Quando o voo CM820 da Copa Airlines levantou voo de Porto Alegre para a Cidade do Panamá no início da madrugada desta quinta-feira (19), foi um marco tanto para o Rio Grande do Sul quanto para a família Fabian Santarossa.
Para o Estado, a decolagem do Boeing 737 Max 9 da Copa virou mais um símbolo da retomada após a enchente de maio, que fechou o Aeroporto Internacional Salgado Filho por cinco meses e meio e suspendeu os voos internacionais por sete meses e meio. Era a primeira partida rumo ao exterior após a reabertura do aeroporto.
Para a hamburguense Joseane Fabian Santarossa, de 37 anos, e o marido Gabriele Santarossa, de 36, a viagem também foi especial: casados e colegas de profissão, os pilotos tiveram a responsabilidade de conduzir os 170 passageiros do voo até o Panamá. Quem estava no comando era Joseane, ex-aluna do Colégio Santa Catarina que começou na aviação como comissária de bordo.
A última vez que Joseane trabalhou no voo Porto Alegre-Panamá foi um dia antes do alagamento do aeroporto. “Fiz o último voo de Porto Alegre para o Panamá antes da enchente e agora o primeiro”, salienta a piloto Joseane, destacando que o voo Panamá-Porto Alegre desta quarta-feira também foi trazido por dois gaúchos. “Presente de Natal”, brincou.
No voo desta madrugada o casal estava acompanhado do filho Eric, de 4 anos. “A primeira vez que ele voa comigo”, contou a mãe. Embora o casal viva há dez anos na Cidade do Panamá por conta do trabalho, Eric nasceu em Porto Alegre bem na época da pandemia. “É gaúcho de Porto Alegre”, orgulha-se Joseane.
“A gente fica até com lágrimas nos olhos de poder fazer parte dessa história, de estar juntos e levar de novo o povo gaúcho, conectando o Estado com todas as Américas”.
Joseane iniciou a carreira como comissária de bordo. Mas a paixão pela aviação veio antes, quando fez sua primeira viagem internacional. O destino era a Nova Zelândia e, o objetivo, estudar inglês. “Ali comecei a ver e me encantar com o mundo da aviação”, recorda.
De volta ao Rio Grande do Sul, ela topou o desafio de uma amiga e se matriculou no curso de comissária. Recém-formada, logo conseguiu ingressar na Etihad, uma das maiores companhias do mundo. Mas Joseane queria ir além e, para isso, voltou ao Estado para fazer o curso de piloto.
Foi em Eldorado do Sul que ela aprendeu a pilotar, foi instrutora e conheceu o marido Gabriele Santarossa. Nascido no Rio de Janeiro mas radicado no Rio Grande do Sul, ele fez seus primeiros pousos no Aeroclube de Novo Hamburgo, quando ainda estava se formando como piloto.
Já formados e habilitados, mudaram para o Panamá. Primeiro Gabriele foi contratado pela Copa e, logo depois, Joseane. Na pandemia veio a gravidez e o desafio de ficar sem emprego, afinal a aviação praticamente parou naquele período. “Voltei para o Brasil em um voo humanitário”, lembra ela.
Passado o momento mais agudo da pandemia, veio a retomada da aviação e o casal foi recontratado. “Hoje em dia eu piloto para diferentes destinos nas Américas, especialmente as grandes cidades dos Estados Unidos”, orgulha-se Joseane, que estava com saudade de trabalhar em Porto Alegre. Na verdade ela não vinha ao Rio Grande do Sul desde aquele voo do início de maio.
“Quando soube do alagamento no aeroporto quase não acreditei. Pensei que seria um problema de dois ou três dias, mas durou muito mais do que isso”, sublinha, dizendo que ajudou a arrecadar donativos no Panamá e despachar para o Rio Grande do Sul. “Felizmente voltamos à rotina e aqui estamos”, conclui a piloto, que aproveitou a escala para visitar a família e amigos em Novo Hamburgo e Porto Alegre.
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