TRABALHO ANÁLOGO À ESCRAVIDÃO

Vídeo mostra condições dos alojamentos onde ficavam trabalhadores resgatados na Serra gaúcha

PRF também divulgou áudio em que vítima relata situações as quais era submetida. Nesta quinta-feira, trabalhadores foram levados para o Ginásio Municipal Darcy Pozza, em Bento Gonçalves

Publicado em: 23/02/2023 22:37
Última atualização: 25/01/2024 09:15

Em ação conjunta da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Polícia Federal (PF), cerca de 200 trabalhadores foram resgatados de situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves, na Serra gaúcha, na noite da última quarta-feira (22). Além de jornadas exaustivas, as vítimas relataram aos órgãos que recebiam comida imprópria para consumo, eram mantidas vinculadas ao trabalho por supostas “dívidas” contraídas com o empregador e viviam em ambiente insalubre.

A PRF divulgou imagens de como era o local onde os trabalhadores foram alojados e mantidos contra a vontade, além do áudio de uma das vítimas que conta a forma como era tratada pelos empregadores e situações as quais era submetida (confira vídeo e áudio abaixo na reportagem).

Cerca de 200 trabalhadores foram encontrados em condições análogas à escravidão em empresa da Serra gaúcha Foto: PRF

Investigação

Para a reportagem, o MTE informou que cada um dos trabalhadores está sendo entrevistado para "verificar o que acontecerá com cada caso, se vão ou não ser resgatados e indenizados em seus direitos trabalhistas, quais empresas estão envolvidas e como serão responsabilizadas". O órgão não confirmou o nome das instituições que teriam relação com o caso.

Nesta quinta-feira (23), os trabalhadores foram levados para o Ginásio Municipal Darcy Pozza, em Bento Gonçalves. De acordo com a PRF, eles devem permanecer no local até que o MTE faça a contagem de todas as vítimas e repasse ao empregador, que deverá providenciar o transporte de todas para o estado de origem.

Trabalhadores foram levados para o Ginásio Municipal Darcy Pozza, em Bento Gonçalves Foto: PRF
O caso

A ação de resgate ocorreu após a denúncia de três trabalhadores que conseguiram fugir na terça-feira (21). A maioria das vítimas foram trazidas da Bahia para o Rio Grande do Sul no final de janeiro deste ano, com o intuito que atuassem na colheita de uva e no abate de frangos, conforme o MTE. O gerente regional do Trabalho e Emprego em Caxias do Sul, Vanius João de Araújo Corte, explica que "a pessoa que trazia eles, distribuía eles por diversos produtores, que precisavam dessa mão de obra".

O homem suspeito de ter mantido os trabalhadores nessas condições havia sido preso durante a operação, mas foi solto após pagar fiança de 30 salários mínimos, correspondente a R$ 39.060. Ele tem 45 anos e é natural de Valente, na Bahia.

Vítima relata situações pelas quais passava

Condições do local onde vítimas estavam alojadas


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