BENTO GONÇALVES
Vinícola Aurora promete 'mudanças substanciais' após resgate de trabalhadores na Serra
Empresa, que já havia se manifestado anteriormente em nota, pede desculpas aos trabalhadores e à sociedade, se compromete a rever práticas para que situação não se repita
Última atualização: 16/01/2024 16:10
Uma das três vinícolas que contrataram o serviço da Fênix Prestação de Serviços, empresa terceirizada que manteve mais de 200 trabalhadores em situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves, na Serra gaúcha, publicou carta aberta à sociedade brasileira, na qual promete "mudanças substanciais" após o episódio.
No documento, a Vinícola Aurora relembra a trajetória da empresa e diz sentir vergonha do fato. "Os recentes acontecimentos envolvendo nossa relação com a empresa Fênix nos envergonham profundamente. Envergonham e enfurecem. Aprendemos com aqueles que vieram antes que, sem trabalho, nada seríamos. O trabalho é sagrado. Trair esse princípio seria trair a nossa história e trair a nós mesmos. Entretanto, ainda que de forma involuntária, sentimos como se fora isso que fizemos", admite.
A empresa pede desculpas aos trabalhadores e à sociedade. "Gostaríamos de apresentar nossas mais sinceras desculpas aos trabalhadores vitimados pela situação. Ninguém mais do que eles trazem, nos ombros curados pelo Sol, o peso de uma prática intolerável, ontem, hoje e sempre... Em seguida, sentimo-nos obrigados a estender essas desculpas ao povo brasileiro como um todo, não apenas como discurso, mas como prática."
A Aurora promete rever práticas para que "um episódio indesculpável como esse não venha a se repetir". A vinícola informa que trabalha num programa robusto que deve implementar mudanças substanciais nas dinâmicas da empresa. De acordo com a empresa, essas mudanças devem qualificar a relação com todos os parceiros e também nas práticas e políticas internas. No entanto, não detalha quais medidas serão adotadas.
Além da Vinícola Aurora, a Salton e a Garibaldi usavam os serviços dos trabalhadores terceirizados encontrados em situação análoga à escravidão. Todas as empresas já haviam se manifestado em notas públicas anteriormente.
Ministério Público do Trabalho teve audiência com vinícolas
Nesta semana, o Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul realizou audiência com as três vinícolas. Foi relatada a situação do caso, apresentado o que foi apurado nas investigações e requisitadas informações sobre os contratos mantidos entre as três empresas e a Fênix Serviços de Apoio Administrativo, responsável pela contratação dos trabalhadores. As três empresas manifestaram o desejo de colaborar para o aperfeiçoamento da fiscalização da cadeia produtiva e de negociar um compromisso com esse objetivo.
O MPT requisitou às três empresas documentos contratuais e financeiros, como contratos de prestação de serviços, atos constitutivos, notas fiscais, informações sobre fiscalização dos contratos, entre outros, a fim de dimensionar a medida da responsabilidade de cada uma. Foi dado às empresas 10 dias para apresentar a documentação requisitada.
Com análise desse material, será apresentada proposta do MPT às vinícolas incluindo obrigações de fazer e de pagar indenização a título de danos morais coletivos, com o objetivo de prevenir novos casos e reparar o dano coletivo já causado.
Relembre o caso
Na noite do dia 22 de fevereiro, uma operação conjunta entre Polícia Rodoviária Federal, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e MPT-RS resgatou mais de 200 pessoas alojadas em condições impróprias em uma pousada em Bento Gonçalves. Segundo denúncias realizadas por um grupo de seis trabalhadores que havia conseguido fugir e denunciar o caso, o local era alojamento para uma força de trabalho atraída para a colheita da uva.
No momento da contratação, os trabalhadores recebiam a promessa de que seriam custeados alimentação, hospedagem e transporte, mas, chegando ao Rio Grande do Sul, os trabalhadores tiveram que pagar pelo alojamento, já começando em dívida. O local de alojamento também apresentava péssimas condições e os resgatados, a grande maioria oriunda da Bahia, relataram ameaças e intimidações.
Uma das três vinícolas que contrataram o serviço da Fênix Prestação de Serviços, empresa terceirizada que manteve mais de 200 trabalhadores em situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves, na Serra gaúcha, publicou carta aberta à sociedade brasileira, na qual promete "mudanças substanciais" após o episódio.
No documento, a Vinícola Aurora relembra a trajetória da empresa e diz sentir vergonha do fato. "Os recentes acontecimentos envolvendo nossa relação com a empresa Fênix nos envergonham profundamente. Envergonham e enfurecem. Aprendemos com aqueles que vieram antes que, sem trabalho, nada seríamos. O trabalho é sagrado. Trair esse princípio seria trair a nossa história e trair a nós mesmos. Entretanto, ainda que de forma involuntária, sentimos como se fora isso que fizemos", admite.
A empresa pede desculpas aos trabalhadores e à sociedade. "Gostaríamos de apresentar nossas mais sinceras desculpas aos trabalhadores vitimados pela situação. Ninguém mais do que eles trazem, nos ombros curados pelo Sol, o peso de uma prática intolerável, ontem, hoje e sempre... Em seguida, sentimo-nos obrigados a estender essas desculpas ao povo brasileiro como um todo, não apenas como discurso, mas como prática."
A Aurora promete rever práticas para que "um episódio indesculpável como esse não venha a se repetir". A vinícola informa que trabalha num programa robusto que deve implementar mudanças substanciais nas dinâmicas da empresa. De acordo com a empresa, essas mudanças devem qualificar a relação com todos os parceiros e também nas práticas e políticas internas. No entanto, não detalha quais medidas serão adotadas.
Além da Vinícola Aurora, a Salton e a Garibaldi usavam os serviços dos trabalhadores terceirizados encontrados em situação análoga à escravidão. Todas as empresas já haviam se manifestado em notas públicas anteriormente.
Ministério Público do Trabalho teve audiência com vinícolas
Nesta semana, o Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul realizou audiência com as três vinícolas. Foi relatada a situação do caso, apresentado o que foi apurado nas investigações e requisitadas informações sobre os contratos mantidos entre as três empresas e a Fênix Serviços de Apoio Administrativo, responsável pela contratação dos trabalhadores. As três empresas manifestaram o desejo de colaborar para o aperfeiçoamento da fiscalização da cadeia produtiva e de negociar um compromisso com esse objetivo.
O MPT requisitou às três empresas documentos contratuais e financeiros, como contratos de prestação de serviços, atos constitutivos, notas fiscais, informações sobre fiscalização dos contratos, entre outros, a fim de dimensionar a medida da responsabilidade de cada uma. Foi dado às empresas 10 dias para apresentar a documentação requisitada.
Com análise desse material, será apresentada proposta do MPT às vinícolas incluindo obrigações de fazer e de pagar indenização a título de danos morais coletivos, com o objetivo de prevenir novos casos e reparar o dano coletivo já causado.
Relembre o caso
Na noite do dia 22 de fevereiro, uma operação conjunta entre Polícia Rodoviária Federal, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e MPT-RS resgatou mais de 200 pessoas alojadas em condições impróprias em uma pousada em Bento Gonçalves. Segundo denúncias realizadas por um grupo de seis trabalhadores que havia conseguido fugir e denunciar o caso, o local era alojamento para uma força de trabalho atraída para a colheita da uva.
No momento da contratação, os trabalhadores recebiam a promessa de que seriam custeados alimentação, hospedagem e transporte, mas, chegando ao Rio Grande do Sul, os trabalhadores tiveram que pagar pelo alojamento, já começando em dívida. O local de alojamento também apresentava péssimas condições e os resgatados, a grande maioria oriunda da Bahia, relataram ameaças e intimidações.
No documento, a Vinícola Aurora relembra a trajetória da empresa e diz sentir vergonha do fato. "Os recentes acontecimentos envolvendo nossa relação com a empresa Fênix nos envergonham profundamente. Envergonham e enfurecem. Aprendemos com aqueles que vieram antes que, sem trabalho, nada seríamos. O trabalho é sagrado. Trair esse princípio seria trair a nossa história e trair a nós mesmos. Entretanto, ainda que de forma involuntária, sentimos como se fora isso que fizemos", admite.