros e o acumulado de chuva em 20 horas foi de 147 milímetros”, detalha.
Limpeza
Para Tuane, desta vez, a volta das águas para o leito, que passa próximo de sua casa, foi rápida. Porém, rio está muito cheio de barro, e é preciso afundá-lo mais para dar vazão.
Já em Igrejinha, a industriária Geneir acredita que é necessário limpeza nos bueiros e no arroio. “Encheu e transbordou por conta do lixo” , relata a moradora da Rua Viúva Libânea Corrêa Leães.
O vice-prefeito de Igrejinha, Joãozinho Lopes, que acompanhava uma obra no bairro Morada Verde, diz que a cidade foi toda limpa dos entulhos da enchente de maio. No entanto, explica que pode ser que tenha alguma coisa de pessoas que permanecem tirando dos pátios, e esse lixo vem do rio. “Estamos com nove máquinas fazendo desassoreamento do rio e aguardamos a baixa do rio para voltar com o trabalho”, arremata.
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Deslizamento de terra
Em Três Coroas, houve novo deslizamento de terra na Rua Guilherme Oppen, na Vila Dreher. Segundo o coordenador Augusto Dreher, em 2 de maio, o local foi evacuado e moradores próximos à área de risco não retornaram ou estão em aluguel social. “Ele está sendo monitorado, pois ontem [domingo (16)], desceu mais uma parte de terra”, complementa.
Em Igrejinha, a Defesa Civil atendia às 16h05 desta segunda um deslizamento de massa decorrente de escavação irregular em terreno na Rua Armindo Arlindo Fetter, no bairro Bom Pastor. Conforme nota da prefeitura, a escavação causou um risco que afeta residências do entorno e compromete a segurança de três residências.
Há uma casa está sendo interditada por segurança. O morador informou às equipes de Defesa Civil que possui residência de parentes em Taquara, e que irá para este local seguro.
Obra em ponte
Em Igrejinha, a ponte de acesso ao bairro Morada Verde, na Rua Theobaldo Guilherme Lanz, passava por conserto na manhã desta segunda-feira. O engenheiro da Secretaria de Obras, Maurício Cesario Dias, explica que a chuva do final de semana causou uma erosão na cabeceira da ponte.
Por isso, foi necessário realizar uma recomposição. “Não é nada estrutural da ponte, mas para garantir a segurança estamos fazendo essa recomposição com pedra e concretagem”, explica.
O trabalho deveria ser finalizado na segunda, mas somente um lado da via será liberado para trânsito de veículo. O engenheiro informou que pelas redes sociais da prefeitura será possível acompanhar a liberação total da via na semana.