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AMEAÇA DE CONFLITO

VÍDEO EXCLUSIVO: Encapuzados picham casa de líder de facção em Novo Hamburgo

Assessor do governo do Estado, que também é líder da torcida Geral do Grêmio, foi preso com arma e munições na frente da residência

Publicado em: 04/06/2023 às 18h:09 Última atualização: 15/08/2024 às 15h:41
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A pichação que alertou a segurança pública para uma nova guerra do tráfico no Vale do Sinos, como a matança desencadeada em agosto do ano passado, ainda não está esclarecida. Escreveram “V7” – nome de facção de Porto Alegre – no portão da casa de um líder do grupo rival Os Manos, no bairro Roselândia, em Novo Hamburgo, na madrugada do último dia 26.

Poucas horas depois, um assessor do governo do Estado e líder da torcida Geral do Grêmio foi preso com arma e munições na frente da residência, conforme revelado pela reportagem, que teve acesso às imagens.

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Foto: Reprodução

A provocação é flagrada por duas câmeras. Elas mostram quando dois encapuzados descem de um carro de modelo não identificado, por volta de 0h40, e caminham até a propriedade do traficante, que está preso. Verificam a fachada, para ter certeza que é o alvo, e o homem que está com a tinta na mão apaga uma luminária.

O comparsa liga a lanterna do celular e grava a aplicação do spray no portão da garagem. A dupla vai tranquilamente embora.

Veja o vídeo

Seguranças

Avisado do “carimbo” dos V7 na casa da família, o líder dos Manos teria contratado dois seguranças para proteger a propriedade. A Brigada Militar, acionada pela possibilidade de conflito na área, abordou dois suspeitos na frente da residência às 22h15 do mesmo dia. Um deles é Rodrigo Furtado Pedroso, 42 anos, cargo em comissão (CC) na Casa Civil e líder de torcida organizada.

Conforme a Brigada Militar, o servidor público estava com uma pistola turca calibre 9 milímetros e mais de 40 munições. Pagou fiança de dois salários mínimos e foi solto. Outro preso, morador da Roselândia, portava uma pistola calibre 380 e 32 munições. Ganhou liberdade no dia seguinte em audiência de custódia.

“Não faz sentido essa suspeita”, diz advogada

A advogada de Pedroso afirma que ele não estava armado e que não faz sentido a suspeita de que fazia vigilância para o chefe do tráfico. “Ele é meu marido. Foi junto comigo para minha proteção, pois eu estava indo atrás das imagens. É meu trabalho. Não faz sentido essa suspeita de segurança, pois mora e trabalha em Porto Alegre.”

A criminalista estava junto. “Na hora da abordagem, eu estava na frente da residência pichada. Meu carro estava ali estacionado.” Segundo ela, a pistola foi encontrada pelos policiais no mato e atribuída indevidamente ao marido. Já o outro preso, conforme admite, estava armado. “Andava com arma pelas redondezas porque achou que os V7 (facção de Porto Alegre inimiga dos Manos) estavam rondando lá.”

A Casa Civil ficou sabendo do fato pela reportagem, na noite da última quinta-feira (1º). No fim da tarde de sexta, Pedroso pediu demissão e foi exonerado do Palácio Piratini.

Quadrilha da capital nega declaração de guerra

A reportagem também teve acesso à posição dos V7 sobre a pichação. O grupo criminoso da capital nega envolvimento. Alega que não tem interesse, no momento, em provocar Os Manos. As duas facções travaram sangrenta guerra por pontos de tráfico no ano passado, com mortes e decapitações no eixo Porto Alegre—Vale do Sinos.

O ápice foi em agosto do ano passado, com seis executados e pelo menos oito baleados em três dias no bairro Canudos, em Novo Hamburgo. Um dos sobreviventes é um inspetor da Polícia Civil que levou dois tiros quando apurava o tráfico na área. Um pivô dos conflitos seria justamente o traficante que agora teve a casa pichada na Roselândia.

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