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INVESTIGAÇÃO NO VALE DO SINOS

VÍDEO: "Não iremos aceitar casos assim", diz dono de lanchonete após mensagem de cliente com teor racista vir a público

Dono de um empresa de lanches de Sapiranga publicou o vídeo após saber que a franquia Hora Do Pastel havia sido alvo de uma mensagem ofensiva

Kassiane Michel
Publicado em: 16/11/2023 às 14h:43
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O caso de racismo registrado em uma lanchonete em Campo Bom, no Vale do Sinos, gerou repercussões, principalmente nas redes sociais. Uma delas foi um vídeo gravado pelo empresário Lucas Oliveira, da Chicken In Box, de Sapiranga. 

“Casos como esse, na região, não são novidade e nós nos posicionamos a dizer que não iremos aceitar casos assim também na Chicken In Box”, afirma Oliveira em um vídeo publicado no Instagram. A postagem já tinha passado de 14 mil visualizações na tarde desta quinta-feira (16).

Na legenda do post, ele destaca que a empresa existe há cinco anos. “Já aceitamos calados coisas parecidas, na ânsia de conquistar nosso espaço no mercado. Porém, não vamos mais aceitar.”

A franquia Hora Do Pastel que recebeu a mensagem com teor racista é do casal Daniela Rodrigues e Gabriel Fernandes da Cunha. A proprietária concorda com a publicação de Oliveira. “É muito importante que todo mundo se manifeste e que ninguém aceite.” 

“Têm muitas pessoas atrás de nós, de vários sites, de vários jornais. Não só que do Rio Grande do Sul, em nível nacional mesmo, e a gente tá falando porque é para inibir quem pensa em fazer isso de novo. Para essa pessoa ou essas pessoas entenderem que mesmo que seja um perfil falso, tem como descobrir quem é”, afirma Daniela. 

Veja o vídeo

 

“Não gosto de pessoas assim encostando na minha comida”, disse cliente

Na noite de terça-feira (14), os donos se surpreenderam ao receber uma observação ofensiva em um pedido. O caso foi registrado na Polícia Civil, que investiga o crime.

“Última vez veio um motoboy negro. Peço a gentileza que mande um branco. Não gosto de pessoas assim encostando na minha comida”, disse a cliente. Minutos após ter feito o pedido através de um aplicativo, ela chamou o restaurante através do chat on-line e enviou a mesma mensagem.

"Não gosto de pessoas assim encostando na minha comida": Polícia investiga crime de racismo em pedido de lanche | Jornal NH



“Não gosto de pessoas assim encostando na minha comida”: Polícia investiga crime de racismo em pedido de lanche

Foto: Arquivo pessoal

A proprietária relata que é ela mesma que recebe as encomendas e responde aos clientes. “Eu disse para ela que o pedido dela seria cancelado imediatamente, que não gostaríamos que ela comprasse mais conosco e que ela era racista.”

"Não gosto de pessoas assim encostando na minha comida": Polícia investiga crime de racismo em pedido de lanche | Jornal NH



“Não gosto de pessoas assim encostando na minha comida”: Polícia investiga crime de racismo em pedido de lanche

Foto: Arquivo pessoal

Segundo Daniela, seu marido costuma fazer entregas quando a demanda é muito alta. Assim, ela acredita que ele já tenha feito uma entrega para essa pessoa.

A empresária diz, ainda, que ligou para o condomínio de onde o pedido veio, mas que o síndico afirmou que não havia nenhuma moradora com aquele nome no residencial, nem mesmo o número do apartamento é real. “Esse endereço é um endereço falso. O condomínio existe, mas o número do apartamento não existe. Não tem nenhuma moradora com esse nome.”

“Não passará impune”, diz franquia

A franquia se manifestou através de um story no Instagram, onde diz que: “repudia veementemente os comentários racistas proferidos imotivadamente, em atitude criminosa”. “Tamanha agressão não passará impune”, acrescenta. 

Franquia se pronuncia após mensagem de cliente com teor racista em pedido de lanche | Jornal NH



Franquia se pronuncia após mensagem de cliente com teor racista em pedido de lanche

Foto: Reprodução/Instagram

iFood diz que cliente criou a conta no mesmo dia

Segundo o iFood, que se pronunciou através de nota nesta quinta-feira (16), a “cliente em questão criou uma conta no nosso app na data de 14/11/2023, realizando esse único pedido”. Ou seja, a conta foi criada no mesmo dia em que o crime foi cometido. 

“O iFood repudia veementemente qualquer atitude racista, seja ela física ou verbal. Assim que tomamos conhecimento do caso ocorrido na cidade Campo Bom, identificamos que o cliente em questão criou uma conta no nosso app na data de 14/11/2023, realizando esse único pedido.

Além disso, buscamos contato com os donos do restaurante para prestar o apoio necessário. Já estamos tomando as providências para o bloqueio do cliente e seguimos à disposição das autoridades para quaisquer informações necessárias. É importante ressaltar que esse tipo de comportamento fere totalmente os termos de uso da plataforma e que não toleramos nenhum tipo de discriminação.

Toda vez que um entregador ou restaurante parceiro identifica um pedido com dados errados ou comportamentos discriminatórios, a orientação é informar diretamente a plataforma sobre o ocorrido, para que possamos tomar as providências imediatamente.

Nesses casos, de violências física e verbais, os entregadores parceiros do iFood contam com o suporte da Central de Apoio Jurídico e Psicológico, serviço em parceria com a organização global de advogadas negras, Black Sisters In Law, que disponibiliza uma advogada para acompanhar o caso de maneira personalizada e humanizada. Para ter acesso, os profissionais precisam acessar a área de Alerta de Casos Graves, dentro do app iFood para Entregadores, e realizar a denúncia com todas as informações do caso.”

Polícia busca identificar cliente

O delegado Rodrigo Câmara explica que o caso é investigado, mas que a suposta cliente ainda não foi identificada. O delegado busca esclarecer qual foi a motivação do crime. “Se a intenção foi ofender alguém especificamente, vai responder pelo crime de injúria racial. Por outro lado, se a intenção foi discriminar um grupo de pessoas em razão da cor da pele, então deve responder por um dos tipos penais de racismo.”

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