Quando vê a situação da filha, Magda da Silva Timóteo, 56, imóvel sobre uma cama, a aposentada Marlene da Silva, 78 anos, se desespera e chora. Ainda se recuperando de um AVC, a idosa sente por não ter como ajudar a filha nas tarefas do dia a dia. Obesa, Magda passa os dias em uma cama e conta com a ajuda de vizinhos para a troca de fraldas e curativos nas feridas abertas nas pernas. “É desesperador ver ela sofrendo sem poder fazer nada. O que eu mais quero é que ela seja assistida, que tenha socorro”, desabafa Marlene.
O problema da filha não é recente, mas se potencializou nas últimas semanas. Depois de ficar internada no Hospital Centenário para tratar as feridas nas pernas, Magda recebeu alta, mesmo sem os machucados estarem completamente curados. Em casa, no bairro Campina, ficou por sete dias sentada no sofá, por não ter quem a ajudasse a deitar na cama. Por conta da posição das pernas, as feridas pioraram. Cientes do problema, vizinhos organizaram uma rede de apoio.
Com a ajuda de socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), conseguiram deitar Magda na cama. A higiene pessoal e a troca dos curativos de Magda é feita também graças ao apoio de vizinhos como a técnica em enfermagem Sirlei de Freitas, 62 e a dona de casa Isabel Figueiredo, 56. São elas, que tiram do próprio orçamento, dinheiro para comprar fraldas, remédios e materiais para os curativos de Magda.
“É triste ver um ser humano ser tratado com tanto descaso. O hospital não deveria ter liberado ela para casa sem estar com as feridas curadas, sem ter o apoio e a orientação que necessitava. A Magda precisa de acompanhamento médico, de assistência”, comenta Sirlei. Para tentar resolver a situação, as vizinhas buscaram ajuda junto ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e à Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro.
A ideia era conseguir o repasse de remédios e materiais para curativos, além de acompanhamento com um médico ou enfermeiro em casa. “Todos estão sabendo da situação e não fazem nada. Enquanto isso, estamos fazendo o possível, mas não temos condições de assumirmos essa responsabilidade. A saúde de São Leopoldo deveria ter um olhar mais humano para situações como esta”, lamenta Sirlei.
Procurada, a Prefeitura respondeu, por meio de nota, que a situação de Magda já está sendo encaminhada pelo CRAS Norte. “Já realizamos atendimento domiciliar junto com a Secretaria Municipal da Saúde. Realizados diversos encaminhamentos no mês de fevereiro e março. O acompanhamento continua e aguarda agendamento do INSS para perícia. A Secretaria de Assistência Social mantém articulação com a rede para o atendimento. E devido a situação de saúde de Magda, e alguns encaminhamentos, o processo é lento”, informa o texto.
O Hospital Centenário também foi procurado pela reportagem, mas não deu retorno sobre o caso.
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